Infecções hospitalares e caracterização genética de Acinetobacter baumannii resistentes aos carbapenêmicos de Boa Vista, Roraima

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Caldart, Raquel Voges
Orientador(a): Vicente, Ana Carolina Paulo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47485
Resumo: A infecção hospitalar é uma das questões centrais da saúde pública mundial. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo principal investigar este tema em um hospital de referência de Boa Vista, Roraima, Amazônia brasileira que possui características geográficas e populacionais singulares em relação a outras capitais do Brasil. Caracterizamos aspectos clínicos e determinamos os perfis de resistência às drogas das principais espécies bacterianas relacionadas aos casos de infecção hospitalar. Em particular, determinamos a epidemiologia molecular de Acinetobacter baumannii resistentes aos carbapenêmicos recuperados destes pacientes no período entre 2016 e 2018. Usamos as bases de dados do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e do Laboratório Central de Saúde Pública para estabelecer perfis dos pacientes e infecções. O perfil de susceptibilidade antimicrobiana foi definido pelos métodos de difusão em disco e pela determinação da concentração inibitória mínima. A epidemiologia molecular de A. baumannii foi baseada nos perfis obtidos pela eletroforese em gel de campo pulsado e nos STs (sequencias tipo). Os genes codificadores das \03B2-lactamases das classes A, B e D foram rastreados e sequenciados. Dentre as características dos pacientes, destaca-se a prevalência de homens (61,4%), idosos (29,3%), pacientes internados em unidades de terapia intensiva (48,5%), com longo período de hospitalização (75,2%) e uso de antibióticos previamente a coleta de exame microbiológico (73,5%). Bactérias do grupo ESKAPE (Enterococcus faecium, Staphylococcus aureus, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter species) são as prevalentes nestas infecções (68,7%), com destaque para A. baumannii (22,6%). Dentre as amostras clínicas mais coletadas temos as do trato respiratório (42,8%). E em 73,3% dos pacientes isolou-se bactéria com perfil de multirresistência às drogas. Quanto às infecções por A. baumannii, essas foram mais prevalentes nas unidades de terapia intensiva (65,1%) tendo 52,8% destes pacientes evoluído para óbito. A análise dos 27 isolados de A. baumannii resistentes aos carbapenêmicos demonstrou que todos apresentavam sensibilidade apenas a colistina e tetraciclinas e pertenciam a três clones internacionais, CI-1 (33,3%), CI-5 (44,5%) e CI-6 (22,2%), este último identificado pela primeira vez no Brasil no presente estudo. O principal determinante da resistência aos carbapenêmicos dos isolados deste estudo pertencentes aos CI-1 e CI-5 (77,8%) é o gene blaOXA-23 associado a sequências de inserção do tipo ISAba1 e ISAba3, respectivamente, enquanto os isolados do CI-6 (22,2%) carreiam o blaOXA-72. Esse estudo revelou que a epidemiologia das infecções hospitalares por A. baumannii em Boa Vista, região Amazônica, é semelhante as demais regiões metropolitanas do país assim como em outras partes do mundo.