Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2015 |
Autor(a) principal: |
Souza, Israel |
Orientador(a): |
Vasconcelos, Ana Glória Godoi,
Baptista, Abrahão Fontes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12854
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Resumo: |
A dor crônica consiste num importante problema de saúde pública, trazendo impactos não apenas para o indivíduo acometido, mas também às famílias, aos sistemas de saúde e para a economia, em especial devido ao absentismo, aposentadoria precoce e perda de emprego. Sua prevalência varia de 10,1 a 80% na população em geral. A divergência destes valores se deve mais a diferença entre as metodologias de estudo. Um dos impactos da dor crônica que tem merecido atenção nos estudos é o ajustamento ou bem-estar psicológico dos indivíduos. Nesse sentido duas variáveis tem merecido destaque: a resiliência e o pensamento catastrófico sobre a dor. A resiliência é atualmente considerada como um novo paradigma na compreensão da dor crônica. Resiliência e pensamento catastrófico destacam-se no manejo e na regulação da dor crônica, e como um fator psicológico que promove respostas adaptativas à dor. Na presente tese buscou-se a construção de perfis de resiliência que permitiram compreender os aspectos biopsicossociais subjacentes ao quadro de dor crônica. Para levar este feito a cabo três etapas foram necessárias. Na primeira etapa realizou-se uma revisão sistemática no intuito de encontrar instrumentos específicos para a dor crônica que fosse utilizado para mensurar a resiliência. Isso se faz necessário uma vez que a resiliência depende do contexto no qual se trabalha, ou seja, um indivíduo pode ser resiliente numa situação e não ser em outra. Como resultado desta primeira etapa foi encontrado apenas um instrumento, o Profile Chronic Pain: Screen (PCP:S). Os estudos que investigavam as qualidades psicométricas deste instrumento foram avaliados, em especial com a utilização da metodologia COSMIN. Nesse sentido os estudos apresentaram bons índices, indicam a validade do instrumento. Na segunda etapa utilizou a análise de classes latentes (ACL) em uma amostra de 414 pacientes com dor crônica musculoesquelética, utilizando variáveis sociodemográficas sexo, idade, escolaridade, trabalho a despeito da dor, tratamento médico, e os grupos de resiliência obtidos a partir da escala PCP:S. Foram identificadas três classes latentes de resiliência usando ACL. A classe dos “resilientes” (30%) era composta predominantemente por mulheres com mais de 54 anos, baixo nível de escolaridade, que buscam cuidados médicos e não trabalham. A classe dos “não resilientes” (29%) era composta por mulheres com médio nível de escolaridade, idade entre 40 e 54 anos, que trabalham e não buscam cuidados médicos. A classe “outros” (40%) era composta por homens, com idade até 40 anos, alta escolaridade, que buscam os cuidados médicos e não trabalham. Na terceira etapa amplia-se o escopo da segunda etapa, Utilizando os mesmos dados e a mesma amostra aplica-se a regressão de classe latente (RCL) onde as dimensões do pensamento catastrófico sobre a dor, mensurado pelo Pain Catastrophizing Scale (PCS), foram utilizadas como covariáveis no modelo de RCL para prever a associação dos indivíduos às classes latentes. Os coeficientes (betas) das covariáveis foram estimados simultaneamente, como parte do modelo de classe latente, e exponenciação revela a razão de chances (odds ratio). Nesta etapa foram identificadas três classes latentes, com as mesmas características sociodemográficas das classes identificadas na segunda etapa. A classe “outros” apresentou baixa pontuação nas dimensões do pensamento catastrófico sobre dor. A classe “não-resiliente” apresentou pontuação elevada nas dimensões do pensamento catastrófico sobre dor. Finalmente, a classe “resiliente” apresentou uma pontuação intermediária nas dimensões do pensamento catastrófico sobre dor. Estas três classes revelam três caminhos distintos de resiliência que apresentam relevância para prática clínica. Destaca-se que, em comparações com outros estudos, diferenças culturais foram identificadas o que requer atenção e novos estudos. |