Associação genética e funcional de microRNAs na HanseníasePaula Fernandes Tavares Cezar de Mello

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Mello, Paula Fernandes Tavares Cezar de
Orientador(a): Moraes, Milton Ozório, Sarno, Euzenir Nunes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/17691
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa e crônica que tem o Mycobacterium leprae como agente etiológico. A doença se apresenta através de um espectro clínico onde as variações genéticas do hospedeiro contribuem para os fenótipos de resistência ou susceptibilidade à doença, associados ao balanço da resposta imune entre os polos Th1 x Th2, respectivamente. O objetivo deste estudo foi investigar o papel de miRNAs na imunopatogênese da hanseníase. Os MicroRNAs são pequenos RNAs não-codificantes que atuam no silenciamento da expressão gênica. Para isso, foram utilizadas abordagens genéticas e funcionais. Através de um estudo do tipo caso-controle, investigamos a associação de seis polimorfismos de base única (SNP) em genes de miRNAs. Dentre eles, dois estão ausentes na população estudada, o miR-125a (rs12975333 G>T) e miR- 223 (rs34952329 *>T). O miR-196a-2 (rs11614913 C>T) não foi associado à hanseníase. Em contrapartida, dos três SNPs do miR-146a estudados (rs2431099, rs2431697 e rs2910164), apenas a variante rs2910164 (G>C) foi associada à susceptibilidade a hanseníase per se (GC OR=1,44, p=0,04; CC OR=2,18, p=0,0091), dado corroborado através de um estudo de famílias (p= 0,003). Além disso, o miR-146a apresenta níveis elevados em biópsias de nervo (p= 0,01), e a estratificação por genótipo revelou que portadores do alelo-C (alelo de risco) apresentaram maior expressão do miR-146a (p=0,04). In vitro, sua expressão foi induzida pela exposição de macrófagos ao bacilo viável (p<0,05). Sabe-se que o miR-146a suprime a produção de TNF-\03B1. Assim, mostramos que indivíduos carreadores do alelo-C, tanto em nervos (p= 0,0453) quanto em PBMC estimulados com BCG (p= 0,0352), apresentam baixos níveis de TNF-\03B1 Em conjunto, fica clara a correlação entre o genótipo de susceptibilidade e modulação dos níveis de TNF-\03B1. Na segunda parte deste trabalho, foi realizado um estudo com macrófagos derivados de medula óssea-(BMDM) provenientes de camundongos selvagens ou nocautes para o miR-146a. A infecção dos BMDM selvagens com a bactéria viável resultou em aumento da expressão do miR-146a (p< 0,05), corroborando o que foi previamente observado. BMDM nocautes infectados com M. leprae apresentaram uma maior expressão de TNF-\03B1 comparado às células selvagens. Ainda, observou-se uma queda de 66,5% na viabilidade intracelular do M. leprae nestas células. Contudo, não foi possível correlacionar este achado com mecanismos de killing, tais como a produção de NO e a ativação da via autofágica. O diagnóstico precoce de indivíduos com a doença latente é ainda um dos grandes desafios no controle da hanseníase. Assim, analisou-se os níveis de miRNAs do sangue periférico como potenciais biomarcadores, usando-se um painel de 93 miRNAs candidatos. A comparação entre pacientes paucibacilares-(PB) e multibacilares-(MB) mostrou que o miR-15b estava induzido e o miR-30e-5p estava reprimido em pacientes MB. Ao passo que a comparação entre contatos e pacientes-MB identificou, além dos miRNAs citados anteriormente, que o miR-196a estava reprimido em MB. Por fim, o miR-484 estava induzido em pacientes quando comparados a contatos e o miR-206 estava reprimido em pacientes quando comparados aos indivíduos saudáveis. A ontologia gênica dos RNAm-alvos dos miRNAs diferencialmente expressos indicou o envolvimento das vias de ubiquitinação/autofagia