Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo

Bibliographic Details
Main Author: Saldanha, Marcus Vinícius da Silva
Publication Date: 2003
Other Authors: UCSAL, Universidade Católica do Salvador
Format: Conference object
Language: por
Source: Repositório Institucional da UCSAL
Download full: https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1862
Summary: A fundação da Central Única dos Trabalhadores em 28 de agosto de 1983 inaugurou uma nova etapa na história do sindicalismo brasileiro. A central sindical deveria ser organizada nos locais de trabalho, sendo capaz de unificar os trabalhadores da cidade e do campo, independente do Estado e dos patrões. Esta organização deveria ser constituída através de um organismo sindical classista capaz de lutar por sua emancipação e construção de uma nova sociedade democrática e sem exploração, através dos esforços de todos aqueles que lutaram por melhores condições de vida para a classe trabalhadora. O desenvolvimento dessa concepção enfrentava permanentemente a ofensiva das classes dominantes, a repressão do Estado e os limites impostos pela estrutura sindical vigente, que há anos sustentava uma concepção sindical corporativa e burocrática. O fato de constituir-se como uma central sindical independente, opondo-se à estrutura oficial, criou uma série de dificuldades, o que gerou a exigência de uma ação de duplo sentido: acabar com a estrutura oficial vigente e ao mesmo tempo constituir-se como o novo sindicalismo brasileiro. Supõese que este “novo” inaugurou uma nova concepção de movimento sindical. Esta concepção está traduzida nas teses e resoluções do III° Congresso Nacional da CUT, realizado em Belo Horizonte-MG, de 7 a 11 de setembro de 1988, em que estão aplicados os princípios básicos da democracia operária que se confundem com os da CUT: a unificação dos trabalhadores da cidade e do campo e do setor público e privado, para defender os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, contribuindo, assim, para um processo de transformação na sociedade brasileira. Tenho, inicialmente, dialogado com os registros das resoluções daquele Congresso e com todas as teses, somadas dezessete no total, que foram apresentadas naquela ocasião. As teses eram formuladas e elaboradas através da organização dos trabalhadores que lá estavam representando suas categorias, como delegados eleitos em assembléia de base, e estavam ali disputando a política de construção de um projeto alternativo de sociedade. Uma preocupação inicial deste estudo se deve ao fato de encarar a organização dos trabalhadores para além da organização no local de trabalho, já que tenderíamos a uma análise limitada. Ao contrário, a proposta é analisar a história da classe trabalhadora se fazendo enquanto sujeito que vive, para além do local de trabalho, um cotidiano de experiências sociais, onde a luta pela sobrevivência requer uma rede de relações que Marx chamou de “relações determinadas, necessárias e independentes de suas vontades” (MARX, s/d, p. 24). Falo de história da classe operária, em vez de empregar o termo história do movimento operário, “limitado ao estudo dos segmentos organizados dessa classe, ainda que sem dúvida mais corrente” (BATALHA, 1998, p.145). A luta dos trabalhadores para construir sindicatos e uma central organizados nos locais de trabalho e comprometidos com seus interesses e necessidades históricas e imediatas me fez considerar a possibilidade de desenvolver uma abordagem comprometida com a experiência daqueles sujeitos que em 1988, no 3° Congresso Nacional da CUT, disputavam um projeto estratégico para a sociedade brasileira e para o sindicalismo classista. A preocupação fundamental desta pesquisa consiste em pensar a história da experiência humana e o fazer-se dos sujeitos enquanto processo inscrito na dinâmica social, de forma oposta a abordagens históricas privilegiadoras de processos mecânicos. O objetivo desta pesquisa é valorizar as dimensões da experiência humana da classe trabalhadora brasileira e traços de sua memória reinventados no seu cotidiano. Esse fazer-se das classes sociais ao longo da história se deve tanto à ação humana como aos condicionamentos postos a ela, conforme Thompson (1987, p.9) chama a atenção no “Prefácio da Formação da Classe Operária Inglesa”: a classe operária não nasceu como tal, ela estava presente no seu próprio fazer-se. A problematização