A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lopes, Vanessa Nunes
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/42996
Resumo: Partindo de aportes da Teoria Crítica da Raça, esta pesquisa investiga como os conceitos de ordem pública, periculosidade e racismo se entrelaçaram ao longo da produção legislativa que tratou sobre prisão preventiva no Brasil, do Império até à República, concentrando-se mais detidamente sobre o papel da dogmática processual penal da década de 1940 na delimitação dos conteúdos da prisão preventiva para garantia da ordem pública, positivada pelo Código de Processo Penal de 1941, e na validação das práticas de controle racial construídas em torno deles. Com isso, discute-se o racismo como uma das matrizes do autoritarismo no processo penal brasileiro, consolidada muito antes da influência do Código Rocco, embora seja por ela atualizada. A pesquisa adota uma abordagem documental, qualitativa, analisando a legislação histórica sobre a prisão preventiva e as obras doutrinárias de processo penal da década de 1940. Os resultados encontrados demonstram que a legislação processual penal destinou, historicamente, tratamento potencialmente mais gravoso às pessoas negras, e que a dogmática processual penal da década de 1940 consentiu com esse tratamento, ainda que de maneira omissiva. O conjunto de obras analisadas para captação do pensamento da dogmática da década de 1940 refletiu predominantemente a perspectiva de homens brancos e sudestinos que atuavam na magistratura, muitos dos quais com experiência prévia como delegados ou promotores de justiça. Estes homens endossaram a ideia de que a prisão preventiva seria uma "injustiça necessária" em prol do interesse social, sem questionar sua falta de cautelaridade em relação à ordem pública. Sua conceituação de ordem pública foi genérica, aberta e imprecisa. A omissão da dogmática, aliada ao perfil predominante dos doutrinadores, sugere a adesão a uma narrativa única, que ampliou as possibilidades de prisão ao deixar em aberto a definição de ordem pública, favorecendo o controle racial por meio do processo penal sem que fosse necessário recorrer abertamente a expressões de cunho racista, em consonância com o modelo de segregação consolidado no pós-abolição sob a égide do mito da democracia racial.
id UFBA-2_9398049c07a4c67f5947b19454c76ed0
oai_identifier_str oai:repositorio.ufba.br:ri/42996
network_acronym_str UFBA-2
network_name_str Repositório Institucional da UFBA
repository_id_str 1932
spelling 2025-09-22T17:43:29Z2025-09-22T17:43:29Z2024-10-08https://repositorio.ufba.br/handle/ri/42996Partindo de aportes da Teoria Crítica da Raça, esta pesquisa investiga como os conceitos de ordem pública, periculosidade e racismo se entrelaçaram ao longo da produção legislativa que tratou sobre prisão preventiva no Brasil, do Império até à República, concentrando-se mais detidamente sobre o papel da dogmática processual penal da década de 1940 na delimitação dos conteúdos da prisão preventiva para garantia da ordem pública, positivada pelo Código de Processo Penal de 1941, e na validação das práticas de controle racial construídas em torno deles. Com isso, discute-se o racismo como uma das matrizes do autoritarismo no processo penal brasileiro, consolidada muito antes da influência do Código Rocco, embora seja por ela atualizada. A pesquisa adota uma abordagem documental, qualitativa, analisando a legislação histórica sobre a prisão preventiva e as obras doutrinárias de processo penal da década de 1940. Os resultados encontrados demonstram que a legislação processual penal destinou, historicamente, tratamento potencialmente mais gravoso às pessoas negras, e que a dogmática processual penal da década de 1940 consentiu com esse tratamento, ainda que de maneira omissiva. O conjunto de obras analisadas para captação do pensamento da dogmática da década de 1940 refletiu predominantemente a perspectiva de homens brancos e sudestinos que atuavam na magistratura, muitos dos quais com experiência prévia como delegados ou promotores de justiça. Estes homens endossaram a ideia de que a prisão preventiva seria uma "injustiça necessária" em prol do interesse social, sem questionar sua falta de cautelaridade em relação à ordem pública. Sua conceituação de ordem pública foi genérica, aberta e imprecisa. A omissão da dogmática, aliada ao perfil predominante dos doutrinadores, sugere a adesão a uma narrativa única, que ampliou as possibilidades de prisão ao deixar em aberto a definição de ordem pública, favorecendo o controle racial por meio do processo penal sem que fosse necessário recorrer abertamente a expressões de cunho racista, em consonância com o modelo de segregação consolidado no pós-abolição sob a égide do mito da democracia racial.Drawing from Critical Race Theory, this research investigates how the concepts of public order, dangerousness, and racism intertwined throughout the legislative production concerning pretrial detention in Brazil, from the Empire to the Republic, specifically focusing on criminal procedural doctrine in the 1940s in shaping the content of pretrial detention to ensure public order, provided for Criminal Procedure Code of 1941, and validating racial control practices constructed around it. It discusses racism as a cornerstone of authoritarianism in Brazilian criminal