Saúde e direito: rede intersetorial de enfrentamento e atendimento a casos de violência doméstica, sexual e aborto no Brasil a partir de normas federais
| Autor(a) principal: | |
|---|---|
| Data de Publicação: | 2024 |
| Tipo de documento: | Dissertação |
| Idioma: | por |
| Título da fonte: | Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP |
| Texto Completo: | https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-02122024-151443/ |
Resumo: | Vem crescendo o número de estudos acerca da rede intersetorial de atendimento a mulheres em situação de violência no Brasil, assim como, uma preocupação com relação ao apagamento das vivências de pessoas fora do padrão, prejudicando o acesso destas aos serviços da rede. A presente pesquisa é de natureza mista de base documental, cujo principal objetivo foi identificar se havia articulação, e como ela acontecia, entre o Campo da Saúde e o Campo Jurídico, a partir de normas que definem os procedimentos de atendimento e prevenção a casos de violência doméstica e sexual contra mulheres no Brasil, incluindo aquelas normas que dispõem sobre aborto. Além disso, buscou-se alcançar indiretamente, por via das normas, as práticas dos agentes do Campo Jurídico e do Campo da Saúde, como práticas sociais ideais, examinou-se as normas com especial destaque a presença ou a ausência de consideração acerca da diversidade das realidades e as necessidades das mulheres que são beneficiárias dos serviços. Esta parte foi feita com base na identificação de marcadores sociais da diferença presentes nas normas, utilizando como ferramenta de análise o conceito de interseccionalidade. A base de dados utilizada foi a Seção 1 do Diário Oficial da União, entre os anos de 2002 e 2016, fazendo um panorama de 15 anos, contemplando os anos anteriores e posteriores à publicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). A base de dados original, contendo todos os arquivos de publicações na Seção 1 do Diário Oficial da União (no período estudado) totalizou 1.264.307 arquivos, sobre os quais foi aplicada uma rotina em Python para automatização da aplicação de termos de busca e geração de tabelas por ano em Excel, com os arquivos contendo os termos de busca. Isso resultou em 15 tabelas de Excel (cada uma para um ano entre 2002 e 2016), contendo um total de 13.976 arquivos. Novos filtros foram aplicados manualmente para que restassem apenas as normas relativas à prevenção, ao enfrentamento e ao atendimento a casos de violência doméstica, sexual e/ou aborto. Este processo resultou em um total de 178 normas, as quais foram analisadas a partir da ferramenta metodológica de Análise de Conteúdo, confirmando a hipótese de que são poucas as que articulam a atuação dos profissionais, instituições e serviços do Campo da Saúde e do Campo Jurídico. Também foi confirmada a hipótese de que são poucas as normas que fazem uso de marcadores sociais da diferença para reconhecer a diversidade de mulheridades, ignorando, na maior parte das vezes, outras formas de opressão (como as baseadas em raça, classe, sexualidade, identidade de gênero, idade e deficiência), que também produzem efeitos em como a violência doméstica, sexual e/ou aborto ocorrem, assim como, no atendimento decorrente destas situações. Não obstante, nota-se que houve, ao longo do tempo estudado, um aumento progressivo no número de normas que abordam ambos os temas, sobretudo após a Lei Maria da Penha |
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Saúde e direito: rede intersetorial de enfrentamento e atendimento a casos de violência doméstica, sexual e aborto no Brasil a partir de normas federaisHealth and law: intersectoral network for coping with and providing assistance to cases of domestic and sexual violence and abortion in Brazil based on federal normsDomestic violenceInterseccionalidadeIntersectionalityIntersectoral networksIntersectoralityIntersetorialidadeRedes intersetoriaisSexual violenceViolence against womenViolência contra a mulherViolência domésticaViolência sexualVem crescendo o número de estudos acerca da rede intersetorial de atendimento a mulheres em situação de violência no Brasil, assim como, uma preocupação com relação ao apagamento das vivências de pessoas fora do padrão, prejudicando o acesso destas aos serviços da rede. A presente pesquisa é de natureza mista de base documental, cujo principal objetivo foi identificar se havia articulação, e como ela acontecia, entre o Campo da Saúde e o Campo Jurídico, a partir de normas que definem os procedimentos de