Estado nutricional de crianças e oferta alimentar do pré-escolar do Município de Coimbra, Portugal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Rito, Ana Isabel Gomes
Orientador(a): Anjos, Luiz Antonio dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4405
Resumo: Em virtude das melhorias socio-econômicas alcançadas no último quarto de século, Portugal obteve ganhos em saúde importantes, que o colocou a par dos seus parceiros europeus, mas a modernização levou também a alterações no estilo de vida e a comportamentos não saudáveis, como mudanças de hábitos alimentares e sedentarismo, que estão na origem de doenças crônicas-degenerativas como a obesidade. A promoção e a educação para a saúde, que concorrem para o combate deste flagelo mundial, só se tornam viáveis uma vez mapeada a situação nutricional infantil que, por não existir vigilância nutricional e alimentar em Portugal, se encontrava em falta. O presente estudo objetivou, caracterizar o estado nutricional de crianças pré-escolares de Coimbra, um município urbano da Região Centro, conhecendo, igualmente, a oferta alimentar dos Jardins de Infância, relacionando as condições nutricionais com as características ambientais. Foram avaliadas, em peso e estatura, 2400 crianças com idades compreendidas entre os 3 e 6 anos, de todos os Jardins de Infância (73) da Rede Pré-Escolar (Pública, Privada e Privada Solidária). Examinouse a tendência secular de crescimento e a relação do sobrepeso com as variáveis: sexo, idade, idade materna, nível de escolaridade e grupo socio-profissional dos progenitores. As famílias foram caracterizadas como tipicamente “urbanas”: um agregado familiar pequeno constituído pelos pais biológicos e na maioria um filho, a idade maternal, em média, acima dos 34 anos, em que ambos os progenitores assumiam igualdade de níveis superiores de instrução e socioprofissionais. Semelhante aos achados internacionais, os resultados revelaram que 10,5% das crianças apresentavam sobrepeso (valor-z do índice Peso/Estatura >+2 da mediana de referência do NCHS (1997), aumentando com a idade. Foram evidenciadas tendências seculares de aumento estaturais (1,9cm/década) e ponderais (2,9kg/década) em relação a estudos de 2 décadas atrás. A prevalência de sobrepeso mostrou maior associação com os níveis de instrução mais baixos e consequentemente com estratos socio-profissionais menos qualificados dos progenitores. A alimentação escolar mostrou diversas lacunas principalmente ao nível da orgânica e funcionalidade do setor alimentar e pela falta de profissionais de nutrição. A oferta alimentar das ementas mostrou essencialmente monotonia, pouca quantidade e variedade de fruta e legumes, uma utilização considerável de produtos processados (enchidos, fumados, pré-confeccionados) e uma oferta alimentar alta em gorduras e produtos açucarados. A gordura e sal de adição (utilizados na confecção alimentar) foram calculados. Os resultados mostraram que cada criança disponibiliza cerca de 13g de gordura e 0,9g de sal em média por almoço, o que representam valores muito próximos ao que deveriam disponibilizar no total diário. As conclusões do estudo sugerem a necessidade de intervenção urgente e em larga escala ao nível da população infantil, principalmente ao nível dos estratos mais carentes, por forma a contrariar o fenômeno crescente da obesidade, sob risco de se comprometer a saúde futura de todo um país.