Como fazer coisas com as laranjas e com as palavras: atos de fala, hiper-realidades e liquefações identitárias em Bromatologia e Saúde Pública

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Carvalho, Luiz Eduardo Rodrigues de
Orientador(a): Uribe Rivera , Francisco Javier
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24824
Resumo: Políticas públicas e medidas governamentais, nos campos da Alimentação e Nutrição,da Promoção da Saúde e da Vigilância Sanitária têm focado na regulamentação da propaganda e da rotulagem de alimentos. Identidades - e então rotulagem - é o tema desta pesquisa que toma, como recorte, o universo dos sucos e bebidas e, como sub-recorte, bebidas associadas com laranja. De um lado, se descreve coisas que vêm sendo feitas com essas laranjas e, de outro lado, as coisas que vêm sendo feitas com as palavras nos rótulos, na propagandas e nos atos regulatórios oficiais sobre bebidas de laranjas. Para a indagação As coisas que fazemos com as palavras têm acaso obtido algum sucesso para descrever ou regular as coisas que temos feito com as laranjas e com as palavras sobre laranjas?, assume-se como hipótese que Há um excesso, uma saturação, de palavras, números e imagens nos rótulos exacerbando o clima de hiper-realidades que ocultam a realidade, de tal forma que não apenas as bebidas são simulacros, mas também simulacros terminam sendo as narrativas e os atos regulatórios sobre elas, muito também para isso contribuindo a liquefação de identidades,obstando a formulação e o sucesso de políticas públicas de saúde, se não temos uma delimitação, uma designação e uma descrição nítida do fenômeno e do objeto. Uma profundador Estudo de Caso, sobre uma tradicional marca de suco concentrado congelado,com um segundo e alargado Estudo de Caso descrevendo como os mesmos fenômenos se apresentam em dezenas de outras marcas de bebidas, apontam, detalhadamente, documentadamente, a ocorrência da liquefação das identidades e as hiper-realidades que dificultam ou inviabilizam, na modernidade, as ações voltadas para regulamentar ou exigir rotulagens minimamente razoáveis. Expondo dezenas de exemplos de falácias e pós-verdades nos rótulos dessas bebidas, os achados desconstroem algumas explicações simplórias, da maniqueísta matriz do nós contra eles - onde bastariam pequenas ajustes na legislação, com maior intensidade e rigor na fiscalização, que então a população já passaria, automaticamente, a ter acesso a suco de laranja puro e de alta qualidade - como se o fator determinante não fosse a baixa renda dos consumidores, que bebem néctar e refrigerantes enquanto o Brasil é o maior exportador mundial de suco. Os achados da pesquisa, essas evidências empíricas, são analisados à luz das contribuições teóricas de Jean Baudrillard e Zygmunt Bauman para oferecer, como conclusão, o caminho do Agir Comunicativo de Habermas onde, com base nos saberes e na razão das ciências de alimentos e com base na ética, os rótulos poderiam ser o meio de entendimento entre quem fabrica e quem consome.