Para além do visível: princípios para uma audiodescrição menos visocêntrica

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Main Author: Silva, Manoela Cristina Correia Carvalho da
Publication Date: 2019
Format: Doctoral thesis
Language: por
Source: Repositório Institucional da UFBA
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Summary: A audiodescrição (AD) é uma modalidade de tradução que visa tornar acessíveis informações-chaves transmitidas de modo essencialmente visual. Seu público primário é formado por pessoas cegas e com baixa visão para as quais o recurso é não só uma fonte de informações, como também de lazer. A AD chegou ao Brasil há quase duas décadas. Nos últimos anos, a atividade deixou as sombras e ganhou o status de ocupação oficial, sendo incluída na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Como resultado, a qualidade das descrições oferecidas e sua adequação ao público-alvo têm se tornado questões de extrema relevância, levando pesquisadores a repensar certos parâmetros que vêm guiando a área. Um desses pontos a serem revistos é o visocentrismo que ainda permeia a atividade. ADs realizadas sob uma lógica visocêntrica relegam as especificidades de seu público-alvo primário para segundo plano, e buscam como objetivo precípuo o “devolver a visão” a pessoas com deficiência visual, ou seja, o conceder a essas pessoas uma percepção dos textos imagéticos que seja “equivalente” à dos videntes. A adoção dessa perspectiva se mostra contraproducente não só por prejudicar a qualidade dos roteiros elaborados, mas também por resgatar conceitos há muito superados, como o ideário do modelo médico de deficiência e a busca por equivalência em tradução. A presente tese, portanto, se constitui num trabalho cujo objetivo foi o de analisar narrativas de pessoas cegas para melhor entender o público-alvo da AD e encontrar subsídios para a construção de roteiros menos visocêntricos e mais próximos de suas necessidades e preferências. Utilizando o aporte dos Estudos da Tradução, dos Estudos sobre Deficiência, da Neurociência, de pesquisas de caráter histórico-cultural acerca da percepção humana, e dos Estudos Narrativos, foram analisadas duas autobiografias de autoria de pessoas com cegueira adquirida: Touching the Rock de John Hull, e Out of Darkness: A Memoir de Zoltan Torey. As obras foram estudadas a partir da metodologia da Pesquisa Narrativa, e os dados foram trabalhados através da análise temática nos moldes propostos por Braun e Clarke. O estudo das narrativas demonstrou, entre outros aspectos, a importância do correto ordenamento e sistematização das informações de um roteiro, a grande relevância da banda sonora das produções audiodescritas, e o benefício da associação da AD a experiências multissensoriais. Ao final do trabalho, esses e outros insights nascidos da análise das autobiografias foram condensados na forma de princípios que sintetizam as atitudes necessárias para tornar a AD menos visocêntrica e mais eficaz. As conclusões advindas deste estudo suscitam reflexões acerca da natureza e papel da AD, bem como apontam a necessidade da adoção de uma postura mais crítica e ética por parte dos profissionais da área. Pessoas com deficiência visual têm direito a uma interpretação própria e igualmente aceitável das imagens audiodescritas. O verdadeiro objetivo da AD, portanto, só pode ser alcançado quando o visocentrismo for substituído por uma atitude que, verdadeiramente, promova o respeito e o suporte necessário às diferenças, incluindo e celebrando a singularidade de cada ser humano.