concentra-se na disputa de projetos estratégicos e conflitantes da classe trabalhadora. Nesse sentido, é necessário dar voz a esses sujeitos, mapeando o que os unia e, ao mesmo tempo, os separava. Refiro-me à organização dos trabalhadores constituindo-se em um novo sindicalismo brasileiro. O próprio movimento se colocara a necessidade de uma ação de duplo sentido: mudar a estrutura sindical oficial que sustentava uma prática sindical corporativa e burocrática e constituir-se em um novo sindicalismo. Embora a pesquisa possa nos levar a outros caminhos de investigação, existe uma questão mais central que pretendo problematizar, e que sugere uma abordagem mais específica. Refiro-me à mudança de concepção sindical e às propostas que reestruturariam o modelo vigente – o que gerava conflitos de ordem política, econômica e social. Daí a necessidade de uma sindicalismo combativo, independente e autônomo, capaz de fortalecer sua democracia interna e organizar-se pela base, o que talvez representasse sua maior dificuldade. O afastamento da base se constituía em um dos principais problemas para o sindicalismo. As principais propostas do movimento concentravam-se na mudança dos estatutos da CUT e do compromisso de derrubada da CLT, o que gerou uma inflexão dos compromissos e objetivos estratégicos da classe trabalhadora. Destacavam-se as propostas de mudança dos artigos 5° e 6° do estatuto que previam a organização por categoria profissional, substituindo pelo critério da organização por ramo de atividade, entendido por uma das teses como o fazer comum final coletivo.
id UCSAL-1_edb29f364fbb572bb6aa4c46dee28621
oai_identifier_str oai:ri.ucsal.br:prefix/1862
network_acronym_str UCSAL-1
network_name_str Repositório Institucional da UCSAL
repository_id_str
spelling 2020-10-19T16:17:35Z2020-10-192020-10-19T16:17:35Z2003-1085-88480-18-1285-88480-18-1285-88480-18-12https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1862porUniversidade Católica do SalvadorUCSALBrasilSEMOC - Semana de Mobilização Científica- Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneoSociais e HumanidadesMultidisciplinarSindicalismoSEMOC - Semana de Mobilização CientíficaFormação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneoSEMOC - Semana de Mobilização Científicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/conferenceObjectA fundação da Central Única dos Trabalhadores em 28 de agosto de 1983 inaugurou uma nova etapa na história do sindicalismo brasileiro. A central sindical deveria ser organizada nos locais de trabalho, sendo capaz de unificar os trabalhadores da cidade e do campo, independente do Estado e dos patrões. Esta organização deveria ser constituída através de um organismo sindical classista capaz de lutar por sua emancipação e construção de uma nova sociedade democrática e sem exploração, através dos esforços de todos aqueles que lutaram por melhores condições de vida para a classe trabalhadora. O desenvolvimento dessa concepção enfrentava permanentemente a ofensiva das classes dominantes, a repressão do Estado e os limites impostos pela estrutura sindical vigente, que há anos sustentava uma concepção sindical corporativa e burocrática. O fato de constituir-se como uma central sindical independente, opondo-se à estrutura oficial, criou uma série de dificuldades, o que gerou a exigência de uma ação de duplo sentido: acabar com a estrutura oficial vigente e ao mesmo tempo constituir-se como o novo sindicalismo brasileiro. Supõese que este “novo” inaugurou uma nova concepção de movimento sindical. Esta concepção está traduzida nas teses e resoluções do III° Congresso Nacional da CUT, realizado em Belo Horizonte-MG, de 7 a 11 de setembro de 1988, em que estão aplicados os princípios básicos da democracia operária que se confundem com os da CUT: a unificação dos trabalhadores da cidade e do campo e do setor público e privado, para defender os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, contribuindo, assim, para um processo de transformação na sociedade brasileira. Tenho, inicialmente, dialogado com os registros das resoluções daquele Congresso e com todas as teses, somadas dezessete no total, que foram apresentadas naquela ocasião. As teses eram formuladas e elaboradas através da organização dos trabalhadores que lá estavam representando suas categorias, como delegados eleitos em assembléia de base, e estavam ali