Agroecologia para adiar o fim do mundo? Uma análise dos olhares e dos discursos da saúde sobre a agroecologia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Soares, Lorena Portela
Orientador(a): Moraes, Danielle Ribeiro de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47345
Resumo: A agroecologia tem sido um objeto no campo da saúde coletiva/pública de maneira crescente nas duas últimas décadas. Conforme o tema ganha relevância, importa verificar como a literatura acadêmica da saúde no Brasil tem abordado agroecologia, tendo em vista a persistência de tendências à redução, normatização e esvaziamento na apropriação de conceitos pelo campo. Artigos científicos da saúde foram analisados por abordagens quantitativa e qualitativa e procedimentos da análise de conteúdo e da análise do discurso, atentando aos sentidos e temas mais recorrentes e também às “ausências” nos discursos da saúde ligados à agroecologia. Resultados mostram esforços importantes de diálogo, associados principalmente à “segurança alimentar e nutricional”, “agrotóxicos”, “promoção da saúde” e “sustentabilidade”. Verifica-se que abordagens instrumentais da saúde coletiva tendem a se associar à vertente mais gerencial da agroecologia. Silêncios persistentes referem-se à legitimidade da origem “tradicional”/indígena/“popular” do conhecimento agroecológico, à emergência do campo estritamente ligada à luta histórica de movimentos populares no Brasil; e, ainda, à consideração da agroecologia enquanto campo científico que, como a saúde coletiva, está em disputa. Considera-se que saúde coletiva e agroecologia se vinculam fundamentalmente enquanto projetos de transformação social com potencial emancipatório. São feitas considerações sobre a redução da agroecologia a um sistema ecológico de produção que “naturalmente promove saúde”, e possíveis repercussões para cooptação da pauta agroecológica pelos discursos hegemônicos. Reconhecendo o poder representado pela ciência ocidental, reflete-se sobre a importância da apropriação crítica de conceitos para o aprofundamento do diálogo entre os campos da saúde coletiva e da agroecologia.