Desregulação endócrina tireoidiana por agrotóxicos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Fonseca, Izabela Fernandes Alves da
Orientador(a): Waissmann, William
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/39720
Resumo: Muitas substâncias presentes no meio ambiente e no ambiente de trabalho podem interferir no sistema endócrino de seres humanos e de outros animais. Estes produtos que, muitas vezes, são bioacumulados e altamente tóxicos, ao desregular o sistema endócrino são denominados de Desreguladores Endócrinos. A glândula tireoide é uma das mais importantes deste sistema. Possui função principalmente na homeostasia e na regulação do consumo de energia por todo o organismo e em todas as fases de desenvolvimento. A alteração hormonal tireoidiana relacionada aos desreguladores endócrinos é uma das mais relatadas na literatura, podendo tender ao hipotireoidismo ou ao hipertireoidismo, e o seu eixo fisiológico hormonal pode ser afetado pelos mais variados mecanismos de interferência. Os agrotóxicos representam o principal grupo químico de desregulador endócrino, devido à (ao): uso indiscriminado e por décadas, características estruturais semelhantes aos hormônios, persistência ambiental, bioacumulação no tecido adiposo, efeito transgeracional etc., apresentando impactos irreversíveis e mesmo após anos de exposição. Este trabalho irá dissertar, através de uma revisão bibliográfica narrativa em um período de 20 anos, quais os agrotóxicos podem desregular os hormônios tireoidianos nos seres humanos, seus efeitos tóxicos em potencial e quais os mecanismos de ação propostos. Foram avaliadas 73 publicações científicas específicas ao tema e outros estudos através das referências não obtidas na busca preliminar. A dissertação foi categorizada para os três principais grupos de exposição (gestantes e recém-nascidos, populacional e ocupacional). Os resultados foram muito heterogêneos entre os achados hormonais tireoidianos e os grupos químicos estudados, principalmente, devido à metodologia de análise hormonal e do agrotóxico e às características da amostra avaliada. Entretanto, um padrão hormonal sugestivo de hipotireoidismo foi principalmente encontrado nos estudos que envolviam agrotóxicos organoclorados, os quais foram os mais estudados nos três grupos de exposição, o que condiz com os mecanismos de ação propostos na literatura para este grupo químico. Os agrotóxicos anticolinesterásicos (organofosforados e carbamatos) foram expressivamente estudados principalmente nos grupos populacional e ocupacional. Apresentaram tanto alterações hormonais condizentes com hipotireoidismo e com hipertireoidismo, com uma maior tendência para esta última no grupo ocupacional, o que também foi relacionado com o mecanismo de ação mais proposto na literatura para esta categoria. Outros agrotóxicos, como fungicidas e herbicidas, estudados em menor número e às vezes como única publicação, apresentaram diversos resultados para as alterações hormonais tireoidianas e com mecanismos de ação ainda muito pouco elucidativos. O tema abordado é atual e de grande importância devido aos impactos para a saúde pública. Entretanto, ainda há muito que se conhecer sobre a desregulação endócrina tireoidiana nos seres humanos causada pelos agrotóxicos.