Residências multiprofissionais em hospitais no município de Recife-PE: o trabalho no contexto da pandemia de Covid-19

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Kellyane Pereira
Orientador(a): Santos Neto, Pedro Miguel dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59899
Resumo: Essa dissertação discute elementos e dimensões que caracterizaram o trabalho de profissionais residentes diante da Covid-19. Dialoga com os princípios da Educação Interprofissional em Saúde (EIP), assumindo as práticas colaborativas como caminho para o trabalho em equipe, a qualificação do cuidado em saúde e melhoria dos processos de trabalho. Também se articula com as teorias do processo de trabalho e micropolítica do trabalho em saúde. Teve como objetivo analisar o trabalho de residentes das Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) hospitalares, no município de Recife-PE, no contexto da pandemia de Covid-19. A pesquisa foi qualitativa, analítica e de caráter exploratório. O percurso metodológico abarcou a realização de grupos focais, de forma remota, com residentes que estavam vinculados/as a programas nos períodos de 2019-2020 e 2020-2022. Participaram 10 residentes de 06 hospitais que tiveram leitos de enfermaria e Unidade de Terapia Intensiva habilitados para a assistência à Covid-19. A análise foi realizada através da teoria de Bardin. Os resultados reforçam que o trabalho em saúde, na pandemia, tem reflexos da organização desse no capitalismo, de modo que não se dissocia da conjuntura brasileira. Sobre o processo de trabalho, observamos que foi sendo adaptado ao cenário sanitário, todavia com incertezas e inseguranças para os segmentos que compõem os programas. Aliado a condições de trabalho inadequadas em termos de insumos, insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual e relações desiguais de poder, com interdições à autonomia do/a residente. Além disso, o sentido da atuação multiprofissional em equipe foi descaracterizado, e o/as residentes atuaram de forma muito isolada, o que também fala do distanciamento ainda grande da EIP como orientadora das RMS. Por isso, as práticas colaborativas tendem a ser pontuais e dependentes de iniciativas dos/as residentes. O aspecto formativo, por sua vez, apresentou fragilidades que refletem a manutenção de uma lógica dicotômica entre trabalho e formação, que não os integra, apenas os soma de forma descontextualizada e desvinculada dos princípios da Educação Permanente em Saúde. Portanto, observamos que não se soube fazer com que o trabalho fosse a base da formação. Em contrapartida, o trabalho na pandemia promoveu desenvolvimento de novos conhecimentos e a atuação dos/as residentes contribuiu para a sustentabilidade da assistência nos hospitais, devido aos desfalques nas equipes. No mais, a pesquisa possibilitou que os grupos focais resultassem em (re)encontros entre residentes, partilhas e construção de saberes. Diante disso, compreendemos que pandemia desnudou problemas que há muito vêm sendo discutidos, tanto no campo do trabalho como da educação na saúde, ao passo em que fomenta a importância das RMS no enfrentamento à Covid-19. É também um convite às gestões da saúde, profissionais que atuam como preceptores/as, tutores/as, coordenadores/as de programas e residentes a seguir na luta pelo fortalecimento da política de residências em todos os níveis de gestão .