Fronteira, (i)mobilidades e redes translocais: migrações a partir de uma aldeia raiana de Trás-os-Montes
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/59933 |
Resumo: | A aldeia de Montesinho foi o lugar escolhido para estudar diferentes tipos de migrações e seus efeitos nesse mesmo lugar. Durante o trabalho de campo realizaram-se trinta e duas entrevistas semiestruturadas. O processo de amostragem teórica e em bola de neve foi-se alargando nas diversas estadias de campo. Da aldeia de Montesinho partiram dezenas de pessoas, numa primeira fase para o Brasil (São Paulo), e mais tarde para França (Montluçon, Paris, Pavillons-sous-Bois) e para a Alemanha (Hamburgo). O translocalismo que liga diferentes lugares dentro de um ou mais países, através dos raios sociais de interação, que se vão reconfigurando, permitiu ir além de uma abordagem transnacional, que continua demasiado dependente da noção de Estado-nação reificada pelos governos dos países com maiores fluxos migratórios. As práticas migratórias estudadas desenvolveram-se mais entre lugares do que entre países. As fronteiras, consoante as governamentalidades migratórias de cada país, aumentaram ou diminuíram a vigilância, e dificultaram ou facilitaram a passagem de pessoas e mercadorias. Quanto maiores são os muros, a repressão dos migrantes, e os entraves burocráticos, maiores as dificuldades no processo de regularização, acesso a trabalho com direitos e habitação digna. Nesta investigação procura-se, através das trajetórias migratórias, perceber diferenças e semelhanças, no que respeita à ligação com a aldeia de partida, entre migrantes internos e internacionais ao longo do tempo, e compreender as fases e dimensões dos diferentes processos migratórios, como a adaptação, a habitação, o trabalho e ruturas do quotidiano. Propõe-se uma tipologia para analisar diferentes possibilidades de retorno e questiona-se o futuro desta localidade, situada em Trás-os-Montes, a norte de Bragança e na fronteira, que apresenta várias características semelhantes a várias localidades de vasto território nacional rural, de norte a sul do país, um espaço cada vez menos estudado, mais exposto a lógicas extractivistas (indústria mineira, produção florestal, agricultura intensiva, turismo), impostas por grandes empresas e pelos centros de poder nacional e local, sem auscultação das populações afetadas, funcionando como um espaço de reserva para futuros usos, que vai perdendo gente e perdem atratividade para novos retornos definitivos, ou novas migrações. |
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Fronteira, (i)mobilidades e redes translocais: migrações a partir de uma aldeia raiana de Trás-os-MontesTranslocalismoRedes translocaisTrajetórias migratóriasMemórias periféricasRaio social de interaçãoDomínio/Área Científica:Ciências SociaisA aldeia de Montesinho foi o lugar escolhido para estudar diferentes tipos de migrações e seus efeitos nesse mesmo lugar. Durante o trabalho de campo realizaram-se trinta e duas entrevistas semiestruturadas. O processo de amostragem teórica e em bola de neve foi-se alargando nas diversas estadias de campo. Da aldeia de Montesinho partiram dezenas de pessoas, numa primeira fase para o Brasil (São Paulo), e mais tarde para França (Montluçon, Paris, Pavillons-sous-Bois) e para a Alemanha (Hamburgo). O translocalismo que liga diferentes lugares dentro de um ou mais países, através dos raios sociais de interação, que se vão reconfigurando, permitiu ir além de uma abordagem transnacional, que continua demasiado dependente da noção de Estado-nação reificada pelos governos dos países com maiores fluxos migratórios. As práticas migratórias estudadas desenvolveram-se mais entre lugares do que entre países. As fronteiras, consoante as governamentalidades migratórias de cada país, aumentaram ou diminuíram a vigilância, e dificultaram ou facilitaram a passagem de pessoas e mercadorias. Quanto maiores são os muros, a repressão dos migrantes, e os entraves burocráticos, maiores as dificuldades no processo de regularização, acesso a trabalho com direitos e habitação digna. Nesta investigação procura-se, através das trajetórias migratórias, perceber diferenças e semelhanças, no que respeita à ligação com a aldeia de partida, entre migrantes internos e internacionais ao longo do tempo, e compreender as fases e dimensões dos diferentes processos migratórios, como a adaptação, a habitação, o trabalho e ruturas do quotidiano. Propõe-se uma tipologia para analisar diferentes possibilidades de retorno e questiona-se o futuro desta localidade, situada em Trás-os-Montes, a norte de Bragança e na fronteira, que apresenta várias características semelhantes a várias localidades de vasto território nacional rural, de norte a sul do país, um espaço cada vez menos estudado, mais exposto a lógicas extractivistas (indústria mineira, produção florestal, agricultura intensiva, turismo), impostas por grandes empresas e pelos centros de poder nacional e local, sem auscultação das populações afetadas, funcionando como um espaço de reserva para futuros usos, que vai perdendo gente e perdem atratividade para novos retornos definitivos, ou novas migrações.The village Montesinho was chosen to study different types of migrations and their effects in that same place. Thirty-two semi-structured interviews were conducted during the fieldwork. The theoretical and snowball sampling process was extended during the field periods. From the village of Montesinho, dozens of people left over time first for Brazil (São Paulo), later for France (Montluçon, Paris, Pavillons-sous-Bois) and for Germany (Hamburg). Translocalism that connects different places within one or more countries, through the social radius of interaction, which are reconfiguring themselves, allows us to go beyond transnationalism that cannot overcome the notion of Nation-State imposed by the governments of countries, among which migrations develop. Migratory practices are mainly developed between places than between countries. Borders, depending on the migratory governmentalities of each country, increase or decrease surveillance and make more, or less difficult the passage of people and goods over time. The bigger the walls, the repression of migrants, and bureaucratic obstacles, greater the difficulties in the process of regularization, access to work with rights and decent housing. This research seeks, through research on migratory trajectories, to perceive differences and similarities, in what regards the connection with the village, between of internal and international migrants over time, and understand the phases and dimensions of different migratory processes: adaptation, housing, work and daily routines. It proposes a typology to analyze the different models of migratory return and raises questions about the future of this place, located in Trás-os Montes, north of Bragança, and its connections with the Spanish border, which presents several similar characteristics to other localities of the Portuguese rural territory from north to south. This Portuguese area have been less and less studied, increasingly exposed to extractivist strategies (mining industry, forestry production, intensive agriculture, tourism), imposed by big companies and national and local power centers. Such processes are developed without any consultation of the affected populations, functioning like a reserve space for future uses, these areas lose population and are not atractive for new definitive migratory returns and for receiving new waves of migrations.Domingues, Nuno Miguel RodriguesGodinho, Paula Cristina AntunesRepositório da Universidade de LisboaBaía, João2023-10-23T13:10:50Z20232023-01-01T00:00:00Zdoctoral thesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/59933TID:101505450porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-03-17T15:03:15Zoai:repositorio.ulisboa.pt:10451/59933Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-29T03:32:45.276106Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse |
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