Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Pucciarelli, Maria Laura Rezende |
Orientador(a): |
Pereira, Maria Luiza Garnelo |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/47860
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Resumo: |
O objetivo deste estudo foi descrever e analisar o modelo assistencial utilizado pelas equipes de saúde da família na Unidade Básica de Saúde Fluvial Rio Negro. Buscou-se desvendar e compreender se existem adaptações no processo de trabalho para atenção básica à saúde na área rural, adaptações essas empreendidas ou necessárias. Foi realizado um estudo de caso, através de observação participativa e entrevista semiestruturada com os membros da equipe multidisciplinar para construção de uma abordagem relativa à visão dos profissionais sobre as adaptações dos processos de trabalho e a aplicação de diretrizes da ESF, uma vez que a proposta de conversão do modelo assistencial do barco é recente. Investigou-se a organização do atendimento diário desses profissionais na UBSF e quais são as responsabilidades e a atuação destes durante o período de preparação para a viagem. Buscou-se revelar se existia alguma especificidade no tipo de atendimento ofertado à população rural ribeirinha. A partir dessa perspectiva foi realizada uma descrição da rotina de trabalho, da interação da equipe e das adaptações realizadas para provimento do cuidado nesse modelo de unidade básica de saúde fluvial com estratégia de saúde da família. Constatou-se que existem adaptações nesse processo de trabalho provenientes de fontes diversas. A equipe de saúde expandida, que possui farmacêutico e assistente social. O tipo de convivência das equipes instaladas no barco que difere daquelas da área urbana, uma vez que além do horário de trabalho estendido nesse modelo, a convivência também ocorre nos horários de descanso. Outros fatores contribuintes para as adaptações são a disposição física da equipe para prover o cuidado à saúde, uma vez que existe um deslocamento entre unidade de saúde e comunidade durante todo o período de atendimento, promovendo uma dinamicidade e momentos de encontro com usuários diferentes dos padrões encontrados em áreas urbanas. Essa equipe expandida permite que os fluxos de atendimento sejam organizados com uma descentralização do médico e divisão de responsabilidades entre outros profissionais. Essa equipe ainda permite que a resolubilidade do serviço de saúde prestado seja maior e mais longitudinal, com o fornecimento de medicações específicas e ações do serviço social, como aposentadoria e benefícios sociais. Outras adaptações estão relacionadas aos fluxos dos programas de saúde como HIPERDIA e Planejamento familiar, nos quais a equipe adaptou responsabilidades para realização de busca ativa de usuários e facilitação de acesso à medicação impactando em uma maior adesão aos programas. Sobre a aplicação das diretrizes da ESF, a territorialização é uma das diretrizes que a equipe melhor conseguiu interpretar e colocar em ação, entretanto devido à programação de viagens, ao grande número de comunidades e à paisagem amazônica é um processo longo que necessita de melhor apoio da gestão para sua efetivação. As diretrizes de acolhimento e agenda programada ainda não são compreendidas em sua totalidade, porém existe a realização do acolhimento durante o trabalho vivo em ato. Essa análise evidenciou que apesar da aplicação de algumas diretrizes da ESF, ainda existem lacunas de treinamento e apoio da gestão para uma maior efetividade da conversão do modelo assistencial biomédico. O atendimento itinerante na região ribeirinha de Manaus, por ocorrer há aproximadamente 25 anos, apresenta algumas customizações devido as características próprias, relacionadas à paisagem, ao regime dos rios e a dificuldade de acesso da população à área urbana. A exploração da configuração desse atendimento, dos processos instituídos pela equipe e dessas customizações, por necessidades diversas, contribui para construção de uma reflexão acerca das demandas especificas dessa população em situação de vulnerabilidade e incita a discussão sobre estruturas e processos de trabalho capazes de oferecer resolutividade para essas demandas de saúde nas localidades rurais amazônicas. |