Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos

Bibliographic Details
Main Author: Moura, DL
Publication Date: 2015
Other Authors: Freitas, J, Garruço, A
Language: por
Source: Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
Download full: http://hdl.handle.net/10400.4/1850
Summary: A osteomielite crónica é uma infeção óssea duradoura e persistente provocada por complexas colónias de microorganismos envolvidos numa matriz de proteínas e polissacarídeos, o biofilme, que as protege tanto do sistema imunitário do organismo como da ação dos antibióticos. O não tratamento ou insucesso no tratamento da osteomielite aguda, associados a fatores como lesões importantes dos tecidos moles envolventes, pobre vascularização óssea, compromisso sistémico e microorganismos múltiplos e resistentes, conduzem a um estado de infeção óssea crónica e refratária, cuja atividade inflamatória constante tem como consequências a destruição óssea e pode favorecer o desenvolvimento de neoplasias. A incidência de transformação maligna em osteomielites crónicas é muito reduzida nos países desenvolvidos, no entanto permanece um problema importante nos países com cuidados de saúde mais precários. O mecanismo exato de transformação maligna permanece desconhecido, admitindo-se que de forma multifatorial o estado inflamatório crónico comporta-se como um agente promotor no complexo processo da carcinogénese. A transformação maligna inicia-se na pele ou do epitélio da fístula e, se não for tratada, infiltra os tecidos adjacentes, incluindo o osso. A prevalência de transformação maligna na osteomielite crónica varia entre 1,6 e 23%, os ossos mais atingidos são a tíbia e o fémur, e a transformação maligna mais frequentemente encontrada é o carcinoma espino-celular da pele. A presença de dor, cheiro fétido e drenagem aumentadas, bem como o aumento da dimensão ou exofitose de uma massa e a não melhoria após 3 meses de tratamento podem ser sinais de alerta de transformação maligna. O diagnóstico é confirmado com base em biópsias, devendo estas ser efetuadas precocemente em múltiplos locais e profundidades, incluindo úlcera, fístula e osso, de modo a aumentar a precisão diagnóstica e reduzir o número de falsosnegativos. Após diagnóstico de transformação maligna é fundamental estadiar a doença neoplásica e avaliar a presença de metástases à distância. O tratamento cirúrgico definitivo e o mais frequentemente utilizado nestas situações, na medida em que a maior parte dos pacientes têm doença avançada, é a amputação proximal à neoplasia. Está indicada quimio-radioterapia adjuvante na doença metastática e em tumores de alto grau. Em pacientes selecionados sem doença metastática pode-se optar por excisão tumoral alargada com conservação do membro, seguida de cirurgia de reconstrução. O principal fator prognóstico é o estadiamento da doença neoplásica. Na maioria dos casos, os carcinomas espinocelulares em osteomielite crónica são agressivos, têm altos níveis de recidiva local e de metastização. A metastização é precoce, ocorrendo a maioria nos primeiros 18 meses após transformação maligna, e localiza-se principalmente nos gânglios linfáticos. O diagnóstico precoce e tratamento agressivo das transformações malignas das osteomielites crónicas são fundamentais para o prognóstico e resultados finais. O método mais eficaz de prevenção do aparecimento destas lesões malignas é o tratamento adequado e definitivo da osteomielite crónica, com antibioterapia e limpeza cirúrgica. Apresentam-se cinco casos clínicos do serviço, desde a etiologia da sua osteomielite crónica, até à suspeita e diagnóstico da transformação maligna e seu respetivo tratamento, resultados e sobrevivência.
