A arte de acumular na gestação da economia cafeeira: formas de enriquecimento no Vale do Paraíba paulista durante o século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1998
Autor(a) principal: Marcondes, Renato Leite
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12138/tde-26112008-155949/
Resumo: Ao longo do século XIX ocorreu um expressivo crescimento econômico e demográfico no vale do Paraíba. A expansão da cafeicultura teve um papel fundamental neste fato, pois abriu novas oportunidades aos moradores da região e aos oriundos de fora. Neste contexto, procuramos entender essas transformações e as formas de acumulação dos indivíduos que viveram nesta economia. Selecionamos para estudo a localidade de Lorena (SP) nessa época. Inicialmente a expansão da cana-de-açúcar marcou a economia da região durante o final do século XVIII e início do XIX. Posteriormente, o plantio da rubiácea figurou como a principal atividade dos habitantes. As fontes documentais utilizadas consistiram basicamente nas listas nominativas de habitantes e dos inventários. Na primeira parte da tese apresentamos um panorama geral da localidade como um todo em seus aspectos demográficos e econômicos de 1778 a 1829, destacando três contingentes: os escravistas, seus escravos e os chefes de domicílio não-proprietários de cativos. Na outra parte centramos a análise numa amostra dos moradores em 1829, para os quais localizamos os seus inventários. A partir destes 187 indivíduos selecionados realizamos a discussão do acúmulo de escravos entre os dois momentos (1829 e o período dos inventários 1830/79). Alguns condicionantes mostraram-se importantes, como, por exemplo, a atividade desenvolvida, a propriedade de terras e as idades dessas pessoas. A mobilidade entre as diferentes faixas de tamanho de plantéis revelou-se maior para os pequenos escravistas. Além da propriedade escrava, pudemos estudar o conjunto da riqueza inventariada das pessoas da amostra: os cafeicultores, lojistas de fazenda seca, usurários e produtores de derivados de cana mantinham a quase totalidade da riqueza, inclusive dos escravos. O procedimento de acompanhar os indivíduos no tempo permitiu o exame das mudanças de suas ocupações. A continuidade da cafeicultura garantiu um patrimônio médio superior ao dos que abandonaram esta atividade. Entretanto, um número significativo de pessoas da amostra passou a atuar na faina canavieira, em alguns casos abandonando até a produção de café. Os fornecedores locais de crédito tiveram um papel atuante na expansão da cafeicultura e alcançaram as maiores fortunas. Não encontramos evidências de relações de dependência financeira entre a região e a praça do Rio de Janeiro. Assim, a economia cafeeira possibilitou a continuidade de atividades pretéritas moldadas à nova realidade e à abertura de novas opções de inversão especialmente para os detentores de grandes recursos. Estes últimos mantiveram-se no topo da hierarquia econômica da região ao longo do tempo.