Paracoccidioidomicose: fatores prognósticos associados à evolução da doença e ao abandono do tratamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Costa, Regina Lana Braga
Orientador(a): Valle, Antonio Carlos Francesconi do, Rolla, Valeria Cavalcanti
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28522
Resumo: A PCM é a micose sistêmica mais frequente na América Latina. Ocorrem complicações graves, frequentes co-morbidades e seqüelas raramente reversíveis. Os esquemas de tratamento disponíveis são prolongados e existe alta taxa de abandono de tratamento e perda de seguimento pós-terapêutico. Esta tese constitui-se em três artigos, gerados a partir de um estudo de coorte retrospectivo conduzido no IPEC, que incluiu pacientes com início de tratamento entre janeiro de 1987 e dezembro de 2004, submetidos a um protocolo uniformizado de investigação clínica e abordagem terapêutica. Através de um modelo logístico aplicado aos pacientes que completaram o primeiro tratamento preconizado pelo IPEC, foram evidenciados, no primeiro estudo, fatores preditores da evolução (favorável/desfavorável). O mesmo modelo foi aplicado ao segundo estudo que verificou os fatores associados ao abandono do tratamento. Para o terceiro estudo foi verificada a resposta linfoproliferativa in vitro de pacientes antes e após o tratamento com itraconazol O estudo incluiu 436 pacientes, 392 com a forma crônica do adulto (FCA) e 44 com a forma juvenil (FJ). As co-morbidades mais frequentes foram o tabagismo (90,2%), o etilismo (66,9%), a estrongiloidíase (42,3%), a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC \2013 20,3%) e a tuberculose (12,7%). No modelo logístico do primeiro estudo (N=213) foi verificado que os pacientes com FCA apresentaram 63,9 vezes mais chances de terem uma evolução favorável (cura) do que os com forma juvenil; os pacientes sem estrongiloidíase apresentaram 64.53 vezes mais chances de terem uma evolução favorável do que os parasitados; pacientes que fizeram tratamento regular tiveram 39 vezes mais chances de evoluírem para cura. Quanto aos fatores implicados no abandono do tratamento, segundo estudo, pacientes etilistas moderados apresentaram 98% mais chance (OR=1.98) do que não etilistas de interromper a terapia. A taxa de abandono foi de 43,5% e os pacientes tratados com itraconazol mostraram 51% menos chance de descontinuar o tratamento do que os que utilizaram outras drogas O terceiro estudo incluiu 20 pacientes, todos tabagistas, e 60% com desnutrição uma disfunção na produção de IL2, em resposta a estímulo com Concavalina A (mas não à PMA+Ionomicina), antes do tratamento com itraconazol. Após o tratamento, houve uma reversão da disfunção imune além de um aumento na proporção de células produtoras de \03B3-interferon/IL4, sugerindo que um possível mecanismo para a evolução da infecção latente pelo P. brasiliensis para doença ativa seja uma imunodeficiência secundária aos efeitos combinados de tabagismo, alcoolismo e desnutrição na imunidade celular do paciente com a FCA da PCM. Uma abordagem clínica e terapêutica adequada para os pacientes com PCM deve incluir o reconhecimento precoce e tratamento das co-morbidades, conferindo destaque à estrongiloidíase e ao etilismo, além de atenção diferenciada aos pacientes com a FJ e vigilância constante e multidisciplinar da regularidade do tratamento.