Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Rückert, Bianca |
Orientador(a): |
Modena, Celina Maria |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39639
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Resumo: |
Este estudo teve como objetivo compreender o cuidado em saúde de mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da região do Vale do Rio Doce, Minas Gerais, Brasil, sob o ponto de vista da atividade humana e da filosofia da práxis. Para a realização desta pesquisa, utilizamos o aporte metodológico da pesquisa qualitativa e os instrumentos da observação participante e da entrevista semiestruturada. Foram entrevistadas nove mulheres, sendo a maioria, integrantes do setor de saúde do MST. Estes dados se somaram aos previamente coletados por ocasião da pesquisa de mestrado. Para analise dos resultados foi utilizada análise de conteúdo construtiva interpretativa. Para seu desenvolvimento, utilizamos os aportes teóricos da ergologia e da filosofia da práxis, em diálogo com os conceitos de cuidado em saúde e medicina alternativa e complementar (MAC). A ergologia compreende a atividade do trabalho como realidade humana complexa, um processo no qual circulam valores e saberes que possibilitam a instituição de novas normas ao meio. A filosofia da práxis, por sua vez, constrói um conceito filosófico da atividade prática e propõe-se a atuar como guia filosófico dos processos de transformação da realidade. Os principais resultados evidenciam que o cuidado desenvolvido pelas mulheres do MST envolve o domínio dos saberes constituídos, que se expressa no acolhimento, na escuta qualificada e na apropriação dos recursos da MAC, em diálogo com a dimensão gestionária da atividade, no que tange ao cuidado de um paciente singular. Entre os valores que orientam o trabalho de cuidado destacamos o cuidado como possibilidade de fortalecimento de quem cuida, a crítica aos processos de medicalização social, a promoção da autonomia e da solidariedade, a preferência pelos recursos da natureza e por técnicas de fácil manejo. Tais valores, entretanto, esbarram nas limitações do meio que desaceleram o agir competente. Entre os motivos que levaram as mulheres a se engajarem no trabalho de cuidados, destacam-se a socialização familiar desses saberes, a necessidade própria de saúde ou de familiares e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Chama atenção a mobilização das mulheres para o trabalho de cuidados, expressando um diálogo com o meio que elas buscam recortar como seu, bem como a necessidade de maior aprendizado sobre os saberes do cuidado. Cada cuidadora apresenta sua contribuição que se complementa e se integra no trabalho coletivo, a partir das sinergias das entidades coletivas relativamente pertinentes. Observou-se a presença de uma dimensão formativa que se inscreve no setor de saúde, que proporciona a socialização e a produção dos saberes de cuidado, bem como formação de um novo sujeito sociocultural. A validação dos saberes de cuidado desenvolve-se a partir de um uso popular no contexto do movimento social que legitima e confere status a estes saberes, com base na eficácia instituída pela práxis. Por tanto, este é um processo que perpassa pelo reconhecimento dessas mulheres como sujeitas da práxis. |