atendimento e prevenção a casos de violência doméstica e sexual contra mulheres no Brasil, incluindo aquelas normas que dispõem sobre aborto. Além disso, buscou-se alcançar indiretamente, por via das normas, as práticas dos agentes do Campo Jurídico e do Campo da Saúde, como práticas sociais ideais, examinou-se as normas com especial destaque a presença ou a ausência de consideração acerca da diversidade das realidades e as necessidades das mulheres que são beneficiárias dos serviços. Esta parte foi feita com base na identificação de marcadores sociais da diferença presentes nas normas, utilizando como ferramenta de análise o conceito de interseccionalidade. A base de dados utilizada foi a Seção 1 do Diário Oficial da União, entre os anos de 2002 e 2016, fazendo um panorama de 15 anos, contemplando os anos anteriores e posteriores à publicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). A base de dados original, contendo todos os arquivos de publicações na Seção 1 do Diário Oficial da União (no período estudado) totalizou 1.264.307 arquivos, sobre os quais foi aplicada uma rotina em Python para automatização da aplicação de termos de busca e geração de tabelas por ano em Excel, com os arquivos contendo os termos de busca. Isso resultou em 15 tabelas de Excel (cada uma para um ano entre 2002 e 2016), contendo um total de 13.976 arquivos. Novos filtros foram aplicados manualmente para que restassem apenas as normas relativas à prevenção, ao enfrentamento e ao atendimento a casos de violência doméstica, sexual e/ou aborto. Este processo resultou em um total de 178 normas, as quais foram analisadas a partir da ferramenta metodológica de Análise de Conteúdo, confirmando a hipótese de que são poucas as que articulam a atuação dos profissionais, instituições e serviços do Campo da Saúde e do Campo Jurídico. Também foi confirmada a hipótese de que são poucas as normas que fazem uso de marcadores sociais da diferença para reconhecer a diversidade de mulheridades, ignorando, na maior parte das vezes, outras formas de opressão (como as baseadas em raça, classe, sexualidade, identidade de gênero, idade e deficiência), que também produzem efeitos em como a violência doméstica, sexual e/ou aborto ocorrem, assim como, no atendimento decorrente destas situações. Não obstante, nota-se que houve, ao longo do tempo estudado, um aumento progressivo no número de normas que abordam ambos os temas, sobretudo após a Lei Maria da PenhaThere has been a growing number of studies on the intersectoral network of care for women who were subjected to violence in Brazil, as well as concern about the erasure of the experiences of those women who are not part of hegemonic groups, hindering their access to the network\'s services. This is a mixed-methods, document-based study whose main objective was to identify whether and how occurred the articulation between the Health Field and the Legal Field, based on norms that define procedures for care and prevention of domestic and sexual violence against women in Brazil, including norms that deal with abortion. In addition, the aim was to look indirectly, through the norms, at the practices of the agents in the Legal Field and the Health Field, as ideal social practices, also examining norms with special emphasis on presence or absence of consideration of the diversity of realities and needs of women who benefit from the services. This part was based on the identification of social markers of difference present in the norms, using the concept of intersectionality as a tool for analysis. The database used was Section 1 of the Brazilian Federal Official Gazette, from 2002 to 2016, covering 15 years, including the years before and after the publication of Maria da Penha Act (Act n° 11.340/2006). The original database, containing all the publication files in Section 1 of the Brazilian Federal Official Gazette (in the period studied) totaled 1,264,307 files, on which a Python routine was applied to automate the application of search terms and generate Excel tables by year, with the files containing the search terms. This resulted in 15 Excel tables (each for a year between 2002 and 2016), containing a total of 13,976 files. New filters were applied manually so that only norms relating to the coping, prevention and care of cases of domestic and sexual violence and/or abortion remained. This process resulted in a total of 178 norms, which were analyzed using the methodological tool of Content Analysis, confirming the hypothesis that there are few norms