Avaliação do risco de doença cardiovascular em indivíduos com infecção pelo vírus da imunodeficiência humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Vilela, Felippe Dantas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/8046
Resumo: Fundamentos: O tratamento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) tornou-a uma condição crônica e havendo o desenvolvimento de doenças como a doença aterosclerótica coronariana (DAC). Não existe ainda definição sobre a avaliação de risco cardiovascular para a população com VIH. Para isto, é necessário conhecimento do risco cardiovascular desta população. O escore de cálcio das artérias coronárias (ECAC) é útil para detecção precoce e estratificação do risco da DAC. Este estudo procurou analisar fatores e escores de risco de DAC e investigar o uso do ECAC nesta população. Métodos: Estudo transversal com adultos infectados pelo VIH, sem sintomas cardiovasculares ou história de DAC. Foram obtidos dados demográficos, clínicos e antropométricos, glicemia e lipidograma. Foram avaliados o escore de risco de Framingham (ERF) e ECAC. Variáveis categóricas foram comparadas pelo quiquadrado ou teste exato de Fisher e as contínuas pelo teste t de Student ou teste de Mann-Whitney. A análise de concordância entre ERF e ECAC usou estatística kappa Resultados: Foram estudados 40 pacientes, de 45,9 ± 8,1 anos. Dois ou mais fatores de risco ocorreram em 82,5%. A idade de risco para DAC foi observada em 30,0%, hipertensão arterial em 55,0%, diabetes em 10,0%, tabagismo em 35,0%, dislipidemia em 67,5% e história familiar de DAC precoce em 57,5%. Alterações do colesterol total, LDL-colesterol, HDL-colesterol e triglicerídeos foram detectadas em, respectivamente, 30,0%, 25,0%, 82,5% e 52,5%. Todos os pacientes encontravam-se em uso de terapia anti-retroviral, com 52,5% em uso de inibidores de protease (IP). Apenas o HDL-colesterol e os triglicerídeos alterados foram mais frequentes nos em uso de IP. A avaliação clínica do risco cardiovascular através do ERF classificou 72,5% dos pacientes como baixo risco, 25,0% como risco moderado e 2,5% como risco elevado. Foi encontrada calcificação coronariana (ECAC>0) em 32,5% dos indivíduos. De acordo com os percentis do ECAC, 67,5% tiveram risco baixo, 17,5% risco moderado e 15,0% risco alto. No total, 32,5% dos indivíduos mudaram de classificação de risco após a avaliação do ECAC. Dentre os pacientes classificados em baixo risco pelo ERF, 13,7% foram reclassificados pelo ECAC para alto risco e 10,3% para risco moderado. Daqueles com risco moderado, 50% foram para baixo risco pelo ECAC e 10% para alto. O único paciente de alto risco permaneceu nessa categoria após o ECAC. A concordância entre a estratificação do risco pelo ERF e pelo ECAC obteve um kappa de 0,435 Conclusões: Houve elevada prevalência de fatores de risco para DAC na população estudada, sendo a dislipidemia o mais frequente. Os níveis de HDL-colesterol e de triglicerídeos foram os mais afetados, tendo sido associados ao uso de IP. O risco avaliado pelo ERF foi baixo na maioria da população. Entretanto, ECAC>0 foi encontrado em cerca de um terço da população, estratificando esse subgrupo como de moderado a alto risco cardiovascular. O ECAC reclassificou o risco de 32,5% dos indivíduos, demonstrando a necessidade de reavaliar as estratégias para mensuração do risco cardiovascular na população com infecção pelo VIH