Surdos no digital: a dimensão discursiva da Libras em espaços enunciativos informatizados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Favaro, Maria Helena
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/31915
Resumo: Nesta tese, ancorada na Análise do Discurso pecheutiana, procuramos analisar a dimensão discursiva da Libras, em sua imbricação com a materialidade técnica, nos Espaços Enunciativos Informatizados – EEIs, (GALLO; SILVEIRA, 2017). Para isso, realizamos um recorte analítico para constituir um arquivo no qual circulam dizeres de sujeitos surdos nesses EEIs, a fim de pensar o funcionamento da posição-sujeito surdo que está se constituindo nesse processo. Pensamos também a forma como as Formações Discursivas (FDs) nas quais discursos relacionados aos surdos e às línguas de sinais têm, historicamente, se constituído, seguem, também no digital, disputando sentidos e produzindo deslocamentos sobre o que é ser surdo na sociedade, e sobre a maneira como a língua de sinais esteve – e continua - no entremeio do possível/impossível de se realizar. Assim, constituímos nosso corpus de análise a partir de vídeos no Youtube e vídeos e postagens no Instagram, de sujeitos surdos cujos discursos, por vezes contraditórios entre si, estão submetidos à mesma normatização técnica. Observamos que a normatização do digital (GALLO; SILVEIRA, 2017), que permite que diferentes materialidades significantes atuem em composição (LAGAZZI, 2012) para uma produção discursiva que se constitui visuoespacialmente e que circule em diferentes EEIs, se configura enquanto uma forma inédita de o sujeito surdo sinalizante assumir uma posição de autoria sobre sua própria discursividade, em sua língua – a língua de sinais, na forma-discurso de escritoralidade (GALLO, 2011a), provocando o importante deslocamento do discurso sobre o surdo para o discurso do surdo. Ao olharmos para diversos vídeos de um canal do Youtube, criado por um sujeito surdo sinalizante, compreendemos que a maneira como a imbricação da Libras com a materialidade técnica digital provoca um acontecimento discursivo ao deslocar sentidos tanto sobre a língua quanto sobre o sujeito surdo, sentidos estes que se constituíram nas diversas formas pelas quais, historicamente, a língua de sinais e a forma de existir enquanto sujeito surdo foram socialmente deslegitimados e desautorizados. Neste canal, discursos sobre e em Libras circulam, pela primeira vez, sem mediação, ampliando a possibilidade de interlocução, também nesta língua, da discursividade surda para além da comunidade surda, anunciando, assim, um efeito-autor que situa o sujeito surdo na função-autor, legitimada pela circulação.