A epidemia de Fitness: uma questão de saúde pública

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Bastos, Wanja de Carvalho
Orientador(a): Castiel, Luis David
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2505
Resumo: A proposta desse estudo é provocar um estranhamento a respeito de uma condição naturalizada e disseminada, principalmente pelos campos da saúde, política e economia, contudo apenas percebida, inicialmente, nos espaços de atuação da educação física. O fato em questão refere-se à transformação dos hábitos e comportamentos dos indivíduos, alvo de controle por parte de especialistas interessados em promover, a qualquer preço, a saúde, a beleza e o vigor dessas pessoas. No entanto, como o significado da saúde para esse conjunto de profissionais e leigos ficou reduzido aos seus aspectos biológicos, o corpo no século XXI se transformou em terreno favorável às ações obsessivas na ordem da prevenção. Outro ponto abordado no estudo é a rede estabelecida entre este fato e os empreendimentos criados por parte de empresas atuantes no mercado de bens destinados a otimizar a vida e a beleza; tudo isso com o endosso da ciência e da mídia de massa. O estudo, então, parte da visão foucaultiana de biopoder, acompanhando, ainda, as reformulações propostas para o nosso século, por Nikolas Rose, no que se refere a este poder sobre a vida dos indivíduos. É nesse sentido que traduzo a participação dos governos liberais avançados, na engrenagem de responsabilização do sujeito pela vida em si, como também interpreto o ambiente social estabelecido em decorrência desse processo de desqualificação do espaço público, incrementando projetos voltados à ampliação de estilos de vida individualizantes, ou seja, focados no próprio corpo. Dessa maneira, quando explano o interesse dos poderes oficiais e privados em incutir nos indivíduos a responsabilidade pela vida em si e todas as nuances embutidas nesse universo, emergem assuntos alinhados com as frequentes crises de insegurança, medo generalizado da morte e o lamentável perfil egoísta das relações modernas. Portanto, a atuação das autoridades engajadas com a biopolítica do indivíduo, não mais das populações, forja uma situação de sofrimento pouco considerada pela área da saúde. Foi por meio da articulação de conceitos como globalização, história da beleza, longevidade, hedonismo e o pensamento nietzscheano, que criei a base para construir a discussão teórica necessária que apontasse para o que denomino “epidemia de fitness”. O caminho realizado para atingir as fontes e o método empregado, dos saberes indiciários, partiu de um estudo de caso da Expo Wellness Rio 2009. E ainda, fazendo contraponto a este ambiente ascético, repleto de moralismo, em que as pessoas são impelidas ao autocontrole incessante, adoto a filosofia de Nietzsche para relativizar as certezas e ameaças sentidas pelo “homem doente”, expressão incessantemente empregada pelo filósofo em seu livro Genealogia da Moral.