Estudo ultrassonográfico da dinâmica da gordura dos compartimentos corporais em pacientes com aids em tratamento antiretroviral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Signorini, Dario José Hart Pontes
Orientador(a): Codeço, Cláudia Torres
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23036
Resumo: Entre as complicações metabólicas e morfológicas da terapia de supressão do HIV estão a distribuição anormal de gordura (lipodistrofia ou LD-HIV), dislipidemia, resistência à insulina e síndrome metabólica. Estas complicações aumentam o risco de doençascardiovasculares e favorecem o desenvolvimento de diabetes melito que podem efetivamente aumentar as taxas de morbimortalidade na população infectada pelo HIV. Este estudo visa avaliar o uso de ultrassonografia como um método barato e acessível para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes em risco de LD-HIV.Os resultados estão apresentados na forma de três artigos científicos. No primeiro artigo, avaliamos a associação entre LD-HIV diagnosticada através de protocolo clínico (baseado em questionário) e as medidas ultrassonográficas dos quatro compartimentos de gordura corporal (CCG): face, braço, abdominal subcutâneo (compartimentosperiférico) e o compartimento visceral. Como resultado, uma probabilidade predita de 0,64 foi estimada, correspondendo a uma sensibilidade e especificidade de, respectivamente, 69,1 por cento e 94,9 por cento, e um Kappa de 65 por cento. Apesar da boa capacidade preditiva, a baixa sensibilidade da ultrasssonografia limita seu uso na rotina clínica como um método de uso exclusivo, recomendando, entretanto, o seu uso em combinação com a avaliação clínica. No segundo trabalho, foram analisadas as diferenças na quantidade de gordura no CCGs, utilizando o método ultrassonográfico, entre os pacientes com terapia de curtoprazo ( menor 1 ano) versus o uso prolongado da terapia antirretroviral (TARV), após ajuste para sexo, idade e índice de massa corporal (IMC). Os resultados, referentes a 187 indivíduos, apontam para CCGs maiores em mulheres, bem como associaçõessignificativas e positivas com valores de IMC. Indivíduos com tratamento de curtoprazo de ambos os sexos tinham, significativamente, menos gordura periférica e mais gordura visceral do que aqueles há longo tempo em terapia. Concluímos que a sonografia pode detectar as diferenças na espessura de gordura dos compartimentos corporais estudados e sua mudança em resposta ao tratamento antirretroviral. O terceiro artigo avalia longitudinalmente, por ultrassonografia, alterações nos CCGs de90 pacientes infectados pelo HIV, por 18 meses. O uso do lopinavir (LOP) se mostrou associado a uma aceleração da perda de gordura facial, quando comparado com o atazanavir (ATV). Observou-se perda de gordura subcutânea abdominal naqueles comcomorbidade. Os diferentes intervalos de tempo de tratamento pré-estudoultrassonográfico (tempo entre o inicio da HAART e a data do primeiro ultrassom) associaram-se ao aumento da adiposidade visceral, enquanto o tempo de observação ultrassonográfico (primeiro e quarto exame ultrassonográfico) se mostrou associado à perda de gordura facial e abdominal. Conclui-se que o estudo da gordura da face e subcutâneo abdominal forneceria subsídios para a avaliação da lipoatrofia, enquanto a condição nutricional seria mais bem acompanhada através da adiposidade subcutânea abdominale visceral. Em conclusão, o método ultrassonográfico se mostrou satisfatório na mensuração da gordura dos compartimentos corporais estudados. Os resultados falam a favor da aplicação das medidas ultrassonográficas em série, em combinação com um questionário padronizado (baseado em avaliações clínicas) na rotina médica,possivelmente substituindo exames de imagem de alta tecnologia e dispendiosos, em unidades de saúde onde eles não estão disponíveis.