disputando a política de construção de um projeto alternativo de sociedade. Uma preocupação inicial deste estudo se deve ao fato de encarar a organização dos trabalhadores para além da organização no local de trabalho, já que tenderíamos a uma análise limitada. Ao contrário, a proposta é analisar a história da classe trabalhadora se fazendo enquanto sujeito que vive, para além do local de trabalho, um cotidiano de experiências sociais, onde a luta pela sobrevivência requer uma rede de relações que Marx chamou de “relações determinadas, necessárias e independentes de suas vontades” (MARX, s/d, p. 24). Falo de história da classe operária, em vez de empregar o termo história do movimento operário, “limitado ao estudo dos segmentos organizados dessa classe, ainda que sem dúvida mais corrente” (BATALHA, 1998, p.145). A luta dos trabalhadores para construir sindicatos e uma central organizados nos locais de trabalho e comprometidos com seus interesses e necessidades históricas e imediatas me fez considerar a possibilidade de desenvolver uma abordagem comprometida com a experiência daqueles sujeitos que em 1988, no 3° Congresso Nacional da CUT, disputavam um projeto estratégico para a sociedade brasileira e para o sindicalismo classista. A preocupação fundamental desta pesquisa consiste em pensar a história da experiência humana e o fazer-se dos sujeitos enquanto processo inscrito na dinâmica social, de forma oposta a abordagens históricas privilegiadoras de processos mecânicos. O objetivo desta pesquisa é valorizar as dimensões da experiência humana da classe trabalhadora brasileira e traços de sua memória reinventados no seu cotidiano. Esse fazer-se das classes sociais ao longo da história se deve tanto à ação humana como aos condicionamentos postos a ela, conforme Thompson (1987, p.9) chama a atenção no “Prefácio da Formação da Classe Operária Inglesa”: a classe operária não nasceu como tal, ela estava presente no seu próprio fazer-se. A problematização concentra-se na disputa de projetos estratégicos e conflitantes da classe trabalhadora. Nesse sentido, é necessário dar voz a esses sujeitos, mapeando o que os unia e, ao mesmo tempo, os separava. Refiro-me à organização dos trabalhadores constituindo-se em um novo sindicalismo brasileiro. O próprio movimento se colocara a necessidade de uma ação de duplo sentido: mudar a estrutura sindical oficial que sustentava uma prática sindical corporativa e burocrática e constituir-se em um novo sindicalismo. Embora a pesquisa possa nos levar a outros caminhos de investigação, existe uma questão mais central que pretendo problematizar, e que sugere uma abordagem mais específica. Refiro-me à mudança de concepção sindical e às propostas que reestruturariam o modelo vigente – o que gerava conflitos de ordem política, econômica e social. Daí a necessidade de uma sindicalismo combativo, independente e autônomo, capaz de fortalecer sua democracia interna e organizar-se pela base, o que talvez representasse sua maior dificuldade. O afastamento da base se constituía em um dos principais problemas para o sindicalismo. As principais propostas do movimento concentravam-se na mudança dos estatutos da CUT e do compromisso de derrubada da CLT, o que gerou uma inflexão dos compromissos e objetivos estratégicos da classe trabalhadora. Destacavam-se as propostas de mudança dos artigos 5° e 6° do estatuto que previam a organização por categoria profissional, substituindo pelo critério da organização por ramo de atividade, entendido por uma das teses como o fazer comum final coletivo.VISaldanha, Marcus Vinícius da SilvaUCSAL, Universidade Católica do Salvadorinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UCSALinstname:Universidade Católica de Salvador (UCSAL)instacron:UCSALLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://ri.ucsal.br/bitstreams/469f0b34-615f-465a-99dd-269341dd49ed/download43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52ORIGINALFormação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo.pdfFormação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo.pdfapplication/pdf38074https://ri.ucsal.br/bitstreams/15867572-9419-4f34-8873-f3a627f47791/downloadb28494f30f936f3442ad0b6102528654MD51prefix/18622020-10-19 16:20:30.495open.accessoai:ri.ucsal.br:prefix/1862https://ri.ucsal.brRepositório Institucionalhttp://ri.ucsal.br:8080/oai/requestrosemary.magalhaes@ucsal.bropendoar:2020-10-19T16:20:30Repositório Institucional da UCSAL - Universidade Católica de Salvador (UCSAL)falseTElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4K
