Excesso de peso em adolescentes brasileiros: desigualdades socioeconômicas e atitudes extremas para controle do peso corporal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Franco, Carolina Souza Ferreira
Orientador(a): Andrade, Fabíola Bof de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48345
Resumo: Introdução: Nas últimas três décadas a prevalência de excesso de peso aumentou consideravelmente entre adolescentes.Aspectos socioeconômicos, alimentação, prática de atividades físicas e aspectos psicológicos estão envolvidos na etiologia do excesso de peso. Objetivo: Mensurar as desigualdades socioeconômicas relacionadas ao excesso de peso e ao sedentarismo entre os adolescentes brasileiros, bem como analisar a associação entre atitudes extremas em relação ao peso com a percepção da imagem corporal e medidas de suporte familiar. Metodologia: Foram realizados dois estudos transversais com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE). No primeiro estudo as variáveis dependentes foram o excesso de peso e o sedentarismo. O excesso de peso foi avaliado por meio do Índice de Massa Corporal (IMC) para idade e sexo, expresso em escore z ≥ +1. O comportamento sedentário foi avaliado por meio da seguinte pergunta: “Em um dia de semana comum, quanto tempo você fica sentado(a) assistindo televisão, usando computador, jogando videogame, conversando com amigos(as) ou fazendo outras atividades sentado(a)? (não contar sábado, domingo, feriados e o tempo sentado na escola)”. Indivíduos que relataram comportamento sedentário maior que 2 horas por dia foram considerados sedentários. Outras covariáveis foram incluídas como ajuste nos modelos múltiplos: sexo; idade; tipo de escola (pública ou privada); situação da escola (urbana, rural); região do Brasil. A avaliação das desigualdades socioeconômicas relacionadas ao excesso de peso e ao sedentarismo foi feita por meio dos índices absoluto e relativo de desigualdade, respectivamente Slope Index of Inequality – Índice Absoluto de Desigualdade (SII) e Relative Index of Inequality – Índice Relativo de Desigualdade (RII), utilizando a escolaridade materna como medida de posição socioeconômica. No segundo estudo, a variável dependente foi a ocorrência de alguma atitude extrema em relação ao peso (sim/não). Esta foi avaliada por meio do autorrelato do uso de laxante ou indução de vômito “Nos últimos 30 dias, você vomitou ou tomou laxantes para perder peso ou evitar ganhar peso? sim/não” ou do uso de medicamento ou fórmula para perda de peso “Nos últimos 30 dias, você tomou algum remédio, fórmula ou outro produto para perder peso, sem acompanhamento médico? sim/não”. Indivíduos que relataram pelo menos uma das duas práticas foram classificados como com atitude extrema. As variáveis independentes de interesse foram a imagem corporal e medidas de suporte familiar [mora com os pais; responsáveis informados; refeição com responsáveis]. Outras covariáveis de ajuste foram escolaridade da mãe, sexo e idade. Resultados: Estudo 1: As prevalências de excesso de peso e sedentarismo no Brasil foram, respectivamente, 24,2% e 67,8%. A prevalência de excesso de peso variou de 20,7% na região Nordeste a 27,8% na região Sul. A prevalência de sedentarismo variou de 61,8% na região Norte a 70,3% na região Sudeste. Verificou-se associação direta e positiva entre melhores condições socioeconômicas e as prevalências de excesso de peso e sedentarismo. As desigualdades absolutas e relativas no excesso de peso foram significantes para o Brasil e para as regiões Norte e Sudeste. Com relação ao sedentarismo, verificou-se que as desigualdades absolutas e relativas foram significativas para o Brasil e todas as grandes regiões, com exceção do Sudeste. Estudo 2: A prevalência de atitudes extremas aumentou ao longo dos três inquéritos da PeNSE, sendo as prevalências ajustadas iguais a 6,4% (IC 95%: 6,0-6,8) em 2009, 9,0% (IC 95%: 8,6-9,5) em 2012 e 10,1% (IC 95%: 9,5-10,6) em 2015. A presença de suporte familiar de todas as fontes foi associada a menores chances de atitudes extremas. A chance de atitude extrema foi 18% menor para escolares que moravam com os pais, 52% menor para indivíduos que mantinham os responsáveis informados e 10% menor para os adolescentes que possuíam o hábito de comer com os responsáveis. Adolescentes que se perceberam gordos apresentaram chances 142% maiores de atitudes extremas do que aqueles que perceberam o seu peso como normal. Conclusões: O presente estudo encontrou desigualdades relacionadas ao excesso de peso e ao sedentarismo em adolescentes no Brasil e nas suas macrorregiões. O aumento na prevalência de atitudes extremas observado, aponta para a necessidade de se dar continuidade a PeNSE, para que haja o monitoramento constante da saúde dos adolescentes brasileiros.A presença de suporte familiar foi associada a menores chances de atitudes extremas, o que reforça a importância do trabalho conjunto entre escolas e famílias, como medida de prevenção para comportamentos não saudáveis e problemas de saúde.