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Como resultado, a qualidade das descrições oferecidas e sua adequação ao público-alvo têm se tornado questões de extrema relevância, levando pesquisadores a repensar certos parâmetros que vêm guiando a área. Um desses pontos a serem revistos é o visocentrismo que ainda permeia a atividade. ADs realizadas sob uma lógica visocêntrica relegam as especificidades de seu público-alvo primário para segundo plano, e buscam como objetivo precípuo o “devolver a visão” a pessoas com deficiência visual, ou seja, o conceder a essas pessoas uma percepção dos textos imagéticos que seja “equivalente” à dos videntes. A adoção dessa perspectiva se mostra contraproducente não só por prejudicar a qualidade dos roteiros elaborados, mas também por resgatar conceitos há muito superados, como o ideário do modelo médico de deficiência e a busca por equivalência em tradução. A presente tese, portanto, se constitui num trabalho cujo objetivo foi o de analisar narrativas de pessoas cegas para melhor entender o público-alvo da AD e encontrar subsídios para a construção de roteiros menos visocêntricos e mais próximos de suas necessidades e preferências. Utilizando o aporte dos Estudos da Tradução, dos Estudos sobre Deficiência, da Neurociência, de pesquisas de caráter histórico-cultural acerca da percepção humana, e dos Estudos Narrativos, foram analisadas duas autobiografias de autoria de pessoas com cegueira adquirida: Touching the Rock de John Hull, e Out of Darkness: A Memoir de Zoltan Torey. As obras foram estudadas a partir da metodologia da Pesquisa Narrativa, e os dados foram trabalhados através da análise temática nos moldes propostos por Braun e Clarke. 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O verdadeiro objetivo da AD, portanto, só pode ser alcançado quando o visocentrismo for substituído por uma atitude que, verdadeiramente, promova o respeito e o suporte necessário às diferenças, incluindo e celebrando a singularidade de cada ser humano.ABSTRACT: Audio description (AD) is a translation mode that aims at making key information transmitted in a visual way accessible. Its primary audience consists of blind and low vision people for whom the resource is not only a source of information but also of leisure. AD arrived in Brazil almost two decades ago. Over the past years, the activity has left the shadows and has gained the status of an official occupation, being included in the Brazilian Classification of Professions (Classificação Brasileira de Ocupações - CBO). As a result, the quality of the descriptions being offered and their adequacy to the target audience have become issues of extreme relevance, leading researchers to rethink certain parameters that have been guiding the area. One of these points to be reviewed is the visual centrism that still permeates the activity. ADs created under a visual-centric logic relegate the specificities of their primary target audience to the background, and seek as their ultimate goal to "return vision" to visually impaired people, that is, to grant these people a perception of imagery texts that is "equivalent" to that of the sighted. The adoption of this perspective is counterproductive not only because it jeopardizes the quality of the scripts, but also because it rescues long-overdue concepts, such as the medical model of disability and the search for equivalence in translation. In the present thesis, therefore, autobiographical narratives written by blind people were analyzed in order to gain a better understanding of the target audience of AD, and help find clues on how to write scripts that are less visual-centric and closer to the audience’s needs and preferences. Using the theoretical contribution of Translation Studies, Disability Studies, Neuroscience, historical and cultural investigations on human perception, and Narrative Studies, two autobiographies written by people with acquired visual impairment were studied: Touching the Rock by John Hull, and Out of Darkness: A Memoir by Zoltan Torey. Narrative Research methodology and thematic analysis as devised by Braun and Clarke were employed in the study of the narratives. The analysis showed, among other aspects, the importance of the correct ordering and systematization of the information in a script, the great relevance of the soundtrack of audio described productions, and the benefit of the association of AD with multisensory experiences. At the end of the study, those considerations as well as all the other insights gained through the analysis of the autobiographies were condensed in the form of principles that synthesize the attitudes necessary to make AD less visual-centric and more effective. The conclusions of this study give rise to reflections about the nature and role of AD, and indicate the need for a more critical and ethical attitude by the professionals of the area. Visual impaired people are entitled to their own interpretation of audio described images. The true goal of AD can only be achieved when visual centrism is replaced by an attitude that truly promotes the respect and support needed by those with special needs.Submitted by Manoela Silva (penteacher2@yahoo.com.br) on 2019-04-18T12:13:22Z No. of bitstreams: 1 silvamanoela.pdf: 1730262 bytes, checksum: 2bbb44d1fed3ebb4196fbd3c71f1809f (MD5)Approved for entry into archive by Eleonora Guimaraes (esilva@ufba.br) on 2019-04-22T19:58:46Z (GMT) No. of bitstreams: 1 silvamanoela.pdf: 1730262 bytes, checksum: 2bbb44d1fed3ebb4196fbd3c71f1809f (MD5)Made available in DSpace on 2019-04-22T19:58:46Z (GMT). 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