A gravidez na adolescência e efeitos adversos no recém-nascido: um estudo no município do Rio de Janeiro, 1999-2000

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2001
Autor(a) principal: Gama, Silvana Granado Nogueira da
Orientador(a): Szwarcwald, Celia Landmann
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4344
Resumo: Este estudo teve o propósito de investigar os possíveis efeitos adversos associados à gravidez na adolescência no Município do Rio de Janeiro - MRJ. A tese foi apresentada sob a forma de artigos. No primeiro deles, observou-se que entre 1980 e 1995, ao contrário das taxas de fecundidade que vêm diminuindo nas mulheres com 20 anos e mais, houve um crescimento das taxas de fecundidade nas adolescentes, em especial no grupo de 10 a 14 anos. Em uma amostra de nascimentos provenientes do SINASC/RJ, entre 1996 e 1998, os fatores determinantes do baixo peso ao nascer (BPN) foram comparados em dois grupos de mães, categorizados por idade de 15 a 19 e de 20 a 24 anos. Foram estimadas as associações entre as variáveis pela razão dos produtos cruzados - Odds Ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança. Utilizou-se também procedimentos de regressão logística. A proporção de BPN foi significativamente maior entre as mães adolescentes do que nas de 20-24 anos. O pré-natal não foi realizado em 13% das adolescentes, enquanto 10% do outro grupo não recebeu atendimento. Quando realizado o pré-natal, as adolescentes tiveram menos consultas. As mais velhas apresentaram melhor grau de instrução, em comparação às mais jovens. Entre as adolescentes, o percentual de recém-nascidos prematuros foi significativamente maior que no outro grupo. Diferenças foram observadas por tipo de maternidade (públicas/privadas), com predomínio de uso das públicas pelas adolescentes. A análise de regressão logística mostrou que existe um efeito da idade materna na explicação do BPN, mesmo quando controlado pelas outras variáveis. No segundo artigo, são comparadas as características socioeconômicas, a assistência pré-natal e o estilo de vida de três grupos de puérperas, um composto por adolescentes (<20 anos) e os demais por mulheres de 20-34 anos, categorizadas segundo experiência (ou não) de gravidez na adolescência. Foram entrevistadas 3508 puérperas no pós-parto em maternidades municipais e federais do MRJ. A análise estatística consistiu em utilizar testes qui-quadrado (χ2 ) para testar hipóteses de homogeneidade de proporções. Ao comparar os três grupos, observou-se uma situação mais desfavorável entre as mães de 20-34 anos com história de gravidez na adolescência. Estas têm pior nível de instrução, apresentam com maior freqüência hábitos de fumo e uso de drogas ilícitas durante a gestação e realizam menor número de consultas de atendimento pré-natal. Na última parte do estudo, apresentada no terceiro artigo, objetivou-se caracterizar o perfil das gestantes com atendimento pré-natal precário, segundo variáveis sociodemográficas, história reprodutiva da mãe, apoio familiar, satisfação com a gestação e comportamentos de risco durante a gravidez. Foram entrevistadas 1801 adolescentes no pós-parto imediato de maternidades públicas e conveniadas com o SUS no MRJ. A variável dependente foi o número de consultas no pré-natal (0-3; 4-6; 7 e mais consultas). A análise estatística foi dirigida a testar a hipótese de homogeneidade de proporções mediante análises bi e multivariada, com o uso de regressão logística múltipla. Foram encontradas maiores proporções de mães com número insuficiente de consultas (0-3), estatisticamente significativas, nos grupos de mães: de baixo nível de instrução; residentes em domicílios sem água encanada; que não vivem com o pai do bebê; com nascidos vivos anteriores; que não ficaram satisfeitas com a gestação; que não tiveram apoio do pai do bebê; que tentaram interromper a gestação e as que fumaram, beberam e/ou usaram drogas durante a gestação. A assistência pré-natal se apresentou neste estudo como uma política compensatória eficiente para a prevenção da prematuridade e do BPN, sobretudo entre as puérperas adolescentes. Aponta-se que as mães com piores condições de vida e comportamentos de risco na gravidez foram as que mais ficaram à margem da assistência pré-natal. Diante do papel relevante do atendimento pré-natal, é sugerida fortemente a ampliação da sua cobertura efetiva em todos os grupos sociais, sobretudo, aqueles marginalizados pela família e/ou sociedade. Cabe ressaltar a importância dos serviços de saúde na captação dessas gestantes através de programas de busca ativa, enfatizando o papel fundamental dos profissionais que atuam nos Programas de Saúde da Família - PSF, ainda que sua atuação esteja restrita a poucas comunidades do Município do Rio de Janeiro.