Cosmopercepção iorubá e promoção da resiliência axé na trans-formação humana em crianças do ilê axé orixalá talabi

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: FILIZOLA, Gustavo Jaime
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Educacao
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/56803
Resumo: A sociedade brasileira é marcada por várias formas de racismos, entre elas, o racismo religioso que recai nas práticas espirituais das comunidades de religiões de matriz africana, afro-brasileiras e indígenas e, em especial, nas crianças de axé no seu convívio com a escola. A resiliência axé não é um manual de adaptação mercadológica ou prontuário de autoajuda com suas receitas prontas e universais em busca da felicidade utilitarista e individual. Apresentei a resiliência axé, a partir das práticas espirituais vivenciadas com crianças e realizadas em um terreiro de candomblé de tradição Nagô situado na cidade do Paulista, estado de Pernambuco, Brasil. Para as amarrações epistemológicas, metodológicas, ontológicas e espirituais foram convidados humanos e extra-humanos: o grupo pesquisador, o pesquisador, orixás, antepassados, encantados e encantadas (seres espirituais), florestas, águas, pedras, etc., para integrar esta pesquisa. Busquei compreender como os elementos da cosmopercepção iorubá favorecem a promoção da resiliência axé nos processos de trans-formação humana de crianças do Ilê Axé Orixalá Talabi. Especificamente, busquei mapear aspectos centrais da cosmopercepção iorubá que favorecessem essa promoção apresentando suas contribuições para os processos da trans-formação humana, investiguei as adversidades vivenciadas, as estratégias e os recursos utilizados pelas crianças do terreiro no enfrentamento do racismo religioso na escola contribuindo para a promoção da resiliência axé e analisei as práticas de proteção intergeracional promovidas pelo Ilê Axé Orixalá Talabi para uma reconceitualização da resiliência, a partir da cosmopercepção iorubá, a fim de reconfigurar os processos de trans-formação humana. A pesquisa foi teórico-empírica com abordagem qualitativa participativa de(s)colonial, tendo como método inspirador a Sociopoética. A cocriação de dados incluiu a observação participante, oficinas sociopoéticas e entrevistas semiestruturadas. Dez coparticipantes foram escolhidos/as para compor o grupo-pesquisador, considerando a força das narrativas e das experiências vividas por eles e elas, em especial, as crianças que se tornaram resistentes a novas formas de colonialidade e que, sendo transgressivas/insurgentes ao projeto de ordem colonial, por meio da resiliência axé, falaram sobre suas estratégias de sustentação de suas dignidades existenciais. A análise dos dados cocriados foi realizada com base nos conhecimentos sobre resiliência, saberes da tradição iorubá e afro-diaspórico do próprio terreiro, tomei ainda como lente de análise os estudos de(s)coloniais do grupo modernidade/colonialidade. Os resultados indicaram que a resiliência axé participativa de(s)colonial não deve ser entendida como um fenômeno simplesmente psicológico, separada dos aspectos socioculturais, mas como expressão do exercício espiritual/transpessoal de(s)colonizador que emerge essencialmente da participação cocriativa humana que integra a multidimensionalidade e a integralidade com os seres humanos e extra-humanos, a partir dos aspectos centrais da cosmopercepção iorubá como: ancestralidade, oralidade, corporalidade e princípios comunitários. Foram apresentadas as adversidades vivenciadas, as estratégias e os recursos utilizados pelas crianças do Ilê Axé Orixalá Talabi no enfrentamento do racismo religioso na escola e as práticas de proteção intergeracional promovidas pelo Ilê Axé Orixalá Talabi que possibilitaram uma reconceitualização da resiliência e reconfiguração dos processos de trans-formação humana.