Suicídio na área urbana de São Gabriel da Cachoeira: estudo com autópsias psicossociais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Sousa, Adriana Duarte de
Orientador(a): Souza, Maximiliano Loiola Ponte de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/31848
Resumo: Objetivo: Analisar os significados atribuídos por indígenas, aos suicídios ocorridos na área urbana de São Gabriel da Cachoeira. Metodologia: Foram selecionados os casos de suicídio ocorridos na área urbana de São Gabriel da Cachoeira no período de 2001 a 2014. Agentes Comunitários de Saúde mediaram o contato com os familiares dos casos selecionados. Aos familiares foi aplicado um roteiro de entrevista semiestruturado chamado Autópsia Psicossocial, por meio do qual foram extraídas narrativas dos familiares sobre o suicídio dos casos selecionados. As entrevistas, realizadas após obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido, foram gravadas e transcritas. Após a transcrição, foi realizada a leitura compreensiva das narrativas para a identificação das categorias empíricas, as narrativas foram então decompostas em recortes de trechos para que fossem identificadas tanto as ideias explícitas, quanto as implícitas presentes no texto. Para finalizar, foi realizada a síntese interpretativa das narrativas, privilegiando os sentidos mais amplos presentes em cada caso, através da articulação entre os objetivos propostos, o referencial teórico e os dados empíricos. A Autópsia Psicossocial foi utilizada de duas maneiras: com a finalidade de reconstruir os discursos proferidos durante as narrativas e como meio de elencar as categorias utilizadas na análise. Resultados: Os suicidas em sua maioria eram jovens do sexo masculino e que não costumavam apresentar comportamento violento. O método preferencial utilizado para cometer o suicídio foi o enforcamento. Identificou-se através das Autópsias Psicossociais que os parentes associaram os suicídios aos conflitos familiares existentes, ao consumo elevado de álcool e outras drogas ou, ainda devido a algum feitiço xamânico, como “sopro” ou “estrago”, motivado pela inveja de uma outra pessoa. Destaca-se ainda a preocupação dos parentes em saber o que ocorreu com o suicida após a sua morte. Conclusão: Os familiares por meio de suas narrativas buscam compreender o suicídio de seus parentes por meio de um complexo sistema de causalidade no qual se articulam conflitos familiares, uso de substancias e feitiços, que em última análise remetem a um contexto relacional. Tal modelo não se prende ao modelo biomédico clássico que tende a associar o suicídio a problemas psiquiátricos ou psicológicos individuais. Ademais a narrativa da morte não termina com a morte em si, preocupações com o post-mortem permeiam as aflições dos familiares. Tais aspectos deveriam ser considerados a se buscar estratégias tanto de prevenção, como de pósvenção ao suicídio.