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
dc.title.alternative.pt_BR.fl_str_mv SEMOC - Semana de Mobilização Científica
title Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
spellingShingle Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
Saldanha, Marcus Vinícius da Silva
Sociais e Humanidades
Multidisciplinar
Sindicalismo
SEMOC - Semana de Mobilização Científica
title_short Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
title_full Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
title_fullStr Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
title_full_unstemmed Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
title_sort Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
author Saldanha, Marcus Vinícius da Silva
author_facet Saldanha, Marcus Vinícius da Silva
UCSAL, Universidade Católica do Salvador
author_role author
author2 UCSAL, Universidade Católica do Salvador
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Saldanha, Marcus Vinícius da Silva
UCSAL, Universidade Católica do Salvador
dc.subject.cnpq.fl_str_mv Sociais e Humanidades
Multidisciplinar
topic Sociais e Humanidades
Multidisciplinar
Sindicalismo
SEMOC - Semana de Mobilização Científica
dc.subject.por.fl_str_mv Sindicalismo
SEMOC - Semana de Mobilização Científica
description A fundação da Central Única dos Trabalhadores em 28 de agosto de 1983 inaugurou uma nova etapa na história do sindicalismo brasileiro. A central sindical deveria ser organizada nos locais de trabalho, sendo capaz de unificar os trabalhadores da cidade e do campo, independente do Estado e dos patrões. Esta organização deveria ser constituída através de um organismo sindical classista capaz de lutar por sua emancipação e construção de uma nova sociedade democrática e sem exploração, através dos esforços de todos aqueles que lutaram por melhores condições de vida para a classe trabalhadora. O desenvolvimento dessa concepção enfrentava permanentemente a ofensiva das classes dominantes, a repressão do Estado e os limites impostos pela estrutura sindical vigente, que há anos sustentava uma concepção sindical corporativa e burocrática. O fato de constituir-se como uma central sindical independente, opondo-se à estrutura oficial, criou uma série de dificuldades, o que gerou a exigência de uma ação de duplo sentido: acabar com a estrutura oficial vigente e ao mesmo tempo constituir-se como o novo sindicalismo brasileiro. Supõese que este “novo” inaugurou uma nova concepção de movimento sindical. Esta concepção está traduzida nas teses e resoluções do III° Congresso Nacional da CUT, realizado em Belo Horizonte-MG, de 7 a 11 de setembro de 1988, em que estão aplicados os princípios básicos da democracia operária que se confundem com os da CUT: a unificação dos trabalhadores da cidade e do campo e do setor público e privado, para defender os interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, contribuindo, assim, para um processo de transformação na sociedade brasileira. Tenho, inicialmente, dialogado com os registros das resoluções daquele Congresso e com todas as teses, somadas dezessete no total, que foram apresentadas naquela ocasião. As teses eram formuladas e elaboradas através da organização dos trabalhadores que lá estavam representando suas categorias, como delegados eleitos em assembléia de base, e estavam ali disputando a política de construção de um projeto alternativo de sociedade. Uma preocupação inicial deste estudo se deve ao fato de encarar a organização dos trabalhadores para além da organização no local de trabalho, já que tenderíamos a uma análise limitada. Ao contrário, a proposta é analisar a história da classe trabalhadora se fazendo enquanto sujeito que vive, para além do local de trabalho, um cotidiano de experiências sociais, onde a luta pela sobrevivência requer uma rede de relações que Marx chamou de “relações determinadas, necessárias e independentes de suas vontades” (MARX, s/d, p. 24). Falo de história da classe operária, em vez de empregar o termo história do movimento operário, “limitado ao estudo dos segmentos organizados dessa classe, ainda que sem dúvida mais corrente” (BATALHA, 1998, p.145). A luta dos trabalhadores para construir sindicatos e uma