Ocorrência e preditores clínicos de pseudocrise hipertensiva no atendimento de emergência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Souza, Silvestre Sobrinho M. de
Orientador(a): Souza, Carlos Alfredo Marcílio de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34668
Resumo: Unidades de emergência freqüentemente lidam com indivíduos hipertensos sintomáticos, sem risco potencial de lesão aguda em órgãos alvo. Estas situações, denominadas “pseudocrise hipertensiva”, são comu mente confundidas com crise hipertensiva. Tal equívoco pode implicar em tratamento indevido, redução abrupta da pressão arterial (PA) e risco de is- quemia em órgãos-alvo. Descrever a prevalência de pseudo crise hipertensiva em indivíduos atendidos em Unidades de emergência com PA diastólica 120 mmHg; 2) Verificar se há diferença entre os serviços pri vado e público, quanto à prevalência de pseudocrise hipertensiva; 3) Des crever a ocorrência de tratamento indevido de pseudocrise, comparando os dois serviços; 4) Descrever características clínicas na triagem que possam identificar maior chance de pseudocrise; 5) Confirmar o caráter mais benig no da pseudocrise, comparando-a com a crise hipertensiva. Estudo transversal. Durante 06 meses foram incluídos, consecutivamente, indivíduos maiores de 18 anos, atendidos nas Emergências do Hospital da Cidade (HC) e do Hospital Geral do Estado (HGE). Pseudocrise hipertensiva foi definida como ausência de situações que definissem crise hipertensiva, de acordo com a Diretriz Brasileira de Hi pertensão Arterial. Foram testados como preditores clínicos de pseudocrise: idade, gênero, raça, escolaridade, sintomas na admissão e condições clíni cas prévias. O seguimento durou todo o período do estudo e até 03 meses após a inclusão do último indivíduo. Resultados: Estudados 1 10 indivíduos, idade 58 ± 15 anos, 64% do sexo feminino, 56 no HC e 54 no HGE. A preva lência de pseudocrise foi 48% (95% IC = 40% - 56%), sendo maior no servi- ço privado, comparado ao público (59% vs. 37%, p = 0,02). O tratamento indevido de pseudocrise foi semelhante nos serviços privado e público, res pectivamente (94% vs. 95%, p = 0,87). Indivíduos com pseudocrise eram mais freqüentemente da raça branca (36% vs. 19%, p = 0,045), apresenta- vam cefaléia como queixa mais freqüente (60% vs. 19%, p < 0,001), e níveis mais baixos de PA sistólica (196 ± 23 vs. 214 ± 30 mmHg, p = 0,001) e PA diastólica (124 ± 6 vs. 137 ± 21 mmHg, p < 0,001), quando comparados à- queles com crise hipertensiva. Pseudocrise esteve menos associada, ainda, à doença arterial coronariana (0% vs. 12%, p = 0,008) e à insuficiência car díaca (0% vs. 8,8%, p = 0,03). Após análise multivariada, permaneceram significativas as variáveis “cefaléia” (p < 0,001 ) e “PA diastólica” (p = 0,002) como preditores de pseudocrise. Ao final do seguimento, todos os indivíduos do grupo “pseudocrise” continuavam vivos, enquanto 12 indivíduos (21%) do grupo “crise hipertensiva” evoluíram para óbito (p = 0,0004). 1) Pseudocrise hipertensiva é uma condição de elevada prevalência em indiví duos atendidos em Unidades de emergência; 2) Existe maior chance de pseudocrise no serviço privado; 3) E elevada a prevalência de tratamento indevido de pseudocrise nos serviços privado e público; 4) Presença de ce faléia e menores níveis de PA diastólica representam maior chance para es- ta condição clínica; 5) Pseudocrise hipertensiva é uma condição clínica que apresenta baixa mortalidade.