Formação docente em avaliação educacional: lacunas, consequências e desafios

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Freitas, Pâmela Felix
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-28092020-143159/
Resumo: Com base em revisão de literatura, nacional e internacional, e em pesquisas empíricas, constatamos que a avaliação é uma das características marcantes do trabalho docente, sobretudo, por fomentar a decisão de aprovar ou reprovar os alunos ao final do ano letivo. Contudo, essa temática praticamente não aparece na formação de professores, tanto inicial, quanto em serviço. Assim, o professor se torna um avaliador profissional mesmo sem a preparação necessária, fator que ganha contornos adicionais com a disseminação de avaliações da aprendizagem externas, que também exigem uma série de conhecimentos específicos, tanto para seu entendimento quanto para a potencial utilização de seus resultados na prática pedagógica, ensejando um paradoxo docente. Diante disso, o objetivo geral desta Tese é problematizar as consequências das lacunas de formação em avaliação educacional na avaliação da aprendizagem desenvolvida pelos docentes. Para tanto, utilizamos uma metodologia mista de pesquisa. Na abordagem qualitativa, realizamos levantamento bibliográfico sobre o tema e análise documental de referenciais nacionais e internacionais de atuação docente. Na abordagem quantitativa, tabulamos e analisamos as respostas a questionários aplicados a 1.083 professores da Rede Municipal de Ensino de São Paulo (RME-SP), de todas as Diretorias Regionais de Educação (DRE). Os dados foram tratados estatisticamente por meio do software SPSS com o uso do teste do qui-quadrado. Concluímos que as lacunas formativas impedem processos de avaliação mais consistentes, especialmente a respeito do estabelecimento de critérios de avaliação, o que pode comprometer a avaliação em si mesma, tornando-a demasiadamente subjetiva e impedindo que ela se concentre na aprendizagem dos alunos, como um de seus objetos principais. Nossa pesquisa encontrou relação estatisticamente significativa entre lacunas de formação do professor em avaliação e (i) a escolha de critérios de avaliação subjetivos; (ii) a concepção de avaliação tradicional classificatória; (iii) o pouco conhecimento sobre avaliações externas; (iv) as demandas formativas em temas ligados à avaliação, interna ou externa; e (v) a crença na reprovação como algo positivo para melhorar a aprendizagem do aluno, a despeito de um amplo conjunto de pesquisas que apontam em sentido contrário. A esses fatores, se soma a constatação de que a avaliação realizada pelos docentes é desprovida de interpretação pedagógica para apoio ao processo de ensino. Com efeito, a hipótese de que a lacuna formativa em avaliação educacional na formação docente pode gerar consequências relacionadas ao domínio dos professores sobre a avaliação da aprendizagem e às práticas avaliativas que eles mesmos organizam e conduzem foi confirmada. O aperfeiçoamento da avaliação da aprendizagem é uma condição necessária, ainda que não suficiente, notadamente, se queremos que todos os alunos avancem e que as diferenças entre eles desapareçam ou sejam reduzidas. Essa é uma condição incontornável para que os professores conheçam o que seus alunos sabem e façam disso um ponto de apoio sólido para organizar o ensino numa perspectiva inclusiva e de sucesso para todos.