Intoxicação espontânea por larvas de Perreyia flavipes (pergidae) em ovinos e bovinos e intoxicação experimental em ovinos e coelhos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2018 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Acta Scientiae Veterinariae (Online) |
Texto Completo: | https://seer.ufrgs.br/index.php/ActaScientiaeVeterinariae/article/view/17325 |
Resumo: | Entre os meses de junho e agosto de 2006 dois surtos de intoxicação pelas larvas de P. flavipes ocorreram, um em ovinos (surto 1) e outro em bovinos (surto 2). O surto nos ovinos ocorreu nos meses de junho e julho, no município de Encruzilhada do Sul/RS, e morreram 25 ovinos de um rebanho de 175 ovinos e 11 bovinos. Os ovinos eram mantidos em uma área de 40 hectares de pasto nativo. O surto nos bovinos ocorreu no mês de agosto, no município de Sombrio/SC, e morreram 17 animais que estavam num lote de 77 bovinos, o rebanho total da propriedade era de 280 animais. O lote de bovinos estava em uma área de 90 hectares, onde dois animais morreram devido à ingestão das larvas de P. flavipes. O lote foi transferido para outra área, onde morreram mais 15 animais em um período de 5 dias. Seis ovinos do surto 1 e seis bovinos do surto 2 foram necropsiados. Grande quantidade de agrupamentos de larvas de P. flavipes foram encontradas no campo e no rúmen dos animais de ambos os surtos. Larvas de P. flavipes foram coletadas em ambos os surtos e foram armazenadas congeladas a -20ºC. Larvas frescas e larvas congeladas foram administradas para 6 ovinos, por meio de uma seringa com a ponta cortada. A menor dose letal foi de 7,5 g/kg em administração única. Animais que receberam doses sub-letais de 5 g/kg e posteriormente doses letais de 10 g/kg e 15 g/kg em intervalos de 15 e 30 dias, mostraram menor sensibilidade à intoxicação, um animal não adoeceu e outro adoeceu apenas depois de receber uma dose de 15 g/kg. Os animais intoxicados experimentalmente mostraram sinais de doença cerca de 48 horas e morreram cerca de 54 horas após a intoxicação. O exame bioquímico, realizado em intervalos de 12 horas, revelou alterações apenas nos animais que adoeceram. Os níveis séricos de GGT apresentavam-se elevados depois de 24 horas da intoxicação e continuaram a se elevar até a morte; AST apresentou aumento significativo cerca de 30 horas após a dosificação e, posteriormente, decaindo até a morte; os níveis séricos de glicose sofreram queda próximo à morte dos animais. As lesões de necropsia, observadas nos casos espontâneos e experimentais, foram semelhantes e mais consistentes no fígado, que se apresentava com acentuação do padrão lobular e com áreas de coloração amarelada com petéquias subcapsulares. Foram observados também edemas cavitários, edema da parede da vesícula biliar, perirrenal e na região inicial do duodeno, pâncreas e abomaso. Além das hemorragias no fígado, havia hemorragias no tecido subcutâneo, coração, e mucosas e serosas da cavidade abdominal. O principal achado histopatológico era caracterizado por necrose coagulativa centrolobular ou massiva, associada à hemorragia e congestão centrolobular e degeneração e tumefação hepática na região periportal. Observou-se, ainda, depleção e necrose linfóide nos centros germinativos de linfonodos, nas placas de Peyer e na polpa branca do baço. A microscopia eletrônica demonstrou lesão hepática com hepatócitos necróticos, e dilatação dos espaços de Disse e endotélio vascular. Foi observada também intensa proliferação de retículo endoplasmático liso no animal que recebeu doses graduais das larvas. As larvas descongeladas e dessecadas a 100ºC, por 24 horas, foram administradas a um coelho e mostraramse tóxicas. Outros dois coelhos receberam frações sólidas e líquidas das larvas, respectivamente, e apenas o coelho que recebeu a fração sólida morreu. |
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