Interculturalismo, consumo e imigração: modificações corporais entre imigrantes
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Publication Date: | 2017 |
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Language: | por |
Source: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Download full: | http://hdl.handle.net/10400.2/7335 |
Summary: | O objetivo deste trabalho é pensar as interfaces entre o consumo e a produção física e simbólica do corpo do imigrante. Para tanto, nos valeremos do interculturalismo como chave analítica. Isto é, entendemos o interculturalismo como uma possibilidade de pensar a diversidade cultural para além da perspectiva assimilacionista. Este paperé parte dos resultados de uma pesquisa em nível pós-doutoramento desenvolvido junto ao Centro de Estudos sobre Migrações e Relações Interculturais – CEMRI, UAb/Lisboa, que estudou a prática de cirurgias estéticas étnicas nas cidades de Lisboa e Madrid por imigrantes. O estudo foi desenvolvido com base em pesquisa bibliográfica, documental, observação direta e entrevistas de profundidade com médicos e imigrantes. Para os fins desse paper, empregamos, ainda que não exclusivamente, a compreensão de interculturalismo de Nestor Garcia Canclini que propõe esse termo em par com o de hibridação nos permite avançar em relação não apenas à assimilação, mas também, a outras concepções naturalizadas e essencializadas tais como mestiçagem e sincretismo. O par interculturalismo/hibridização nos ajuda a entender a complexidade que envolve a convivência com a diferença à medida que nos permite ir além de dicotomias tais como nacional/estrangeiro. A noção de consumo aqui acionada também tem origem, mais uma vez de modo não exclusivo, em Canclini. Consumo, nesse caso, é mais do que uma simples compulsão irracional e alienada de compra. Para Canclini, o consumo está mais para uma nova ordem normativa que contemplaria, inclusive, novas expressões da cidadania. A noção de consumo de Canclini nos ajuda a pensar as interfaces entre cultura, economia e poder, mais uma vez de modo não dicotômico e encontrar formas de transgressão e resistência entre atores sociais como artesãos, trabalhadores do campo e da cidade, e nesse caso, imigrantes no contexto da sociedade do consumo. Esta deve ser a perspectiva analítica sobre as mudanças corporais entre imigrantes. A cirurgia estética étnica tem sido praticada desde o final do século XIX nos Estados Unidos entre irlandeses e descendentes de africanos e, na Europa, por judeus. Se naquele período, no qual a diferença cultural era vista como negativa, o imigrante como alguém a ser assimilado e os traços fenótipos não hegemônicos como algo a ser eliminado, nos dias hoje as ideias da diferença como direito e de convivência com o diferente, redefini o contexto cultural e político no qual essas modificações são praticadas. Nesse sentido, as alterações corporais entre imigrantes precisam ser compreendidas como uma dinâmica fortemente marcada pela lógica intercultural e como expressão da sociedade do consumo conforme pontuado acima. Isto é, devem ser compreendidas como expressões de dinâmicas hibridizadoras que ao mesmo tempo reforçam e transgridem hierarquias sociais, políticas e culturais. |
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