Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Huesca, Isabel Marco |
Orientador(a): |
Hennington, Élida Azevedo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/61145
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Resumo: |
O câncer do colo do útero (CCU) é uma doença crônica que se caracteriza pela longa duração e necessidade de tratamento continuado, por promover ruptura no cotidiano da vida, por ocupar o centro das relações sociais e por repercutir em todos os aspectos da vida, dentre eles o trabalho, entendido como parte constitutiva da identidade social da mulher. Este estudo teve como objetivo compreender como o adoecimento por CCU repercutiu no processo saúdedoença-trabalho das mulheres em tratamento no Hospital do Câncer II (HCII), a partir da perspectiva interseccional. Partiu-se do pressuposto que o adoecimento crônico, enquanto evento que promove uma crise no curso da vida, contribui para o acirramento das desigualdades, de gênero, raça/cor e classe social, influenciando na piora das condições de vida e trabalho das mulheres. A pesquisa foi elaborada em duas etapas: primeiro, foi estabelecido o perfil das mulheres matriculadas com CCU no HCII, nos anos de 2019 a 2021. Foram levantados dados de 1.182 usuárias e esse grupo foi composto prioritariamente por mulheres na faixa etária de 35 a 54 anos, negras, com baixa escolaridade, inseridas em ocupações tipicamente femininas, caracterizadas pela precarização e baixa remuneração, que chegaram à unidade de tratamento especializada com a doença em estadiamento avançado. Em seguida, foram realizadas treze entrevistas narrativas com usuárias do hospital e para categorização e análise dos dados qualitativos, utilizou-se a análise narrativa. A análise das narrativas mostrou que as relações sociais de gênero, raça/cor e classe foram determinantes na vida das mulheres, tanto no que se refere ao mundo do trabalho quanto às condições de saúde. Foram destacadas as dificuldades para acesso ao diagnóstico e tratamento precoce e, a centralidade que o trabalho assume na vida dessas mulheres. O CCU repercutiu nas histórias de vida e de trabalho das entrevistadas, pois além de se responsabilizarem pelo trabalho de reprodução social, elas estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e necessitaram conciliar seus diversos papéis no contexto de adoecimento crônico. Apesar dos esforços para prevenção e detecção precoce do CCU, e da alta possibilidade de cura, o CCU continua atingindo um grande contingente de mulheres brasileiras, principalmente mulheres negras, de baixa escolaridade e renda e em situação de precarização e vulnerabilidade ocupacional, trazendo prejuízos emocionais, físicos e psicossociais às mulheres na diversidade de seus papéis sociais, como mulher e como trabalhadora. |