id RCAP_36e4017caa5c1ee2b0a58d3acb4e3203
oai_identifier_str oai:rihuc.huc.min-saude.pt:10400.4/1850
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository_id_str https://opendoar.ac.uk/repository/7160
spelling Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casosOsteomieliteA osteomielite crónica é uma infeção óssea duradoura e persistente provocada por complexas colónias de microorganismos envolvidos numa matriz de proteínas e polissacarídeos, o biofilme, que as protege tanto do sistema imunitário do organismo como da ação dos antibióticos. O não tratamento ou insucesso no tratamento da osteomielite aguda, associados a fatores como lesões importantes dos tecidos moles envolventes, pobre vascularização óssea, compromisso sistémico e microorganismos múltiplos e resistentes, conduzem a um estado de infeção óssea crónica e refratária, cuja atividade inflamatória constante tem como consequências a destruição óssea e pode favorecer o desenvolvimento de neoplasias. A incidência de transformação maligna em osteomielites crónicas é muito reduzida nos países desenvolvidos, no entanto permanece um problema importante nos países com cuidados de saúde mais precários. O mecanismo exato de transformação maligna permanece desconhecido, admitindo-se que de forma multifatorial o estado inflamatório crónico comporta-se como um agente promotor no complexo processo da carcinogénese. A transformação maligna inicia-se na pele ou do epitélio da fístula e, se não for tratada, infiltra os tecidos adjacentes, incluindo o osso. A prevalência de transformação maligna na osteomielite crónica varia entre 1,6 e 23%, os ossos mais atingidos são a tíbia e o fémur, e a transformação maligna mais frequentemente encontrada é o carcinoma espino-celular da pele. A presença de dor, cheiro fétido e drenagem aumentadas, bem como o aumento da dimensão ou exofitose de uma massa e a não melhoria após 3 meses de tratamento podem ser sinais de alerta de transformação maligna. O diagnóstico é confirmado com base em biópsias, devendo estas ser efetuadas precocemente em múltiplos locais e profundidades, incluindo úlcera, fístula e osso, de modo a aumentar a precisão diagnóstica e reduzir o número de falsosnegativos. Após diagnóstico de transformação maligna é fundamental estadiar a doença neoplásica e avaliar a presença de metástases à distância. O tratamento cirúrgico definitivo e o mais frequentemente utilizado nestas situações, na medida em que a maior parte dos pacientes têm doença avançada, é a amputação proximal à neoplasia. Está indicada quimio-radioterapia adjuvante na doença metastática e em tumores de alto grau. Em pacientes selecionados sem doença metastática pode-se optar por excisão tumoral alargada com conservação do membro, seguida de cirurgia de reconstrução. O principal fator prognóstico é o estadiamento da doença neoplásica. Na maioria dos casos, os carcinomas espinocelulares em osteomielite crónica são agressivos, têm altos níveis de recidiva local e de metastização. A metastização é precoce, ocorrendo a maioria nos primeiros 18 meses após transformação maligna, e localiza-se principalmente nos gânglios linfáticos. O diagnóstico precoce e tratamento agressivo das transformações malignas das osteomielites crónicas são fundamentais para o prognóstico e resultados finais. O método mais eficaz de prevenção do aparecimento destas lesões malignas é o tratamento adequado e definitivo da osteomielite crónica, com antibioterapia e limpeza cirúrgica. Apresentam-se cinco casos clínicos do serviço, desde a etiologia da sua osteomielite crónica, até à suspeita e diagnóstico da transformação maligna e seu respetivo tratamento, resultados e sobrevivência.RIHUCMoura, DLFreitas, JGarruço, A2015-11-16T18:30:12Z20152015-01-01T00:00:00Zconference objectinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.4/1850porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiainstacron:RCAAP2025-01-30T03:18:43Zoai:rihuc.huc.min-saude.pt:10400.4/1850Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireinfo@rcaap.ptopendoar:https://opendoar.ac.uk/repository/71602025-05-28T19:42:47.414229Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologiafalse
dc.title.none.fl_str_mv Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
title Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
spellingShingle Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
Moura, DL
Osteomielite
title_short Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
title_full Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
title_fullStr Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
