A natureza nos caminhos da ayahuasca: territorialidade, arranjos institucionais e aspectos fitogeográficos de conservação florestal na Amazônia (Rondônia/Brasil)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Thevenin, Julien Marius Reis [UNESP]
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/11449/150410
Resumo: A relação que os grupos sociais estabelecem com a natureza está permeada pelos sistemas de representações e ideias, principalmente, os religiosos e filosóficos. Contudo a trajetória percorrida pela sociedade urbano industrial, baseada no lucro, tem conduzido a sérios problemas ambientais, dentre eles o desflorestamento da Amazônia. É na busca por relações que atribuam valores não econômicos à natureza que se inicia esta tese, desse modo, analisamos aqui a formação dos territórios religiosos de organizações que utilizam o chá Ayahuasca em seus rituais, no estado de Rondônia – BR, com enfoque na interação homem-natureza. Também conhecidas como religiões da floresta, pois surgiram nas primeiras décadas do século XX, em meio à floresta Amazônica, essas religiões foram fundadas por seringueiros nas suas três vertentes originais: Santo Daime; Barquinha; e UDV. A pesquisa sobre esses arranjos institucionais apresentou resultados que indicaram relações de êxito na conservação florestal associados a um processo crescente de ressacralização da natureza. A expansão territorial ayahuasqueira está relacionada ao crescimento e manutenção de áreas florestadas associadas aos plantios das espécies Banisteriopsis caapi e Psychotria viridis, que compõe o chá Ayahuasca, em sistemas agroflorestais e com predomínio da agricultura orgânica. Nas 24 propriedades rurais mapeadas, a partir de classificação orientada a objeto e imagens de alta resolução espacial, 96,6% de todo o território permanece com cobertura arbórea em estágio inicial, intermediário a avançado de sucessão, sendo que na maioria dos casos as taxas de cobertura foram superiores às exigidas para Reserva Legal. Na paisagem, muitas dessas propriedades se destacam como verdadeiras ilhas de floresta em meio a extensas áreas desmatadas para pastagens. Os parâmetros fitossociológicos estiveram, na maioria das propriedades, dentro da normalidade, para as regiões fitoecológicas em que se encontram inseridas, exceto em algumas propriedades suscetíveis a fortes efeitos de borda. O crescimento desses territórios também mostrou estar associado a práticas de reflorestamento (seja para recuperação de áreas degradadas ou no adensamento florestal), com a presença de espécies ameaçadas de extinção em 67,9 %, do total de 53 propriedades analisadas (entre urbanas e rurais), e ao respeito e zelo pela Natureza com a valorização de seus aspectos espirituais.