Prevalência e fatores associados ao estado nutricional de indígenas Xavante de 10 a 19 anos da Terra Indígena Pimentel Barbosa, Mato Grosso

• Ano de defesa: 2021
• Autor(a) principal: Medeiros, Francinara Guimarães
• Orientador(a): Coimbra Junior, Carlos Everaldo Alvares
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58589

Os fatores sociodemográficos e comportamentais podem estar associados ao excesso de peso e ao déficit de estatura, porém a existência desse fenômeno entre adolescentes Xavante ainda é desconhecida. O objetivo desse estudo foi investigar os fatores associados ao excesso de peso e ao déficit de estatura de adolescentes Xavante, de 10 a 19 anos, da Terra Indígena Pimentel Barbosa, Mato Grosso. Foi realizado um estudo epidemiológico transversal com 250 adolescentes. O excesso de peso foi determinado pelo índice de massa corporal para idade (IMC/I) e a baixa estatura pelo índice de baixa estatura para idade (E/I), de acordo com o sexo e pontos de corte estabelecidos pela OMS. O teste de qui-quadrado foi usado para verificar associações entre as variáveis de exposição e desfecho, em seguida, realizou-se a regressão logística simples e múltipla, ao nível de significância de 5%. Em razão dos adolescentes Xavante do sexo masculino apresentarem poucas observações para os desfechos estudados, a etapa analítica foi realizada somente para as mulheres. A prevalência de sobrepeso, obesidade e baixa estatura em adolescentes Xavante do sexo feminino foi de 48,1%, 11,3% e 34,6%, respectivamente. Enquanto os homens Xavante apresentaram 13,7% de sobrepeso e 6,0% de baixa estatura. Não foram registrados casos de obesidade para esse grupo. A chance de excesso de peso aumentou em mais de 2 vezes entre as mulheres casadas (OR = 2,29; IC 95%: 1,04- 5,04; p < 0,039) em comparação com as mulheres não casadas, em mais de 3 vezes entre as mulheres cujas mães estavam com sobrepeso (OR = 3,34; IC 95%: 1,18-9,48; p < 0,024) e em mais de 5 vezes em mulheres cujas mães eram obesas (OR = 5,39; IC 95%: 1,43-20,39; p < 0,013) em comparação com as mulheres cujas mães apresentavam peso adequado. Por outro lado, a chance de baixa estatura aumentou em mais de 9 vezes entre as adolescentes com idade ≥ 12 e < 16 anos (OR = 9,15; IC 95%: 2,43-15,08; p < 0,005) e em mais de 6 vezes em idade > 16 anos (OR = 6,52; IC 95%: 5,37-25,59; p < 0,001) em comparação com as mulheres < 12 anos. Outro dado importante foi que frequentar a escola diminuiu a chance de baixa estatura (OR = 0,02; IC 95%: 0,00-0,47; p < 0,016) em mulheres Xavante quando comparadas as mulheres que não frequentaram a escola. Esses resultados alertam sobre a necessidade de políticas públicas para o combate ao excesso de peso, assim como de estratégias que visem a diminuir as iniquidades sociais que culminam na baixa estatura entre os adolescentes Xavante.