Trypanosoma cruzi Investigação sobre óleos essenciais como potenciais agentes tripanocidas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Santoro, Giani França
Orientador(a): Soares, Maurilio José
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/9113
Resumo: Nifurtimox e benznidazol, as drogas usadas no tratamento da doença de Chagas, apresentam vários efeitos colaterais e tem sua eficácia limitada, especialmente na fase crônica. Diversos produtos naturais têm demonstrado potencial antiparasitário em laboratório e, nesse sentido, compostos obtidos de plantas aparecem como agentes potenciais para o desenvolvimento de novas drogas antiparasitárias. Assim, no presente trabalho investigamos o efeito de óleos essenciais obtidos de Origanum vulgare L. (orégano), Thymus vulgaris L. (tomilho), Achillea millefolium L. (mil-folhas), Syzygium aromaticum L. (cravo) Ocimum basilicum L. (manjericão) e Cymbopogon citratus (DC) Stapf (capim-limão), e de seus principais constituintes, sobre a proliferação e ultra-estrutura de Trypanosoma cruzi. Destilação a vapor foi usada para isolar os óleos essenciais, com análise química realizada por cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) através de colaboração com o Departamento de Química da UFLA (Lavras, MG). Epimastigotas de cultura e tripomastigotas sangüíneos foram incubados por 24 h com diferentes concentrações dos óleos essenciais e de alguns de seus principais constituintes sendo quantificado o valor de IC50 Nossos dados indicam que óleos essenciais são eficazes contra T. cruzi apresentando a seguinte ordem decrescente de atividade sobre epimastigotas (IC50/24 h expresso µg/mL): tomilho (77,0) > cravo (99,5) > manjericão (102,0) > capim-limão (126,5) > mil folhas (145,5) > orégano (175,0 µg/mL). Nos ensaios com formas tripomastigotas sangüíneas os óleos mais efetivos foram: capim-limão (15,5) > tomilho (38,0) > cravo (57,5) > orégano (115,0) > mil-folhas (228,0) > manjericão (467,5). Assim, com exceção dos óleos de manjericão e de mil-folhas, os demais óleos testados foram mais ativos sobre tripomastigotas do que sobre epimastigotas. Tratamento com os principais constituintes dos óleos essenciais de capim-limão (citral), manjericão (linalol), cravo (eugenol) e tomilho (timol) também demonstrou efeito tripanocida. No caso de citral, timol e eugenol, as formas tripomastigotas foram as mais suscetíveis. Citral, principal componente do óleo de capim-limão, também foi eficiente no tratamento de macrófagos peritoneais infectados, inibindo a proliferação de amastigotas intracelulares e apresentando para o parâmetro percentagem de infecção um valor de IC50/48 h de 12,1 µg/mL. Experimentos de citometria de fluxo após incubação de epimastigotas e tripomastigotas com óleos essenciais de orégano e tomilho demonstraram que a permeabilidade da membrana celular foi afetada somente em concentrações 4 vezes maiores que a concentração correspondente ao IC50/24 h. Por outro lado, uso de concentrações de óleos correspondentes ao IC50/24h não resultou em permeabilização celular Microscopia eletrônica de varredura (MEV) de parasitas tratados com todos os óleos essenciais não demonstrou alterações na membrana plasmática. Entretanto, havia inchaço do corpo do parasito, quando comparado a parasitas do grupo controle. Observação por microscopia eletrônica de transmissão (MET) mostrou inchaço citoplasmático, porém com manutenção na integridade da membrana dos parasitos. Estes dados indicam que os óleos permeam as membranas e atuam sobre organelas ou vias metabólicas citoplasmáticas. Os óleos essenciais de tomilho e capim-limão foram muito mais ativos sobre os parasitas do que sobre macrófagos peritoneais apontando para a realização de ensaios in vivo. Nossos resultados indicam que óleos essenciais e seus constituintes são promissores agentes anti-T. cruzi, abrindo perspectivas para descoberta de drogas mais eficazes de origem vegetal para o tratamento de doenças parasitárias.