title_full_unstemmed Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
title_sort Transformação maligna da osteomielite crónica - Revisão da literatura e casos
author Moura, DL
author_facet Moura, DL
Freitas, J
Garruço, A
author_role author
author2 Freitas, J
Garruço, A
author2_role author
author
dc.contributor.none.fl_str_mv RIHUC
dc.contributor.author.fl_str_mv Moura, DL
Freitas, J
Garruço, A
dc.subject.por.fl_str_mv Osteomielite
topic Osteomielite
description A osteomielite crónica é uma infeção óssea duradoura e persistente provocada por complexas colónias de microorganismos envolvidos numa matriz de proteínas e polissacarídeos, o biofilme, que as protege tanto do sistema imunitário do organismo como da ação dos antibióticos. O não tratamento ou insucesso no tratamento da osteomielite aguda, associados a fatores como lesões importantes dos tecidos moles envolventes, pobre vascularização óssea, compromisso sistémico e microorganismos múltiplos e resistentes, conduzem a um estado de infeção óssea crónica e refratária, cuja atividade inflamatória constante tem como consequências a destruição óssea e pode favorecer o desenvolvimento de neoplasias. A incidência de transformação maligna em osteomielites crónicas é muito reduzida nos países desenvolvidos, no entanto permanece um problema importante nos países com cuidados de saúde mais precários. O mecanismo exato de transformação maligna permanece desconhecido, admitindo-se que de forma multifatorial o estado inflamatório crónico comporta-se como um agente promotor no complexo processo da carcinogénese. A transformação maligna inicia-se na pele ou do epitélio da fístula e, se não for tratada, infiltra os tecidos adjacentes, incluindo o osso. A prevalência de transformação maligna na osteomielite crónica varia entre 1,6 e 23%, os ossos mais atingidos são a tíbia e o fémur, e a transformação maligna mais frequentemente encontrada é o carcinoma espino-celular da pele. A presença de dor, cheiro fétido e drenagem aumentadas, bem como o aumento da dimensão ou exofitose de uma massa e a não melhoria após 3 meses de tratamento podem ser sinais de alerta de transformação maligna. O diagnóstico é confirmado com base em biópsias, devendo estas ser efetuadas precocemente em múltiplos locais e profundidades, incluindo úlcera, fístula e osso, de modo a aumentar a precisão diagnóstica e reduzir o número de falsosnegativos. Após diagnóstico de transformação maligna é fundamental estadiar a doença neoplásica e avaliar a presença de metástases à distância. O tratamento cirúrgico definitivo e o mais frequentemente utilizado nestas situações, na medida em que a maior parte dos pacientes têm doença avançada, é a amputação proximal à neoplasia. Está indicada quimio-radioterapia adjuvante na doença metastática e em tumores de alto grau. Em pacientes selecionados sem doença metastática pode-se optar por excisão tumoral alargada com conservação do membro, seguida de cirurgia de reconstrução. O principal fator prognóstico é o estadiamento da doença neoplásica. Na maioria dos casos, os carcinomas espinocelulares em osteomielite crónica são agressivos, têm altos níveis de recidiva local e de metastização. A metastização é precoce, ocorrendo a maioria nos primeiros 18 meses após transformação maligna, e localiza-se principalmente nos gânglios linfáticos. O diagnóstico precoce e tratamento agressivo das transformações malignas das osteomielites crónicas são fundamentais para o prognóstico e resultados finais. O método mais eficaz de prevenção do aparecimento destas lesões malignas é o tratamento adequado e definitivo da osteomielite crónica, com antibioterapia e limpeza cirúrgica. Apresentam-se cinco casos clínicos do serviço, desde a etiologia da sua osteomielite crónica, até à suspeita e diagnóstico da transformação maligna e seu respetivo tratamento, resultados e sobrevivência.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-11-16T18:30:12Z
2015
2015-01-01T00:00:00Z
dc.type.driver.fl_str_mv conference object
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.4/1850
url http://hdl.handle.net/10400.4/1850
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
instname:FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron:RCAAP
instname_str FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
collection Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP)
repository.name.fl_str_mv Repositórios Científicos de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP) - FCCN, serviços digitais da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
repository.mail.fl_str_mv info@rcaap.pt
_version_ 1833598275226173440