procedure, established long before the influence of the Rocco Code, though updated by it. The research adopts a documentary, qualitative approach, analyzing historical legislation on pretrial detention and doctrinal works on criminal procedure from the 1940s. The findings demonstrate that procedural criminal legislation historically subjected black individuals to potentially harsher treatment and that the criminal procedural doctrine of the 1940s tacitly endorsed this treatment, despite its omissive nature. The body of literature analyzed to capture the doctrinal thinking of the 1940s predominantly reflected the perspectives of white men from the southeast who served in the judiciary, many of whom had prior experience as police officers or prosecutors. These men endorsed the notion that pretrial detention was a "necessary injustice" in the interest of social welfare, without questioning its lack of caution in relation to public order. Their conceptualization of public order was generic, open-ended, and imprecise. The doctrine's omission, combined with the predominant profile of the scholars, suggests adherence to a single narrative that expanded the scope of detention by leaving the definition of public order vague, thus facilitating racial control through criminal procedure without overtly resorting to racially discriminatory language, in line with the segregation model consolidated in the post-abolition era under the myth of racial democracy.porUniversidade Federal da BahiaPrograma de Pós-graduação em Direito (PPGD) UFBABrasilFaculdade de DireitoPretrial detentionPublic orderCritical race theoryRacismMyth of racial democracyPublic order (Law)Race - Criticism and InterpretationCNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITO::DIREITO PUBLICO::DIREITO PROCESSUAL PENALPrisão preventivaOrdem públicaTeoria crítica da raçaRacismoMito da democracia racialOrdem pública (Direito)Raça - Crítica e interpretaçãoA invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941The invention of preventive detention to guarantee public order: dangerousness and racial control in the matrix of the 1941 criminal procedure codeMestrado Acadêmicoinfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPrado, Alessandra Rapacci MascarenhasPrado, Alessandra Rapacci MascarenhasFlauzina, Ana Luiza PinheiroRibeiro, Ludmila Mendonça Lopeshttp://lattes.cnpq.br/4081754094374655Lopes, Vanessa Nunesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALDissertação com folha de aprovação e ficha catalográfica.pdfDissertação com folha de aprovação e ficha catalográfica.pdfapplication/pdf1607173https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/42996/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20com%20folha%20de%20aprova%c3%a7%c3%a3o%20e%20ficha%20catalogr%c3%a1fica.pdf55b668305c6cd60a5b99b418914e7cabMD51open accessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1720https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/42996/2/license.txtd9b7566281c22d808dbf8f29ff0425c8MD52open accessri/429962025-09-22 14:43:29.721open accessoai:repositorio.ufba.br:ri/42996TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBvIGF1dG9yIG91IHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtbykgbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlL291IGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBlL291IHbDrWRlby4KCk8gYXV0b3Igb3UgdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IgY29uY29yZGEgcXVlIG8gUmVwb3NpdMOzcmlvIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIGUvb3UgZm9ybWF0byBwYXJhIGZpbnMgZGUgcHJlc2VydmHDp8OjbywgcG9kZW5kbyBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLiAKCk8gYXV0b3Igb3UgdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IgZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIG7Do28sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgb2J0ZXZlIGEgcGVybWlzc8OjbyBpcnJlc3RyaXRhIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBwYXJhIGNvbmNlZGVyIGFvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBSRVNVTFRFIERFIFVNIFBBVFJPQ8ONTklPIE9VIEFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTywgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPLCBDT01PIFRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l0w7NyaW8gc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyLCBjbGFyYW1lbnRlLCBvIChzKSBzZXUocykgbm9tZSAocykgb3UgbyAocykgbm9tZSAocykgZG8gKHMpIGRldGVudG9yIChlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIGFsw6ltIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufba.br/oai/requestrepositorio@ufba.bropendoar:19322025-09-22T17:43:29Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv The invention of preventive detention to guarantee public order: dangerousness and racial control in the matrix of the 1941 criminal procedure code
title A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
spellingShingle A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
Lopes, Vanessa Nunes
CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITO::DIREITO PUBLICO::DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prisão preventiva
Ordem pública
Teoria crítica da raça
Racismo
Mito da democracia racial
Ordem pública (Direito)
Raça - Crítica e interpretação
Pretrial detention
Public order
Critical race theory
Racism
Myth of racial democracy
Public order (Law)
Race - Criticism and Interpretation
