Cultura Cigana e Formação Docente: (in) visibilidade dos povos ciganos e diálogos possíveis nos currículos escolares.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: LIMA, Sabrina de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://saberaberto.uneb.br/handle/20.500.11896/833
Resumo: Esta pesquisa teve como finalidade compreender as características da cultura cigana, em especial do grupo Calon, buscando formas de inserção nos currículos escolares de Jacobina, com o propósito de possibilitar uma maior aceitação dessa cultura no ensino básico considerando a lacuna existente nos currículos das escolas públicas desse município sobre a história destes povos. Portanto, nesta pesquisa buscou-se criar ambientes de discussões e debates sobre a cultura, tradição oral e memória dos ciganos Calon nas escolas públicas de Jacobina: Núbia M. Mangabeira Guerra e CEEP Felicidade de Jesus Magalhães. Sendo assim, a pretensão da pesquisa através da intervenção é de contribuir para a construção de uma visão que possibilite o respeito a esses povos tão invisibilizados no âmbito escolar e de um currículo pautado na diversidade. Percebe-se que a desconsideração, o desrespeito e os estereótipos persistem em virtude da falta de conhecimento da sociedade não cigana com relação aos afazeres, valores, normas e comportamentos deste grupo étnico. A abordagem teórica deste trabalho está ancorada nos estudos de HALL (1997), WILLIAMS (1979), GEERTZ (1989), SANTOS (1994), CANDAU (2010), CANEN e XAVIER (2011), RIOS (2015), ARROYO (2011), SILVA e MOREIRA (1995), SACRISTÁN (2000), MOONEM (2011), TEIXEIRA (2008), entre outros. A pesquisa está pautada numa abordagem qualitativa e exploratória, pois permitiu abranger os processos do cotidiano, requerendo a apreensão da cultura cigana com ênfase em seus símbolos e significados bem como na narrativa das histórias de vida desses sujeitos detentores de direitos e dos docentes, retratando suas experiências, trajetórias e memórias. O pressuposto filosófico baseia-se na perspectiva crítico-dialética, que ancora-se no materialismo histórico, optamos pelo método dialético por esse permitir uma reflexão em função da ação para transformar. O paradigma interpretativo foi adotado para análise detalhada da realidade social. Sobressaíram-se como dispositivos de pesquisa: observações, entrevistas, diário de campo e oficinas formativas. A partir desses instrumentos de construção de dados, percebeu-se o desconhecimento dos docentes sobre a legislação brasileira no que se refere a comunidades tradicionais e a educação de povos em situação de itinerância; inexistência do currículo escolar na rede municipal de ensino; ordenamento curricular tendencioso à homogeneização cultural na rede púbica estadual; ausência de políticas públicas direcionadas para atender aos cidadãos Calon, bem como a falta incentivo pedagógico e financeiro quanto ao trabalho com a diversidade cultural nas escolas. Dada a sua dimensão, os resultados dessa pesquisa apontaram que o poder público precisa rever seus parâmetros, refletir a respeito de suas contribuições quanto à resolução de problemas sociais e educacionais relacionados às comunidades ciganas e, com urgência disponibilizar aos docentes cursos de formação que não sejam fragmentados. Reflexões e ações interventivas na escola sobre a discriminação com os povos ciganos e a desconstrução de conceitos equivocados acerca de determinados grupos étnicos, são importantes para a construção de uma atitude politizada, inclusiva e menos preconceituosa a respeito dos ciganos em Jacobina.