that articulate the work of professionals, institutions and services in the Health Field and the Legal Field. The hypothesis was also confirmed that few norms make use of social markers of difference to recognize the diversity of \"womanhoods\", mostly ignoring other forms of oppression (such as those based on race, class, sexuality, gender identity, age and disability) which also have an effect on how domestic and sexual violence and/or abortion occur, as well as on the care provided in those situations. Nevertheless, it can be seen that there has been a progressive increase in the number of norms addressing both issues over the time period studied, especially after the Maria da Penha Act|Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USPSchraiber, Lilia BlimaGherini, Pamela Michelena De Marchi2024-08-02info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5137/tde-02122024-151443/reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USPinstname:Universidade de São Paulo (USP)instacron:USPLiberar o conteúdo para acesso público.info:eu-repo/semantics/openAccesspor2024-12-17T15:13:02Zoai:teses.usp.br:tde-02122024-151443Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www.teses.usp.br/PUBhttp://www.teses.usp.br/cgi-bin/mtd2br.plvirginia@if.usp.br|| atendimento@aguia.usp.br||virginia@if.usp.bropendoar:27212024-12-17T15:13:02Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP - Universidade de São Paulo (USP)false |
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Vem crescendo o número de estudos acerca da rede intersetorial de atendimento a mulheres em situação de violência no Brasil, assim como, uma preocupação com relação ao apagamento das vivências de pessoas fora do padrão, prejudicando o acesso destas aos serviços da rede. A presente pesquisa é de natureza mista de base documental, cujo principal objetivo foi identificar se havia articulação, e como ela acontecia, entre o Campo da Saúde e o Campo Jurídico, a partir de normas que definem os procedimentos de atendimento e prevenção a casos de violência doméstica e sexual contra mulheres no Brasil, incluindo aquelas normas que dispõem sobre aborto. Além disso, buscou-se alcançar indiretamente, por via das normas, as práticas dos agentes do Campo Jurídico e do Campo da Saúde, como práticas sociais ideais, examinou-se as normas com especial destaque a presença ou a ausência de consideração acerca da diversidade das realidades e as necessidades das mulheres que são beneficiárias dos serviços. Esta parte foi feita com base na identificação de marcadores sociais da diferença presentes nas normas, utilizando como ferramenta de análise o conceito de interseccionalidade. A base de dados utilizada foi a Seção 1 do Diário Oficial da União, entre os anos de 2002 e 2016, fazendo um panorama de 15 anos, contemplando os anos anteriores e posteriores à publicação da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). A base de dados original, contendo todos os arquivos de publicações na Seção 1 do Diário Oficial da União (no período estudado) totalizou 1.264.307 arquivos, sobre os quais foi aplicada uma rotina em Python para automatização da aplicação de termos de busca e geração de tabelas por ano em Excel, com os arquivos contendo os termos de busca. Isso resultou em 15 tabelas de Excel (cada uma para um ano entre 2002 e 2016), contendo um total de 13.976 arquivos. Novos filtros foram aplicados manualmente para que restassem apenas as normas relativas à prevenção, ao enfrentamento e ao atendimento a casos de violência doméstica, sexual e/ou aborto. Este processo resultou em um total de 178 normas, as quais foram analisadas a partir da ferramenta metodológica de Análise de Conteúdo, confirmando a hipótese de que são poucas as que articulam a atuação dos profissionais, instituições e serviços do Campo da Saúde e do Campo Jurídico. Também foi confirmada a hipótese de que são poucas as normas que fazem uso de marcadores sociais da diferença para reconhecer a diversidade de mulheridades, ignorando, na maior parte das vezes, outras formas de opressão (como as baseadas em raça, classe, sexualidade, identidade de gênero, idade e deficiência), que também produzem efeitos em como a violência doméstica, sexual e/ou aborto ocorrem, assim como, no atendimento decorrente destas situações. Não obstante, nota-se que houve, ao longo do tempo estudado, um aumento progressivo no número de normas que abordam ambos os temas, sobretudo após a Lei Maria da Penha |
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