Hipercapnia acentuada durante circulação extracorpórea em cirurgia para revascularização do miocárdio: relato de caso
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2002 |
Outros Autores: | , |
Tipo de documento: | Relatório |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista Brasileira de Anestesiologia (Online) |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-70942002000200011 |
Resumo: | JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A função primordial de desviar o sangue do coração e retorná-lo oxigenado à circulação sistêmica é conseguida às custas de importantes alterações na fisiologia cardiopulmonar. O objetivo deste relato é apresentar uma complicação anestésica que ocorreu durante a CEC e alertar para a necessidade da interação de toda a equipe anestésico-cirúrgica na prevenção de eventos adversos per-operatórios. RELATO DO CASO: Paciente feminina, parda, 56 anos, 95 kg, altura 1,65 m, estado físico ASA IV, portadora de insuficiência renal crônica em hemodiálise, foi admitida para realização de revascularização do miocárdio. A monitorização constou de eletrocardiograma (ECG), medida invasiva da pressão arterial, oximetria de pulso, capnografia, temperatura esofágica, pressão venosa central e análise dos gases anestésicos. A paciente recebeu como medicação pré-anestésica, midazolam (0,05 mg.kg-1), por via venosa. Iniciou-se indução venosa com fentanil (16 µg.kg-1), etomidato (0,3 mg.kg-1) e pancurônio (0,1 mg.kg-1). A manutenção foi feita com oxigênio, isoflurano (0,5 - 1 CAM) e infusão contínua de fentanil. A gasometria arterial colhida após a indução demonstrou: pH: 7,41; PaO2: 288 mmHg; PaCO2: 38 mmHg; HCO3: 24 mmol.L-1; BE: 0 mmol.L-1; SatO2: 100%. A segunda gasometria arterial, colhida logo após o início da CEC, chegou em 30 minutos e apresentou: pH 7,15; PaO2: 86 mmHg; PaCO2 224 mmHg; HCO3: 29 mmol.L-1; BE: -3 mmol.L-1; SatO2: 99%. Foi feita verificação completa e urgente dos equipamentos anestésicos e de perfusão. Foi constatada conexão do misturador de gases de perfusão (blender) à rede de O2 e a um cilindro de dióxido de carbono (CO2), quando deveria estar conectado ao cilindro de ar comprimido. CONCLUSÕES: Falhas mecânicas dos componentes do circuito de extracorpórea podem ocorrer no per-operatório e exigem correções rápidas. Os avanços tecnológicos nos equipamentos de anestesia, monitorização e normatizações de segurança atenuarão a possibilidade de que casos como esse se repitam, porém jamais substituirão a presença vigilante do anestesiologista. |
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