Composição e estrutura da helmintofauna gastrintestinal de uma comunidade de roedores de área de matriz aberta de Mata Atlântica do Estado do Rio de Janeiro

• Ano de defesa: 2019
• Autor(a) principal: Lucio, Camila dos Santos
• Orientador(a): D’Andrea, Paulo Sérgio, Maldonado Junior, Arnaldo
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/55146

Investigações sobre o parasitismo de roedores silvestres vem se tornando mais frequentes, contudo ainda há carência de estudos sobre os aspectos ecológicos da interação parasito-hospedeiro, em condições naturais. O objetivo deste trabalho foi estudar a composição e a estrutura das comunidades de helmintos dos roedores Akodon cursor, Necromys lasiurus e Mus musculus, em áreas de matriz aberta da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro. Roedores foram amostrados em duas unidades de conservação: REBIO Poço das Antas (REBIO), matriz com baixa atividade antrópica, e APA da Bacia do Rio São João (APA-BRSJ), apresentando intensa atividade antrópica, principalmente de agricultura. Empregando-se os modelos lineares generalizados (GLM), foi investigada a influência de fatores bióticos (espécie, idade e sexo dos hospedeiros) e abiótico (área de coleta) na abundância e prevalência das espécies de helmintos. Foram analisados 353 espécimes de roedores, sendo recuperadas 9 espécies de helmintos: Filo Nematoda: Protospirura numidica criceticola, Stilestrongylus freitasi, Stilestrongylus aculeata, Stilestrongylus eta, Pterygodermatites (Paucipectines) zygodontomis, Syphacia (syphacia) alata, Trichuris navonae; Filo Platyhelminthes: Rodentolepis akodontis e Filo Acantocephala: Moniliformis sp. Foi observada maior riqueza para a helmintofauna de A. cursor (n=8), em relação a N. lasiurus (n=6) e M. musculus (n=3). N. lasiurus, A.cursor e M. musculus compartilharam parasitos entre si, contudo houve maior similaridade para a helmintofauna entre as duas primeiras espécies. S. (S.) alata apresentou maior abundância em hospedeiros fêmeas. S. freitasi e P. (P.) zygodontomis apresentaram maior abundância em fêmeas de N. lasiurus, sendo para a primeira também registrados maiores valores em hospedeiros jovens e para a segunda, maiores valores em hospedeiros adultos. P. n. criceticola apresentou maior abundância em indivíduos adultos de N. lasiurus . Todas as espécies estudadas apresentaram maiores valores de abundância na APA-BRSJ em relação à REBIO. O micro-habitat e as condições ambientais atuam como importantes preditores da helmintofauna. Matrizes alteradas podem levar ao estabelecimento de espécies de hospedeiros generalistas e/ou introduzidas. Também podem influenciar na diversidade das comunidades parasitárias nestes ambientes. É possível que maiores taxas de encontro dos hospedeiros com estes parasitos no ambiente mais alterado (APA) tenham favorecido a infecção por espécies de parasito de ciclo de vida direto, como S. (Syphacia) alata. Similarmente, matrizes de uso agrícola podem favorecer a ocorrência de insetos, que pode atuar como hospedeiros intermediários para parasitos de ciclo indireto, como P. n. criceticola e P. (P.) zygodontomis. Este é o primeiro estudo sobre a helmintofauna dos roedores em nível específico para esta região, apresentando ainda novos registros de ocorrência em de P. numidica criceticola em A. cursor e M. musculus, P. (P.) zygodontomis em A. cursor e M. musculus e T. navonae em A. cursor. N. lasiurus, espécie típica do Cerrado, atua como hospedeiro chave para a composição de espécies de nematoides nas áreas estudadas, devido ao compartilhamento de seus parasitos com os demais roedores. Estes resultados reforçam a importância do estudo de matrizes de habitat para o conhecimento da fauna de hospedeiros e parasitos, auxiliando a compreensão de mecanismos que estruturam as comunidades parasitárias