A notificação de violência interpessoal e autoprovocada como estratégia de prevenção, manejo e cuidado nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Soares, Isabelle Araujo Varvelo
Orientador(a): Figueiredo, Ana Elisa Bastos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/46203
Resumo: Os serviços de saúde mental são espaços de acolhimento, vínculo e construção de relações permeáveis para que os casos de violência encontrem não só cuidados, mas também fortalecimento para enfrentamentos possíveis, sendo assim espaços potentes também para elaboração de estratégias de enfrentamento dessa problemática. Uma destas estratégias está relacionada à produção de informações sobre a saúde da população e seus desdobramentos em políticas públicas que possam promover saúde, cidadania e qualidade de vida. Neste sentido, a Política Nacional de Redução de Morbimortalidade por Acidentes e Violências (2001) problematiza as diversas formas de violência, as fontes de informação e dados existentes nos sistemas de vigilância brasileiros, com o acréscimo das categorias de violência doméstica, sexual, auto provocada e outras violências na relação da lista de agravos de notificação compulsória dos serviços de saúde para os sistemas de vigilância epidemiológica. Esta pesquisa tem como objetivo compreender como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) se organizam como espaços de prevenção, manejo, cuidado e notificação dos casos de violência interpessoal e autoprovocada. A pesquisa de caráter qualitativo \2013 descritivo e analítico \2013 usou entrevistas semiestruturadas com nove profissionais de CAPS (gerentes, nível superior, nível médio) de uma cidade da região metropolitana de São Paulo, para compreender as concepções, ações e estratégias de enfrentamento da violência interpessoal e autoprovocada, bem como de suas notificações. A análise dos dados das entrevistas foi por meio da Análise de Discurso da Escola Francesa. Os resultados evidenciam: os discursos mostram a precarização dos processos de trabalho com atravessamentos pela hierarquização, normatização e controle, indícios de divisões entre os profissionais e o trabalho desenvolvido, mas ainda assim com a valorização dos processos partilhados. O perigo do \2018louco\2019 foi apresentado sob a ótica da violência contra o/a trabalhador/a, mas não problematizado como estigma e violência histórica que atinge pessoas em sofrimento psíquico; além de processos de naturalização e patologização da violência. Nos discursos sobre prevenção, manejo e cuidado há nuances do processo de patologização da violência que apenas se torna visível e assistida enquanto sofrimento/diagnóstico. Também se encontrou a individualização dos processos de cuidado e pouco conhecimento pelos profissionais da rede assistencial que se resumiu em espaços de investigação e denúncia. Sobre a notificação foi possível identificar a falta de recursos para sua compreensão e significado que levam a identificação como burocrática e sem repercussão no cuidado em saúde para os profissionais entrevistados. Ainda assim, houve a valorização da produção de informações e o apontamento da ausência de retorno das informações por parte da vigilância epidemiológica.