Crescimento e composição corporal de pacientes com gastrosquise no primeiro ano de vida: estudo de série de casos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Martins, Bianca de Moraes Rego
Orientador(a): Moreira, Maria Elisabeth Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57436
Resumo: Contexto: A gastrosquise (GTQ) é uma malformação da parede abdominal que vem crescendo em incidência no mundo todo. Em países desenvolvidos a mortalidade é baixa, porém a morbidade pode ser alta e há um risco maior de déficit do crescimento. Objetivos: 1) Descrever as características demográficas e os desfechos clínicos e cirúrgicos, no período neonatal, das crianças com GTQ num centro de referência brasileiro; 2) Avaliar o crescimento e a composição corporal (CC) dessas crianças durante o primeiro ano de vida. Métodos: Estudo prospectivo, em uma série de casos de GTQ de uma única instituição, coletando os dados dos prontuários do nascimento até a alta hospitalar e em idades chaves do 1° ano de vida. As medidas antropométricas (peso, comprimento e perímetro cefálico) foram realizadas ao nascimento, na alta hospitalar e aos 3, 6 e 12 meses de vida. Já a composição corporal (via pletismografia por deslocamento de ar), foi feita antes da alta hospitalar e aos 3 meses de vida. Todos os resultados foram comparados com os de crianças saudáveis publicados anteriormente. Uma análise de regressão multivariada foi realizada, procurando por fatores que poderiam alterar a CC. Resultados: Foram admitidas 131 crianças com GTQ na instituição no período do estudo, mas foi realizada uma análise inicial das primeiras 79. Houve 70 casos de GTQ simples e 9 de GTQ complexa. O tempo de dieta zero foi 1,5 vezes maior, o tempo de nutrição parenteral total duas vezes maior e o tempo de internação 2,5 vezes maior nos pacientes com GTQ complexa. A taxa global de óbito foi de 4%. Houve uma diminuição significativa da média do escore z (ESZ) de todas as medidas antropométricas desde o nascimento até a alta. Dentre as crianças que realizaram 2 exames de CC, a média do % de gordura no primeiro exame (CC1) foi de 11,1%, equivalente ao percentil 50 da curva de referência, e de 18,5% no segundo exame (CC2), equivalente ao percentil 10 da curva de referência. Já a média da massa magra no CC1 foi equivalente ao percentil 3 e aumentou para percentil 10 no CC2. Meninos apresentaram significativamente mais massa magra do que meninas, em ambas as avaliações. A regressão multivariada mostrou que a prematuridade foi associada a uma diminuição significativa da massa magra no CC1 (p=<0.01) e que o aleitamento materno exclusivo foi associado a um significativo aumento do % de gordura no CC2 (p= 0.02). Finalmente, os 48 pacientes que tinham medidas antropométricas em todos os momentos de avaliação, mostraram uma recuperação completa da média do ESZ de nascimento aos 12 meses de vida. Conclusão: Pacientes com GTQ atendidos num centro de referência brasileiro apresentaram baixa mortalidade, mas alta morbidade, principalmente aqueles com GTQ complexa. Foram observadas alterações importantes nas medidas antropométricas durante o primeiro ano de vida, mas uma recuperação completa da média do ESZ de todas essas medidas aos 12 meses. A CC na alta mostrou que as crianças com GTQ são mais leves, mas apresentam % de gordura semelhante e massa magra menor do que as crianças saudáveis de mesma idade gestacional. Aos 3 meses de vida, elas continuaram mais leves, mas com % de gordura menor, e alguma recuperação da massa magra.