Comparação de dois métodos para avaliação de resistência a inseticidas usados para Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi pelo Programa de Controle de Malária do município de Cruzeiro do Sul - Acre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Souza, Thayna Maria Holanda de
Orientador(a): Rodovalho, Cynara de Melo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39509
Resumo: A malária é um grave problema de saúde pública e, até o momento, no Brasil, não há dados sobre resistência, nem tampouco uma rede de monitoramento da resistência de anofelinos a inseticidas utilizados pelos programas de controle da malária. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza dois métodos para detecção de resistência a inseticidas: o método OMS de tubos com papéis impregnados com inseticidas e o método de garrafas impregnadas, originalmente desenvolvido pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Sendo assim, esse projeto teve como objetivo a comparação desses dois métodos para avaliação de populações de anofelinos do norte do Brasil, quanto ao status de resistência a dois inseticidas da classe dos piretroides (etofenprox e alfacipermetrina), usados pelos programas de controle. O estudo foi desenvolvido inicialmente em laboratório, onde foram realizados bioensaios para calibração de doses diagnósticas para garrafas impregnadas com a utilização de Anopheles aquasalis, mantida em laboratório há mais de 20 anos e usada como linhagem padrão de comparação. Nesse estudo foi considerada como dose diagnóstica, nos testes de garrafas impregnadas, a menor concentração de inseticida capaz de causar efeito knockdown em mais de 99 % das fêmeas expostas por 30 minutos e taxa de mortalidade superior a 99 % após 24 horas de recuperação. Para etofenprox, foi determinada a dose diagnóstica de 20,0 \03BCg/garrafa, enquanto para alfacipermetrina, a dose encontrada foi de 20,5 \03BCg/garrafa Para os ensaios com tubos com papéis impregnados foram utilizadas as doses recomendadas pela OMS, que equivalem ao dobro da concentração de inseticida capaz de matar >99 % das fêmeas da linhagem de referência (0,5 % para etofenprox e 0,05 % para alfacipermetrina). As atividades de campo foram desenvolvidas em Cruzeiro do Sul (AC), onde 1.120 fêmeas de Anopheles darlingi, coletadas em três pontos do município em dias diferentes, foram levadas para o laboratório de entomologia do município e submetidas a bioensaios qualitativos, utilizando as doses de inseticidas determinadas nos ensaios de calibração e recomendadas pela OMS. A partir dos resultados obtidos, para ensaios de garrafa sugere-se alteração do critério de leitura de mortalidade no tempo diagnóstico de 30 minutos, para leitura após 24 horas de recuperação na ausência de inseticida, devido ao efeito knockdown. Com alteração desse critério de leitura, os anofelinos testados apresentaram resistência aos inseticidas avaliados em ambos os métodos. Ao comparar o uso de garrafas e papéis impregnados em laboratório e no campo, verificou-se que os dois métodos são eficazes para detecção da resistência a inseticidas, além de serem facilmente aplicados a diferentes espécies de Anopheles, permitindo a obtenção de resultados semelhantes para a mesma população. Estamos cientes das limitações desse estudo no que se refere à utilização de uma espécie de anofelino, para estabelecer a dose diagnóstica, diferente da testada em campo e à inexistência de uma linhagem de referência para as espécies vetoras do Brasil. Vale ressaltar que as duas metodologias apresentam vantagens e desvantagens quanto à infraestrutura, capacidade técnica, recursos humanos e financeiros necessários. Assim, a escolha do método a ser utilizado deve considerar as especificidades dos estados e municípios que executarão os bioensaios de detecção da resistência.