Digestão de microrganismos em larvas de Aedes aegypti: aspectos fisiológicos e moleculares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Souza, Raquel Santos
Orientador(a): Genta, Fernando Ariel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30245
Resumo: Aedes aegypti é o vetor dos vírus dengue, zica, chikungunya e febre amarela urbana. Atualmente estima-se que 3,6 bilhões de pessoas vivam em áreas com risco de transmissão do vírus dengue. Estudos sobre a biologia das larvas de mosquito ainda são escassos, por essa razão larvas de Ae.aegypti foram utilizadas como modelo experimental nesse trabalho. O genoma de Ae.aegypti possui seis genes codificantes para GHF16, esses genes parecem estar envolvidos na digestão e na imunidade das larvas. Larvas de Ae.aegypti são capazes de ingerir e se desenvolver em uma dieta contendo apenas células de leveduras, essas células são lisadas por beta-1,3-glucanases. Para entender melhor os hábitos nutricionais das larvas, que são consideradas detritívoras e pouco seletivas em sua dieta, alimentamos larvas de Ae.aegypti com diversas classes de microrganismos. Leveduras (Saccharomyces cerevisiae e Pseudozyma sp.), bactérias (Serratia marcescens, Escherichia coli, Bacillus sp., Asaia sp., Ochrobactrum sp. e Staphylococcus aureus) e microalgas (Chlorella sp. e Arthrospira platensis) foram testadas como fonte alimentar e parâmetros fisiológicos como tempo de desenvolvimento das larvas, taxas de pupação, metamorfose, emergência e mortalidade dos adultos foram observados. Larvas alimentadas com leveduras parecem se desenvolver melhor e apresentam curvas de sobrevivência próximas ao da dieta padrão Tetramin®. Apesar das dietas contendo bactérias e microalgas apresentarem um desenvolvimento tardio, larvas de Ae.aegypti conseguem se estabelecer até a fase adulta A análise morfométrica alar dos adultos, indicou que larvas alimentadas com diferentes microrganismos produzem mosquitos menores e com variações na forma das asas quando comparados ao controle. As quantificações dos valores nutricionais apresentaram um perfil variado e indicaram que dietas contendo microalgas e leveduras possuem uma quantidade maior de proteínas e açúcares totais comparada à dieta com bactérias, o que pode interferir no tempo de desenvolvimento dos insetos. Insetos alimentados com leveduras também possuem reserva energética (proteínas, carboidratos, glicogênio e lipídios) maior que os insetos alimentados com bactérias e microalgas. Além de aspectos bioquímicos e fisiológicos, uma análise global dos diferentes compartimentos intestinais das larvas de Ae.aegypti foi realizada através de pirosequenciamento. O intestino de larvas L4 foi fragmentado em intestino médio anterior, médio posterior, posterior, intestino completo e intestino sem os cecos gástricos. A análise dos transcritos mais abundantes varia em cada compartimento intestinal. Foi possível confirmar e descrever a compartimentalização do processo digestivo em larvas de Ae.aegypti com uma técnica alternativa. Pesquisas sobre nutrição larval propiciam a aquisição de valiosas informações sobre criação laboratorial especializada, impulsionam investigações de potenciais larvicidas e fornecem conhecimento sobre a quantidade e a qualidade do alimento ingerido pelas larvas e como isso afeta seu desenvolvimento geral.