central organizados nos locais de trabalho e comprometidos com seus interesses e necessidades históricas e imediatas me fez considerar a possibilidade de desenvolver uma abordagem comprometida com a experiência daqueles sujeitos que em 1988, no 3° Congresso Nacional da CUT, disputavam um projeto estratégico para a sociedade brasileira e para o sindicalismo classista. A preocupação fundamental desta pesquisa consiste em pensar a história da experiência humana e o fazer-se dos sujeitos enquanto processo inscrito na dinâmica social, de forma oposta a abordagens históricas privilegiadoras de processos mecânicos. O objetivo desta pesquisa é valorizar as dimensões da experiência humana da classe trabalhadora brasileira e traços de sua memória reinventados no seu cotidiano. Esse fazer-se das classes sociais ao longo da história se deve tanto à ação humana como aos condicionamentos postos a ela, conforme Thompson (1987, p.9) chama a atenção no “Prefácio da Formação da Classe Operária Inglesa”: a classe operária não nasceu como tal, ela estava presente no seu próprio fazer-se. A problematização concentra-se na disputa de projetos estratégicos e conflitantes da classe trabalhadora. Nesse sentido, é necessário dar voz a esses sujeitos, mapeando o que os unia e, ao mesmo tempo, os separava. Refiro-me à organização dos trabalhadores constituindo-se em um novo sindicalismo brasileiro. O próprio movimento se colocara a necessidade de uma ação de duplo sentido: mudar a estrutura sindical oficial que sustentava uma prática sindical corporativa e burocrática e constituir-se em um novo sindicalismo. Embora a pesquisa possa nos levar a outros caminhos de investigação, existe uma questão mais central que pretendo problematizar, e que sugere uma abordagem mais específica. Refiro-me à mudança de concepção sindical e às propostas que reestruturariam o modelo vigente – o que gerava conflitos de ordem política, econômica e social. Daí a necessidade de uma sindicalismo combativo, independente e autônomo, capaz de fortalecer sua democracia interna e organizar-se pela base, o que talvez representasse sua maior dificuldade. O afastamento da base se constituía em um dos principais problemas para o sindicalismo. As principais propostas do movimento concentravam-se na mudança dos estatutos da CUT e do compromisso de derrubada da CLT, o que gerou uma inflexão dos compromissos e objetivos estratégicos da classe trabalhadora. Destacavam-se as propostas de mudança dos artigos 5° e 6° do estatuto que previam a organização por categoria profissional, substituindo pelo critério da organização por ramo de atividade, entendido por uma das teses como o fazer comum final coletivo.
publishDate 2003
dc.date.issued.fl_str_mv 2003-10
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-10-19T16:17:35Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-10-19
2020-10-19T16:17:35Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/conferenceObject
format conferenceObject
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1862
dc.identifier.isbn.none.fl_str_mv 85-88480-18-12
85-88480-18-12
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 85-88480-18-12
identifier_str_mv 85-88480-18-12
url https://ri.ucsal.br/handle/prefix/1862
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv SEMOC - Semana de Mobilização Científica- Formação do sindicalismo classista no Brasil contemporâneo
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica do Salvador
dc.publisher.initials.fl_str_mv UCSAL
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Católica do Salvador
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UCSAL
instname:Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
instacron:UCSAL
instname_str Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
instacron_str UCSAL
institution UCSAL
reponame_str Repositório Institucional da UCSAL
collection Repositório Institucional da UCSAL
bitstream.url.fl_str_mv https://ri.ucsal.br/bitstreams/469f0b34-615f-465a-99dd-269341dd49ed/download
https://ri.ucsal.br/bitstreams/15867572-9419-4f34-8873-f3a627f47791/download
bitstream.checksum.fl_str_mv 43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9b
b28494f30f936f3442ad0b6102528654
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UCSAL - Universidade Católica de Salvador (UCSAL)
repository.mail.fl_str_mv rosemary.magalhaes@ucsal.br
_version_ 1830839913754394624