title_short A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
title_full A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
title_fullStr A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
title_full_unstemmed A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
title_sort A invenção da prisão preventiva para a garantia da ordem pública: periculosidade e controle racial na matriz do código de processo penal de 1941
author Lopes, Vanessa Nunes
author_facet Lopes, Vanessa Nunes
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Flauzina, Ana Luiza Pinheiro
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Ribeiro, Ludmila Mendonça Lopes
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4081754094374655
dc.contributor.author.fl_str_mv Lopes, Vanessa Nunes
contributor_str_mv Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
Prado, Alessandra Rapacci Mascarenhas
Flauzina, Ana Luiza Pinheiro
Ribeiro, Ludmila Mendonça Lopes
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITO::DIREITO PUBLICO::DIREITO PROCESSUAL PENAL
topic CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::DIREITO::DIREITO PUBLICO::DIREITO PROCESSUAL PENAL
Prisão preventiva
Ordem pública
Teoria crítica da raça
Racismo
Mito da democracia racial
Ordem pública (Direito)
Raça - Crítica e interpretação
Pretrial detention
Public order
Critical race theory
Racism
Myth of racial democracy
Public order (Law)
Race - Criticism and Interpretation
dc.subject.por.fl_str_mv Prisão preventiva
Ordem pública
Teoria crítica da raça
Racismo
Mito da democracia racial
Ordem pública (Direito)
Raça - Crítica e interpretação
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Pretrial detention
Public order
Critical race theory
Racism
Myth of racial democracy
Public order (Law)
Race - Criticism and Interpretation
description Partindo de aportes da Teoria Crítica da Raça, esta pesquisa investiga como os conceitos de ordem pública, periculosidade e racismo se entrelaçaram ao longo da produção legislativa que tratou sobre prisão preventiva no Brasil, do Império até à República, concentrando-se mais detidamente sobre o papel da dogmática processual penal da década de 1940 na delimitação dos conteúdos da prisão preventiva para garantia da ordem pública, positivada pelo Código de Processo Penal de 1941, e na validação das práticas de controle racial construídas em torno deles. Com isso, discute-se o racismo como uma das matrizes do autoritarismo no processo penal brasileiro, consolidada muito antes da influência do Código Rocco, embora seja por ela atualizada. A pesquisa adota uma abordagem documental, qualitativa, analisando a legislação histórica sobre a prisão preventiva e as obras doutrinárias de processo penal da década de 1940. Os resultados encontrados demonstram que a legislação processual penal destinou, historicamente, tratamento potencialmente mais gravoso às pessoas negras, e que a dogmática processual penal da década de 1940 consentiu com esse tratamento, ainda que de maneira omissiva. O conjunto de obras analisadas para captação do pensamento da dogmática da década de 1940 refletiu predominantemente a perspectiva de homens brancos e sudestinos que atuavam na magistratura, muitos dos quais com experiência prévia como delegados ou promotores de justiça. Estes homens endossaram a ideia de que a prisão preventiva seria uma "injustiça necessária" em prol do interesse social, sem questionar sua falta de cautelaridade em relação à ordem pública. Sua conceituação de ordem pública foi genérica, aberta e imprecisa. A omissão da dogmática, aliada ao perfil predominante dos doutrinadores, sugere a adesão a uma narrativa única, que ampliou as possibilidades de prisão ao deixar em aberto a definição de ordem pública, favorecendo o controle racial por meio do processo penal sem que fosse necessário recorrer abertamente a expressões de cunho racista, em consonância com o modelo de segregação consolidado no pós-abolição sob a égide do mito da democracia racial.
publishDate 2024
dc.date.issued.fl_str_mv 2024-10-08
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2025-09-22T17:43:29Z
dc.date.available.fl_str_mv 2025-09-22T17:43:29Z
dc.type.driver.fl_str_mv Mestrado Acadêmico
info:eu-repo/semantics/masterThesis
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/handle/ri/42996
url https://repositorio.ufba.br/handle/ri/42996
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) 
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFBA
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Faculdade de Direito
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFBA
instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
instname_str Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron_str UFBA
institution UFBA
reponame_str Repositório Institucional da UFBA
collection Repositório Institucional da UFBA
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/42996/1/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20com%20folha%20de%20aprova%c3%a7%c3%a3o%20e%20ficha%20catalogr%c3%a1fica.pdf
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/42996/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 55b668305c6cd60a5b99b418914e7cab
d9b7566281c22d808dbf8f29ff0425c8
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
repository.mail.fl_str_mv repositorio@ufba.br
_version_ 1847339333328044032