Lesão pulmonar associada ao uso do cigarro eletrônico (EVALI)

Bibliographic Details
Main Author: Correa, Elisa Regina Tomborelli
Publication Date: 2023
Other Authors: Malaquias, Isabelle Proença, Rodrigues, Giovana Hernandes Correia, Francio, Beatriz, Cenedese, Ericki Augusto, Naoum, Charbel Bachir Abou, Botelho, Clovis, Nogueira, Paulo Luiz Batista
Format: Article
Language: por
Source: Brazilian Journal of Health Review
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Summary: Introdução: Os dispositivos eletrônicos para fumar são comercializados há anos, e apesar de parecerem oferecer menos riscos à saúde do que os cigarros tradicionais, ainda podem causar dependência de nicotina e/ou danos às células pulmonares devido aos aditivos inalatórios, além de terem potencial carcinogênico. Infelizmente, o uso desses dispositivos tem sido associado a uma nova patologia conhecida como lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou EVALI (E-cigarette, or vaping, product use–associated lung injury). Objetivo: Este estudo tem como objetivo revisar os mecanismos fisiopatológicos, aspectos clínicos, diagnósticos e tratamento da EVALI. Método: Revisão de literatura narrativa não sistemática com pesquisa na base de dados eletrônicos da Biblioteca Virtual em Saúde, com os seguintes descritores: “EVALI”, “vaping” e “sistemas eletrônicos de liberação de nicotina”. Foram incluídos artigos publicados entre o período de 2019 a 2022, em língua inglesa e de acesso gratuito, respeitando os critérios de inclusão e exclusão. Resultados e Discussão: A fisiopatologia do EVALI ainda permanece incerta, porém postula-se que o Acetato de Vitamina E e metais pesados podem ter ligação direto com as lesões pulmonares, vistos em lavados bronco-alveolares. Além disso, a temperatura utilizada para a combustão das substâncias químicas associada à disseminação pulmonar de aditivos desconhecidos e aromatizantes artificiais, podem perturbar ainda mais o epitélio alveolar, iniciando uma cascata inflamatória. Os sintomas mais predominantes da EVALI são os respiratórios, como tosse, dispneia e dor torácica; sintomas gastrointestinais como vômitos, diarreia e dor abdominal; e sistêmicos como febre, astenia e calafrios. Com relação ao exame físico, foi encontrado taquicardia, taquipneia, hipotensão, febre e baixos valores de saturação de oxigênio. A respeito dos exames de imagem, foram observadas alterações em radiografias e tomografias computadorizadas, sendo mais comum opacidades difusas bilateralmente e opacidades em vidro fosco bilaterais, respectivamente. Sobre os exames laboratoriais, a principal característica das alterações foi o aumento de marcadores inflamatórios. Quanto à broncoscopia, foi encontrada principalmente uma forma obliterante com pneumonia em organização. Acerca do tratamento da EVALI, os estudos preconizam suporte e tratamento empírico, sobretudo mudanças de estilo de vida como a cessação do tabagismo, porém caso o paciente encontra-se com níveis inferiores a 95% de saturação de oxigênio aliado com desconforto respiratório ou presença de comorbidades, recomenda-se internação hospitalar associada à ventilação e prescrição de corticoides, sendo que antibióticos e antirretrovirais somente usados em caso de infecção secundária. Conclusão: Por mais que o mecanismo fisiopatológico ainda permaneça incerto, é robusta a associação das lesões pulmonares e irritação de epitélio alveolar causados pelo Acetato de Vitamina E, metais pesados, aromatizantes artificiais, aditivos desconhecidos e alta temperatura de combustão das substâncias químicas. O quadro clínico e alterações em exames de imagem e laboratoriais da EVALI são variáveis, mas predomina-se as alterações em aparelho pulmonar e aumento dos valores de provas inflamatórias. Quanto ao tratamento, baseia-se sobretudo na cessação do tabagismo e assistência hospitalar ao paciente grave. Diante do exposto, fica claro a importância da comunidade cientifica em aumentar as pesquisas a respeito da EVALI para melhorar o prognóstico dos pacientes acometidos pela doença.
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