Mosquiteiros impregnados com inseticidas de longa duração no controle da malária no Amazonas: percepção da população em áreas de risco e avaliação do perfil de susceptibilidade dos vetores ao inseticida

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Figueira, Elder Augusto Guimarães
Orientador(a): Lima, José Bento Pereira, Suárez Mutis, Martha Cecilia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57858
Resumo: O controle e eliminação da malária continuam sendo um desafio, a OMS estima um total de 241 milhões de casos de malária em todo o mundo no ano de 2020, estando distribuídos em 85 países endêmicos. Em 2021 o Brasil notificou 138.598 casos de malária autóctone o que representa uma redução de 77,5% se comparado o ano 2000. O Amazonas é o estado que concentra a maioria dos casos de malária do Brasil, em 2021 foi responsável por aproximadamente 44% casos de todo o país, com 61.165 casos. Os resultados alcançados com a redução em todo o mundo, evidenciam a possibilidade de eliminação desse agravo, desde que sejam utilizadas estratégias adequadas aos contextos locais de transmissão. Um dos pilares para o controle adequado da malária é o controle vetorial, que objetiva evitar o contato dos vetores com a população humana susceptível, por meio da eliminação de mosquitos infectados. Uma das estratégias amplamente utilizada para o controle de vetores são os mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração (MILDs). Nesse estudo foi avaliada a eficácia dos MILDs para o controle da malária em municípios do estado do Amazonas, investigando o impacto da utilização dessa ferramenta na redução de casos, além de descrever a percepção da população residente nas áreas de risco a respeito da eficácia dos mosquiteiros. Foram avaliados aspectos relacionados a durabilidade e persistência do inseticida na malha dos MILDs. Investigou-se a presença de marcadores moleculares relacionados à resistência aos piretróides. Foram instalados 23.219 mosquiteiros, nos municípios de Eirunepé, Lábrea, Manaus e Tabatinga, entre junho de 2016 e julho de 2017. Em números absolutos houve uma redução de -52,2% dos casos de malária no grupo de municípios avaliados, entre 2015 e 2019. A população atendida entende a importância do uso dos MILDs para proteção individual, e demostrou adequada adesão à ferramenta de controle, mas fica evidente que ações de educação em saúde na rotina de visitas domiciliares são necessárias para garantir o uso diário, além do correto manuseio e manutenção para melhorar a durabilidade e eficácia. A mortalidade dos mosquitos expostos ao contato com os MILDs apresentou resultados abaixo do esperado, após 12 meses de uso a mortalidade média caiu para 50% dos expostos, depois de 24 meses a mortalidade foi inferior a 6%. As análises moleculares nos mosquitos coletados nos quatro municípios incluídos nesse estudo não evidenciaram a presença de mutações que favorecem a ocorrência da resistência kdr, são necessários estudos mais amplos para investigar a presença de resistência metabólica nas populações de mosquitos da Amazônia brasileira. Conclui-se que mosquiteiros impregnados são uma estratégia com boa adesão para o controle da malária, entretanto a redução dos casos não pode ser atribuída unicamente ao uso de mosquiteiros, que deve ser entendido com uma estratégia complementar e que seu impacto positivo é alcançado desde que utilizado de forma integrada, especialmente com diagnóstico e tratamento oportuno e adequado. Estudos mais abrangentes que avaliem a resistência dos mosquitos vetores são necessários, dando segurança aos gestores de que estes estão usando estratégias de controle eficazes, além de garantia a proteção adequada da população atendida