Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Cerqueira, Larissa Vieira de |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-24032025-100054/
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Resumo: |
A luta histórica em prol dos direitos da mulher tem o 8 de março como marco em países tanto do Ocidente, quanto do Oriente. Tratar da questão da mulher é um tema de política pública. A busca pela eliminação das variadas formas de desigualdade e de violência de gênero passa necessariamente pelo discurso político. O objetivo desta dissertação é discutir o posicionamento ideológico em torno da mulher e o tratamento dirigido a esse grupo no 8 de março. O enfoque dos enunciados concretos contempla três momentos sócio-históricos: o pronunciamento da ex-presidenta Dilma Rousseff (2014) em rede nacional de rádio e televisão e os discursos dos ex-presidentes Michel Temer (2017) e Jair Bolsonaro (2022) em cerimônia pública. O corpus selecionado seguiu três critérios: i) temporal: 2014 é ano de eleições, em que uma crise econômica começava no país, ao final do primeiro mandato de Dilma, a única mulher a ser presidenta do Brasil. 2017 é ano em que Temer estava recém-empossado da presidência após o impeachment de Dilma deflagrado pelo Congresso Nacional. 2022 é o ano em que Bolsonaro profere um discurso às mulheres, quando esse público o rejeita (como afirmaram as pesquisas eleitorais), devido à constante violência verbal com que se dirige a elas. ii) Espacial: discursos presidenciais proferidos no Palácio da Alvorada ou no Palácio do Planalto, sede do Governo Federal em Brasília. iii) Posicionamentos sócio-políticos: a ex-presidenta e os ex-presidentes assumem posicionamentos partidários distintos. A análise fundamenta-se em base teórico-metodológica dos conceitos bakhtinianos: i) enunciado concreto; ii) gêneros do discurso; iii) ideologia; iv) verbo-visualidade; v) discurso alheio; vi) heterodiscurso. O pronunciamento de Dilma e o discurso de Temer e de Bolsonaro se diferenciam em construção ideológica evidenciada no discurso alheio e na verbo-visualidade. Três resultados se destacam: i) Dilma Rousseff fala para a câmera, suas interlocutoras são \"especialmente\" as mulheres, as \"queridas brasileiras\", enquanto Temer saúda \"indistintamente a todos\" que estão na cerimônia e Bolsonaro fala para os \"senhores militares\" presentes; ii) Dilma aborda políticas públicas para a ascensão social da mulher de periferia, por meio de sua formação e profissionalização, de modo que ganhe independência financeira e saia do ciclo da violência doméstica; já tanto Temer, quanto Bolsonaro relacionam a mulher com ser mãe, esposa e dona de casa. Temer assume um posicionamento ideológico sexista ao atribuir as responsabilidades do cuidado somente à mulher e não ao homem, como fazer compras no supermercado e educar os filhos; Bolsonaro assume um posicionamento machista ao defender a mulher como submissa ao homem e auxiliadora dele, ou auxiliada por ele; iii) o uso do terninho na cor azul claro representa serenidade, traduzindo o tom da ex-presidenta Dilma diante da crise econômica: passar tranquilidade para as brasileiras, encorajando sua ascensão social. No discurso do ex-presidente Temer, o azul no cenário e no vestido da Primeira-Dama recupera o logotipo do governo. Quanto ao ex-presidente Bolsonaro, o uso da cor rosa no cenário, na sua gravata e na roupa das mulheres em seu redor retoma o posicionamento contrário à \"ideologia de gênero\" e a favor de uma única possibilidade de ser mulher: cisgênero, heterossexual, mãe, esposa |