Variabilidade climática, vulnerabilidade ambiental e saúde: os níveis do rio Negro e as doenças relacionadas à água em Manaus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Silva, Diego Ricardo Xavier
Orientador(a): Codeço, Cláudia Torres
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24316
Resumo: Manaus apresenta peculiaridades em relação às mudanças ambientais e climáticas. A sazonalidade das chuvas, níveis dos rios, produção de alimentos, pesca e condições de transporte condicionam a economia regional e influem sobre a vida na cidade. O nível da água do Rio Negro tem sido um regulador da dinâmica econômica e social da cidade, desde sua fundação. A persistência de casas de madeira construídas sobre palafitas é um exemplo de adaptação da população local à variabilidade climática. A altura das casas, pontes e trapiches sobre estacas revela uma conformação dos habitantes locais a variações esperadas do regime dos rios, ao mesmo tempo em que impõe um limite aceitável, além do qual torna-se inviável a moradia e as atividades econômicas, e consequentemente geram agravos a saúde. Nos últimos anos, o regime de cheias e vazantes tem superado as marcas históricas registradas. O objetivo desse trabalho foi analisar o comportamento hidrológico da região e relacionar seu impacto com agravos à saúde. Foi realizado um estudo de séries temporais que analisou as decomposições das séries para observação da tendência e sazonalidade. Na análise estatística utilizaram-se modelos aditivos generalizados (GAM). Os modelos multivariados também contemplaram variáveis metrológicas e Índices de Oscilação Niño (ONI). Com base nos resultados obtidos pelos modelos finais foram construídos cenários segundo a variação dos níveis do rio Negro na região de Manaus. Os resultados apontam uma associação entre eventos hidrológicos extremos e a incidência de algumas doenças na cidade. Por exemplo, cotas do rio acima de 28 metros em períodos de chuva apresentaram associação positiva com as notificações de casos de leptospirose. Os casos de febre tifoide apresentaram associação com defasagem de um mês em relação ao nível do rio Negro, temperatura máxima e índice ONI. Os casos de malária apresentaram associação com defasagem de 2 meses com a chuva e cotas acima 27,5 metros durante o período de subida do nível do rio Negro. Os resultados obtidos apontam para limiares do rio Negro na região de Manaus que podem direcionar intervenções, monitoramento, planejamento e medidas de adaptação de saúde no município.