Doença, sangue e raça: o caso da anemia falciforme no Brasil, 1933-1949

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Cavalcanti, Juliana Manzoni
Orientador(a): Maio, Marcos Chor
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/6130
Resumo: Este trabalho analisa os estudos médicos brasileiros sobre a anemia falciforme publicados nas décadas de 1930 e 1940. Esta dissertação orienta-se pela compreensão da relação entre sangue, doença e raça no pensamento médico brasileiro dos anos de 1930 e 1940, quando a anemia falciforme era considerada uma enfermidade que se observava principalmente, pela presença de hemácias falciformes no sangue e por uma variedade de sintomas clínicos, sobretudo pela anemia. Como a freqüência desta doença era maior nos negros do que nos brancos, a anemia falciforme era qualificada geralmente como uma “doença racial”. Iniciamos com a descrição dos conhecimentos médicos produzidos por estudos norte-americanos, que nortearam as investigações realizadas sobre a doença no Brasil. Em seguida, analisamos as primeiras publicações brasileiras sobre a anemia falciforme que surgiram, na década de 1930, a partir de um grupo de pediatras da então Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro, que se preocupava em diferenciar as variadas causas que levavam à uma anemia. Em 1940, asmetodologias de pesquisa sobre a doença foram diversificadas sendo direcionadas à investigação de sua associação com a “raça negra”, a partir de estudos sobre sua freqüência no Brasil. A classificação como “doença peculiar à raça negra” traduziu-se em uma investigação acerca dos diferentes grupos étnicos e raciais do Brasil que privilegiava a análise da miscigenação entre eles. A anemia falciforme foi percebida por médicos brasileiros das décadas de 1930 e 1940, como uma doença que no Brasil assumia contornos específicos em função da miscigenação racial.