Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Pereira, Pedro Henrique Braga |
Orientador(a): |
Melo, Eduardo Alves |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58527
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Resumo: |
Este trabalho pretendeu, diante do aumento exponencial da procura por pacientes e médicos pelos derivados da cannabis, de seu potencial terapêutico e relevância clínica, das dificuldades morais, sociais e clínicas presentes ao seu entorno, a alta prevalência do uso individual e falta de outros estudos que explorem o mesmo campo, explorar a prática médica no uso da cannabis enquanto recurso terapêutico no Brasil. A metodologia aqui utilizada, tanto para a produção quanto para a análise dos dados, foi uma combinação de autoetnografia com pesquisa narrativa. O material de pesquisa foi elaborado a partir das reconstruções de memórias de um médico de família e comunidade em encontros com pacientes que buscavam nos derivados da cannabis uma ferramenta terapêutica. Posteriormente, foi feita análise do material e foram selecionadas, de modo intencional, memórias que aglutinavam pontos considerados férteis para discussão e reflexão acerca do tema. Foram utilizados 3 principais eixos teóricos como referenciais para problematização dos resultados: 1. Medicina Baseada em Evidências; 2. Crise da biomedicina, autonomia do paciente e perspectivas de cuidado em saúde; 3. Aspectos biológicos e terapêuticos da cannabis. Os principais aspectos explorados foram: a formação de redes de cuidado entre pacientes, familiares, amigos e ativistas, frequentemente sem o envolvimento de um profissional de saúde; A fragmentada regulamentação das substâncias no país operando enquanto barreira de acesso e impactando no cuidado dos pacientes por diferentes vias; Uso da cannabis ferindo o ego médico e acarretando em desresponsabilização, comportamentos moralizantes e negligentes; A falta de capacitação técnica dos profissionais de saúde para lidarem com a questão da cannabis; A atmosfera de insegurança jurídico administrativa decorrentes da pobre regulamentação dos derivados da cannabis no país influenciando médicos e impactando negativamente no cuidado de pacientes; A estigmatização desproporcional do uso da cannabis para fins terapêuticos quando comparada ao fenômeno da medicalização no campo da saúde mental. A metodologia proposta nesta pesquisa não abre espaço para a descoberta de verdades universais ou absolutas. No entanto, permitiu identificar uma série de aspectos-chave que permeiam o uso da cannabis para fins terapêuticos no Brasil, assim como as linhas de força e fuga que regem, tensionam e sustentam o campo estudado. |