O modelo casa de parto como estratégia de desmedicalização do parto no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Medina, Edymara Tatagiba
Orientador(a): Gama, Silvana Granado Nogueira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52854
Resumo: O objetivo geral foi analisar as boas práticas, intervenções e resultados perinatais do modelo de parto adotado na Casa de Parto do RJ às mulheres de risco habitual em comparação ao modelo hospitalar de unidades da Região Sudeste da pesquisa Nascer no Brasil, estudo trans-versal, 2011-2012. A tese foi estruturada em três artigos. No primeiro realizou-se revisão de escopo para identificar estudos sobre Centros de Parto Normal – CPN no Brasil, a partir das bases de dados do Portal de Periódicos CAPES/MEC, Portal BVS, CINAHL, PUBMED, LILACS, Scielo, Science Direct, Scopus e Banco de Teses e Dissertações da CAPES. Estudos descritivos apontam que os CPN ofertam mais boas práticas e redução das intervenções, com-parados ao modelo hospitalar. O segundo artigo analisou a conformidade do cuidado às Dire-trizes Nacionais da Assistência ao Parto Normal. Estudo transversal com análise de 952 pron-tuários da Casa de Parto, entre 2014 e 2018. Utilizou-se matriz de julgamento, classificando-se como conformidade total (≥ 75,0%), parcial (50,0%-74,9%), incipiente (49,9%-25,0%) e não conformidade (< 24,9%). Encontrou-se que o cuidado na Casa de Parto está em conformidade total com as recomendações das Diretrizes Nacionais. No terceiro artigo comparou-se modelos da Casa de Parto, 408 observações e da pesquisa Nascer no Brasil, com 1107. A amostra foi ponderada por escore de propensão, utilizando conjunto de ajuste mínimo: idade, cor da pele, escolaridade, integridade de membranas e dilatação ≥ 4cm, para estimar o efeito causal do local de parto sobre os desfechos estudados. Os resultados apontam que, no Modelo Casa de Parto, comparada ao Modelo Hospitalar, a mulher teve maior chance de ter o acompanhante no parto (OR= 32,23; IC95%: 11,15 - 93,19), dieta (OR= 856,32; IC 95%: 119,37- 6143,02), movimen-tar-se (OR=7,68; IC95%: 4,75 – 12,42), usar métodos não farmacológicos para alívio da dor (OR= 28,24; IC95%: 17,37 – 45,91), posição verticalizada (OR= 247,78; IC95%: 147,54 – 416,14) menor chance de utilizar ocitocina (OR= 0,22; IC95%: 0,16 - 0,30), amniotomia (OR= 0,01; IC95%: 0,01 - 0,04), episiotomia (OR= 0,01; IC95%: 0,00 – 0,02) e manobras de Kristel-ler (OR= 0,01; IC95%: 0,00 – 0,03). O recém-nascido apresentou maior chance de aleitamento exclusivo (OR= 1,82; IC95%: 1,15 – 2,89) e menor chance de aspiração de vias aéreas (OR=0,24; IC95%: 0,18 – 0,33) e gástrica (OR= 0,15; IC95%: 0,1 – 0,23). O cuidado na Casa de Parto do Rio de Janeiro é seguro, desmedicalizado, com maior oferta de boas práticas e menor uso de intervenções desnecessárias, sem qualquer impacto negativo nos resultados da assistência obstétrica.