Avaliação da Terceiro Ventriculostomia Endoscópica em lactentes: uma revisão sistemática da literatura e metanálise

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Paiva, Clara Magalhães
Orientador(a): Peixoto, Maria Virgínia Marques
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/48998
Resumo: Introdução: A hidrocefalia é um distúrbio da fisiologia do líquido cefalorraquidiano (LCR), usualmente associada ao aumento a pressão intracraniana (PIC) e expansão dos ventrículos cerebrais. Representa uma das condições mais comuns em neurocirurgia pediátrica. A terceiro ventriculostomia endoscópica (TVE) é uma opção de tratamento à hidrocefalia que visa eliminar a dependência do paciente às derivações ventrículo peritoneais. Embora a baixa idade seja associada à falha da TVE, ainda não existe consenso sobre a realização da TVE em crianças abaixo de 24 meses. Objetivos: Mensurar a taxa de falha da TVE em crianças até 24 meses; medir a associação entre menor idade, diferentes etiologias da hidrocefalia e a falha da TVE. Metodologia: Seguindo a metodologia do PRISMA-P foram identificados estudos nas bases com os descritores relacionados à TVE, falha e lactentes, sem limite de data. Várias etapas foram realizadas por dois pesquisadores de forma cega e independente. Nas leituras de resumo e texto completo aplicou-se um formulário de elegibilidade com critérios elaborados para esta RSL. Dois instrumentos - Escala de Newcastle-Ottawa e Formulário de análise de qualidade - viabilizaram a análise qualitativa que permitiu a inclusão e a extração de dados. Os testes Q e I2 avaliaram a heterogeneidade e o modelo de efeito randômico foi utilizado para o cálculo das estimativas metanalíticas. Os programas OpenMeta [Analyst] e Review Mananger versão 5.4 foram utilizados. Resultados: Foram identificados 440 estudos nas bases Pubmed, Embase e Lilacs e 1 por referência de artigo. Foram retirados 134 títulos duplicados, por não serem elegíveis 118 na leitura de resumos e 155 na leitura de textos completos. Dos 34 estudos analisados 8 foram excluídos pela análise de qualidade e após a retirada de uma coorte repetida foram incluídos 25 artigos. A taxa de falha da TVE variou de 14,6 a 77,8%. Não foi possível calcular uma estimativa sumária da taxa de falha dos estudos em função da alta heterogeneidade (I²: 82,2). Optou-se então pela metanálise em subgrupos. Não foi detectada heterogeneidade (I²=0, p=0,56) portanto, a medida metanalítica para a falha de acordo com a idade, comparando lactentes menores de 6 meses com lactentes de 6 a 24 meses foi RR=1,73 IC95%[1,22-2,45]. Ao considerar estenose de aqueduto a categoria de base para análise de outros subgrupos o RR metanalítico com significância estatística foi obtido para infecção 2,07 IC95%[1,13-3,79], para hemorragia intraventricular: 2,27 IC95%[1,40-3,68], para mielomeningocele : 2,13, IC95%[1,01-4,48]. Apesar da ausência de heterogeneidade, o RR para lesão de fossa posterior foi de 1,31 IC95%:[0,69-2,40] incluiu o valor nulo e não foi significativo (p= 0,41). A taxa de falha da repetição de TVE variou de 0-90%, as etiologias foram estenose de aqueduto, infecção, hemorragia e outros. Os principais achados na repetição do procedimento foram membrana adicional e estoma fechado. Discussão e Conclusões: A medida metanalítica sumária para taxa de falha não foi obtida devido à grande heterogeneidade dos estudos. Foram feitas tentativas de agrupamento por tamanho da casuística e por data de realização que poderiam sugerir maior domínio da técnica mas a heterogeneidade se manteve. As principais complicações relatadas foram fístula liquórica e hemorragia intraoperatória, relacionando-se com a falha da cirurgia. Não foi possível avaliar os lactentes que foram submetidos à TVE em associação com reservatório de LCR. Os resultados desta RSL e metanálise confirmam que a idade menor de 6 meses é um fator prognóstico para a falha da TVE e demonstram o valor prognóstico de outras etiologias da hidrocefalia como a infecção, a hemorragia intraventricular e a mielomeningocele onde o risco para a falha da TVE foi 2 vezes maior.