Incidência estimada de lesão hepática induzida por medicamento: um estudo observacional de casos a partir de uma lista de medicamentos altamente hepatotóxicos prescritos no ambulatório do HC-FMUSP

• Main Author: Oliveira, Ariane Bóccoli Minari de
• Publication Date: 2025
• Format: Master thesis
• Language: por
• Source: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
• Download full: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-10102025-141209/
• topic: Doença hepática induzida por substâncias e drogas; Drug adverse reaction; Drug hepatotoxicity; Drug induced liver injury (DILI); Farmacovigilância; Hepatite tóxica; Hepatotoxicidade medicamentosa; Incidence; Incidência; Pharmacovigilance; Reação adversa a medicamento; Toxic hepatites

Injuria hepática induzida por medicamento (DILI) é um dano inesperado que os medicamentos de uso comum podem causar ao fígado, incluindo danos aos hepatócitos e outras células do fígado (1). A incidência na população geral varia de 2.3 a 23.8 casos por 100 mil habitantes/ ano (2). Objetivo: identificar a incidência estimada da DILI em pacientes ambulatoriais em uso de medicamentos definidos como alto risco de hepatotoxicidade (DILImost) em um estudo retrospectivo. Método: o estudo foi unicêntrico, descritivo, de caso controle, realizado no ambulatório de um hospital terciário / quaternário no período de março a julho de 2022. A lista de medicamentos hepatotóxicos foi definida pelo cruzamento dos medicamentos DILImost do DILIrank com a lista de medicamentos padronizados do hospital. A DILI foi identificada nos pacientes em uso de DILImost e com enzimas hepáticas alteradas, conforme os critérios da escala de Roussel Uclaf Causality Assessment Method (RUCAM). Os dados foram fornecidos em formato de relatório pela equipe de tecnologia da informação do hospital. Resultado: foram definidos 72 medicamentos DILImost. Os relatórios apresentaram 42.043 prescrições DILImost e 301 pacientes tinham alterações nas enzimas hepáticas. 33 casos de DILI foram identificados (21,2% notificados à farmacovigilância). A incidência estimada foi de 32.7 casos por 100.000 habitantes / ano. Doença hepática prévia e exames de imagem do fígado alterados tiveram maior proporção no grupo sem DILI (p=0,028 e p=0,0019 respectivamente). Os pacientes tiveram um predomínio de DILI leve (72,7%), intrínseca (69,7%) e lesão hepatocelular (54,5%). Destas, tivemos o sexo feminino com 88.9% e idade entre 18 e 39 anos (pacientes jovens) com 55.5% dos casos. Os anti-infecciososos representaram 42,4%, seguidos pelos medicamentos do sistema nervoso central com 21,2% dos casos. Pacientes com DILI moderada / severa tiveram maior número de sintomas (p = 0,0008). Conclusão: A incidência da DILI foi de 32,7 casos por 100.000 habitantes/ano (superior à literatura). Houve subnotificação (21,2% do total do estudo). Isso reflete a realidade do sistema.